The Quarry é um jogo feito especialmente para os fãs de grandes clássicos do horror, mais especificamente dos filmes lançados entre as décadas de 80 e 90. O que encontramos aqui é um terror adolescente que se permite seguir os principais elementos do gênero, inclusive abraçando um clichê muitas vezes exagerado, mas que acaba funcionando em boa parte do tempo.

Se você é um apaixonado por terror, mais ainda se você é apaixonado pelo horror slasher, The Quarry pode ter o suficiente para te prender, entregando uma jornada que sabe a que gênero pertence e o que deve entregar ao aceitar sua realidade.

Um horror adolescente muito interessante (Imagem: Oficina da Net/Gregory Felipe)
Um horror adolescente muito interessante (Imagem: Oficina da Net/Gregory Felipe)

Começo bastante arrastado

O importante em The Quarry é conseguir passar pelas primeiras duas horas do jogo, pois essas certamente são as mais arrastadas. Por escolher ser um horror adolescente, o novo título da Supermassive carrega consigo todos os prós e contras que o gênero pode oferecer, e sendo assim corre o risco de afastar logo de início aqueles que não se sentem atraídos por obras nesse estilo.

Particularmente, encarei o início de The Quarry como algo extremamente desanimador e cansativo, sendo um dos grandes problemas do jogo. Enquanto em filmes tudo se resolve mais rápido, afinal a duração é bem menor, em um jogo certos elementos de um horror adolescente podem se tornar muito mais complicados pois aparecem por mais tempo na tela.

Conversas bobas, diálogos de dar vergonha alheia e personagens estereotipados protagonizando momentos ainda mais vergonhosos e bobos são características fortes de The Quarry, o que é compreensível devido ao gênero. Não é raro encontrar tais elementos no horror adolescente. O grande problema é que 2 horas dedicadas a praticamente isso se mostram muito difíceis de encarar e podem acabar com o interesse do jogador. Mas, felizmente, caso você ultrapasse essa barreira a diversão começa de fato.

A trama sabe prender o jogador

Algo muito interessante sobre The Quarry é a maneira como o jogo consegue tornar-se interessante de uma hora para outra. Enquanto em suas duas primeiras horas o título entrega um pouco de mistério, mas não se afasta de oferecer tédio ao jogador, em determinado momento tudo muda e a trama passa a prender bastante.

Particularmente, me senti bastante surpreendido quando entendi sobre o que The Quarry é de fato e sobre quais caminhos escolhe seguir, com muitos elementos da trama sendo bastante diferentes do que imaginei. Um dos trunfos do jogo é saber utilizar seus personagens estereotipados no momento em que o horror é liberado por completo. Abraçando-se no seu gênero, assim conquistando a liberdade para entregar estereótipos, o jogo sabe fazer com que o jogador se envolva com a trama e tente fazer o possível para manter os personagens vivos no final da jornada.

A trama passa a prender o jogador em determinado momento (Imagem: Oficina da Net/Gregory Felipe)
A trama passa a prender o jogador em determinado momento (Imagem: Oficina da Net/Gregory Felipe)

Outro dos pontos muito positivos é o fato do título saber desvendar seus próprios mistérios de maneira dinâmica, prendendo a atenção do jogador. O enredo de The Quarry se mostra bastante intrigante e aos poucos se revela de maneira satisfatória, com o jogador tendo controle direto na busca por mais respostas. Tornando tudo ainda melhor, alguns personagens aqui são realmente bem escritos e suas motivações podem surpreender o jogador.

É muito interessante entender o que se passa em Hacket's Quarry, compreendendo de fato o que a trama oferece e quais são os seus segredos. Um enredo de horror adolescente muito bem trabalhado, se aproveitando de tudo que o gênero tem para oferecer.

Deixa a desejar na urgência do horror no gameplay

Enquanto se mostra bastante imersivo e sabe entregar um clima de tensão tanto em momentos da câmera em terceira pessoa quanto nos momentos de câmera fixa, The Quarry por vezes também parece ter a necessidade de oferecer mais a urgência do horror ao jogador.

