O Ragnarok chegou, pois o destino é implacável. Sim... o destino sempre chega, o que não significa que você não é capaz de moldar sua própria jornada. Entre profecias, destino e dever, God of War Ragnarok é uma jornada intimista, emocionante, e extremamente poderosa, que fala sobre desafiar o destino e fazer seu próprio futuro. Se em 2018 a Santa Monica iniciou uma nova etapa para Kratos, o novo título não serve apenas para encerrar a breve passagem da franquia pela mitologia nórdica, mas também é uma ótima maneira de coroar uma história que começou a ser contada no PS2.

Aqui temos um presente para Kratos, e seus fãs, após tantos anos de batalhas, vitórias e derrotas. Se o destino é implacável, Ragnarok também é ao atingir o público em cheio, pegando na alma, com a genialidade de uma narrativa extremamente competente. O título lançado para PlayStation não é um jogo, é um evento. Um evento dos bons, daqueles que você nunca mais esquecerá. Kratos é, de fato, o nome da marca, e agora Atreus também se consolida como um dos personagens mais marcantes do final de uma geração e começo de outra.

Sobre destino e profecia

Imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net
Imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net

Se o jogo lançado em 2018 já fala sobre destino e profecia, God of War Ragnarok abraça de vez tudo o que foi revelado no final do título anterior e entrega uma jornada que se apoia na seguinte pergunta: É possível fazer o próprio futuro? Kratos e Atreus convivem com a dúvida, enquanto se preparam para o maior desafio de suas vidas. Com sangue derramado sobre a neve, Kratos entende que o que foi feito não pode ser perdoado. Uma aliada se tornou uma inimiga, deuses poderosos certamente estão furiosos com suas ações e o fim dos tempos se aproxima. Na floresta de Faye, Kratos e Atreus vivem como pai e filho muito mais próximos, mas ainda um pouco mais distantes do que gostariam de fato.

Um Atreus mais maduro e melhor treinador anseia por entender seu lugar no mundo, compreender seu destino. Quer aceitar o chamado da aventura, pois acredita que nasceu para fazer parte de algo maior. Já Kratos não deseja o filho envolvido em uma guerra que não deve ser sua. Unidos, mas distantes, pai e filho encaram a situação com opiniões diferentes, e certo conflito é presente em boa parte do jogo. Kratos pode até não gostar, mas Atreus nasceu para buscar a grandeza... é destino. Não que o destino não possa ser alterado, mas é fácil entendê-lo com os sinais. O garoto não recusaria o chamado, pois quem nasceu para tamanha missão não consegue dar as costas para o dever.

E God of War Ragnarok deixa evidente, desde sua primeira hora, que Kratos e Atreus não conseguirão ficar afastados dos acontecimentos grandiosos que insistem em aparecer pelo caminho. Poderoso, imponente e avassalador, o início do jogo estabelece níveis épicos para a incrível jornada sobre destino e profecia. Não demora muito para que a régua seja jogada lá pra cima... e para manter isso? A Santa Monica responde a pergunta entregando sua obra de arte absoluta. O nível não cai.

Uma narrativa poderosa

Imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net
Imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net

God of War Ragnarok entrega na narrativa um de seus principais acertos, e olha que acertos não faltam por aqui. Um título que emociona, empolga, surpreende e arranca diversas outras reações e sentimentos com apenas uma hora de gameplay já mostra desde o começo do que é capaz, mas o importante mesmo é que a narrativa nunca deixa a qualidade cair... os sentimentos continuam, nunca param, e acompanham o jogador até o fim da jornada. Não há tempo para sentir tédio, não há tempo para cansar.

Ragnarok é uma carta de amor aos fãs e uma homenagem para o personagem que marcou gerações. Kratos encontra aqui o ápice de seu desenvolvimento, com a narrativa concluindo o que foi iniciado em 2018. Atreus é tão bem escrito quanto o pai, e ganha força com uma narrativa que o estabelece como um dos principais personagens da marca PlayStation. O menino de 2018 deu espaço para um jovem amadurecido, que tem noção maior do que pode representar e se mostra preocupado com aqueles em sua volta. Um personagem cativante e carismático, que facilmente conquista até mesmo os que torciam o nariz no jogo anterior.

