Segundo um novo estudo publicado na revista Frontiers in Astronomy and Space Sciences, a produção de energia solar em Marte seria mais vantajosa que a energia nuclear ao se considerar uma missão estendida de 480 dias com 6 pessoas. De acordo com os cientistas da Universidade da Califórnia, Berkeley, o motivo para os painéis solares compensarem mais seria devido à alta eficiência, leveza e flexibilidade das tecnologias mais recentes de células fotovoltaicas.

O estudo descrito pelo artigo "Photovoltaics-Driven Power Production Can Support Human Exploration on Mars" (A produção de energia acionada por energia fotovoltaica pode apoiar a exploração humana em Marte) diz que a energia solar seria igual ou mais eficiente que a nuclear em mais de 50% da superfície do planeta Marte.

Mapa achatado de Marte mostrando as melhores regiões para instalar células fotovoltaicas, onde no caso é a área amarela. Fonte: Anthony Abel e Aaron Berliner, UC Berkele
Mapa achatado de Marte mostrando as melhores regiões para instalar células fotovoltaicas, onde no caso é a área amarela. Fonte: Anthony Abel e Aaron Berliner, UC Berkele

O estudante de doutorado em bioengenharia da UC Berkeley, Aaron Berliner, um dos autores do artigo publicado, diz:

A geração de energia fotovoltaica acoplada a certas configurações de armazenamento de energia em hidrogênio molecular supera os reatores de fusão nuclear em mais de 50% da superfície do planeta, principalmente nas regiões ao redor da faixa equatorial, o que contrasta bastante com o que foi proposto repetidamente em a literatura, que é que será energia nuclear.

O que faz com que a energia solar seja mais vantajosa na missão à Marte?

De acordo com o estudo, para que a energia solar compense mais que a nuclear, é necessário utilizar parte da energia gerada durante o dia para produzir gás hidrogênio. Isso seria feito através de eletrólise (usando eletricidade para dividir a água em hidrogênio e oxigênio). Feito isso, o hidrogênio é pressurizado e armazenado para uso posterior em uma célula de combustível para produzir energia durante a noite ou tempestades de areia.

Além disso, outro fator que contribui a favor da energia solar é o peso. Segundo os pesquisadores, o foguete que transportaria uma tripulação até Marte poderia transportar uma carga útil de até 100 toneladas, aproximadamente (sem contar o combustível). Estimou-se que o peso dos painéis solares somado ao sistema de armazenamento de hidrogênio seria cerca de 8,3 toneladas contra 9,5 toneladas do reator nuclear Kilopower.

Anthony Abel, estudante de pós-graduação no Departamento de Engenharia Química e Biomolecular, um dos autores do artigo publicado, diz que com a vantagem de a carga ser mais leve, seria possível transportar células fotovoltaicas de backup, caso haja falha de alguma unidade. Mesmo que usinas nucleares produzissem mais energia por hora, se uma delas caísse, a colônia em Marte perderia uma quantidade significativa de energia.

Sobre Reatores de fissão nuclear Kilopower

Imagem ilustrativa de um reator de fissão nuclear Kilopower. Fonte: NASA
Imagem ilustrativa de um reator de fissão nuclear Kilopower. Fonte: NASA

Nos últimos dez anos, os reatores de fissão nuclear Kilopower miniaturizados avançaram tanto a ponto da NASA os considerar uma fonte de energia segura e eficiente. Como a energia nuclear é fornecida constantemente, a NASA até chegou a falar em sua publicação que o "Kilopower... dá a capacidade de fazer missões de poder muito mais alto e explorar as crateras sombreadas da Lua".