Os quick-time events aparecem em muitos momentos do jogo, e podem ser decisivos para o que acontecerá com os personagens, porém são bastante fáceis de acertar. O tempo oferecido nesses momentos é demasiadamente longo, o que tira boa parte do desafio para fazer com que os personagens realizem os movimentos certos enquanto lutam por suas vidas.

A jogabilidade poderia ofereceria mais tensão (Imagem: Oficina da Net/Gregory Felipe)
A jogabilidade poderia ofereceria mais tensão (Imagem: Oficina da Net/Gregory Felipe)

Além disso, a mecânica de prender a respiração, que também aparece em muitos momentos dependendo de suas escolhas, é muito amiga do jogador. Não há quase nenhum desafio nesses momentos. Basta segurar um botão e soltá-lo um tempo depois. Embora essas cenas se mostrem bastante tensas quando o jogador está envolvido com a trama, o desafio em si é praticamente inexistente.

Porém, também contamos com o acerto da jogabilidade em momentos com armas. O jogador precisa mirar corretamente e efetuar o disparo no alvo, enquanto o tempo aqui já não se mostra tão longo e a agilidade é mais exigida. Inclusive, devo confessar que falhei em um momento decisivo e sofri com as consequências pesadas.

Você decide quem vive e quem morre

Como em Until Dawn, uma das características mais interessantes de The Quarry é que você realmente decide quem vive e quem morre. São 186 finais disponíveis, e cada um deles conta com pequenas ou grandes mudanças.

Em The Quarry, apesar do gameplay ser bastante linear como todo jogo do gênero, a liberdade que o jogador tem para definir a trama é bastante satisfatória. Além dos principais momentos, como acertar ou errar um tiro em uma situação de vida ou morte, existem diversas escolhas que podem causar mudanças drásticas na trama, incluindo escolhas mínimas. São muitos os momentos em que você receberá um aviso de que um novo caminho foi definido, o que indica que uma decisão importante foi tomada.

Em um jogo que apresenta uma trama realmente interessante, estar no controle das decisões é obviamente prazeroso e faz com que a jornada se torne bastante imersiva, fazendo com que o jogador realmente sinta a tensão enquanto toma decisões que decidem entre vida e morte.

Excelente visual e ótimas atuações

O visual e atuações são pontos muito positivos (Imagem: Oficina da Net/Gregory Felipe)
O visual e atuações são pontos muito positivos (Imagem: Oficina da Net/Gregory Felipe)

Contando com um elenco que apresenta nomes de peso, já conhecidos em Hollywood, The Quarry entrega um visual extremamente impressionante com a Unreal Engine. Cenários e personagens estão em um nível gráfico muito alto, com detalhes bem cativantes podendo ser percebidos pelo jogador.

Com um visual de ponta, tudo se torna ainda melhor com ótimas atuações dos atores e atrizes do título. É verdade que em alguns momentos tal atuação sofre com expressões faciais problemáticas, mas nada que tire o brilho das cenas.

Percebi alguns problemas de iluminação e certos bugs visuais, assim como no cabelo de alguns personagens em certos momentos. Porém, os pontos positivos do visual conseguem abafar as falhas que certamente podem ser corrigidas com atualizações.

O veredito

The Quarry é um horror adolescente puro. Contando com tudo que há no gênero. Ao apresentar uma trama bem escrita, o título sabe ser cativante o suficiente para prender o jogador, enquanto é muito bem apoiado pelo visual excelente e pelas ótimas atuações.

Poderia ser mais desafiador em sua jogabilidade, mas sabe manter sempre por perto a sensação de tensão. Brilha ao apresentar diversos caminhos e colocar o jogador no controle da trama. Com um começo arrastado, o título acaba sendo uma experiência satisfatória de horror.

The Quarry está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series e PC.

Review feita com uma cópia oferecida gentilmente pela Supermassive Games (Masamune)*

The Quarry
8.0
Prós
  • Trama interessante de horror
  • Liberdade para decidir a trama
  • Visual excelente
  • Ótimas atuações
Contras
  • Jogabilidade poderia ser mais desafiadora
  • Alguns bugs visuais
  • Começo muito arrastado