E se God of War Ragnarok brilha ao desenvolver seus protagonistas, a qualidade da narrativa também se expande para os outros personagens da trama. Nomes de 2018 ganham ainda mais importância, e novos rostos se mostram trabalhados com o mesmo cuidado. O resultado de tantos personagens tão bem desenvolvidos e escritos é uma jornada extremamente poderosa e marcante, que facilmente faz com que o jogador crie vínculos com a trama. A jornada atinge o coração, penetra a alma, envolve e cativa. Sabe aquelas histórias que te arrancam lágrimas? Pois então, é uma delas.

Gameplay de alto nível

Muitos dirão que de nada adiantaria uma excelente narrativa sem um gameplay de qualidade. Acredito que a narrativa aqui é tão boa que ela sustentaria até mesmo um título fraco em outros aspectos, mas felizmente não é o caso de Ragnarok.

Enquanto muito se falou sobre o título ser um "DLC" do jogo lançado em 2018 -o que não faz sentido nenhum -, a Santa Monica expandiu todos os acertos do jogo anterior e ainda trouxe inovações que tornam a jogabilidade aqui muito mais completa e prazerosa. Com o Leviathan e as Lâminas do Caos, Kratos é destruidor e impiedoso, enquanto a essência do combate é a mesma, mas novidades, como os escudos e suas possibilidades, servem para dar um toque a mais naquilo que já era bom. As possibilidades de build são muitas, e tem impacto direto no gameplay, o que torna o combate mais variado e interessante como um todo. Além disso, algumas inovações estão diretamente ligadas a narrativa e por isso não debateremos sobre isso aqui, mas me limitarei a dizer que isso traz ao jogo novidades muito interessantes.

Imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net
Imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net

E falando em combate, eu não poderia deixar de dizer que Ragnarok consegue corrigir uma dos problemas vistos em 2018. Aqui, a variedade de inimigos é muito satisfatória. São muitos os oponentes que aparecem no caminho de Kratos e Atreus, e o jogo passa longe da repetição de inimigos que é vista no título anterior.

Com um combate brutal, que pode empolgar fãs novos e antigos de Kratos, God of War Ragnarok ainda entrega uma excelente exploração, muito robusta e extremamente convidativa. Com puzzles de cenários que são interessantes, Kratos deve utilizar tanto o machado Leviatã quanto suas lâminas para ser capaz de avançar, com o jogo apresentando quebra-cabeças que se mostram bem elaborados, eficientes e divertidos. Falando nas lâminas, elas também dão ao jogo mais verticalidade, o que é muito bem-vindo e torna a exploração mais prazerosa e fluida.

Conteúdo cativante

Imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net
Imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net

God of War Ragnarok também brilha ao entregar um conteúdo extremamente cativante, seja na sua trama principal ou nos objetivos secundários. Explorar os nove reinos sempre oferece a excelente sensação de recompensa, seja pela diversão, pelos desafios encontrados ou pelos prêmios que sua curiosidade pode oferecer, como itens poderosos para upar.

Tudo se torna ainda mais interessante quando você percebe a excelente interação de personagens, que sempre tem algo para falar e nunca deixam a jornada parecer monótona ou pouco interessante. Há sempre algo para fazer ou descobrir, e os excelentes cenários dão um gosto ainda melhor.

Além disso, o endgame também é excelente e passa a sensação real de que o jogador continua naquela jornada, e não está apenas completando o que ficou para trás, mas não me aprofundarei mais nisso para evitar spoilers.

O veredito

God of War Ragnarok é uma obra de arte. Uma aula de level design. Um jogo com uma narrativa memorável, um combate excelente e um apelo dramático extremamente poderoso. A Santa Monica mostrou saber exatamente o que devia fazer com o que tinha em mãos, aprimorando os acertos anteriores e apresentando novas decisões que funcionam perfeitamente.

Ragnarok está em um nível muito acima do que estamos acostumados. Existem jogos ruins, bons, muito bons... existem até mesmo jogos ótimos. Mas, devo dizer, também existem aqueles jogos que estão em um patamar diferenciado. Algo fora do normal. God of War Ragnarok é um destes jogos.

God of War: Ragnarök
10.0
Prós
  • Narrativa memorável
  • Excelente combate aprimorado
  • Ótima variedade de inimigos
  • Exploração cativante
Contras
  • Não há