Diversos países estão investindo cada vez mais na implantação da rede 5G. Nos Estados Unidos, meteorologistas estão preocupados: algumas das frequências usadas para o 5G estão próximas daquelas que satélites utilizam para observarem a Terra e coletarem dados. 

Isso significa que os satélites que observam a Terra e sobrevoam a área dos Estados Unidos não serão capazes de detectar com precisão as concentrações de vapor de água na atmosfera. Como consequência, as previsões meteorológicas não serão tão precisas, uma vez que os dados coletados também não serão. 

Frequência utilizada para 5G pode afetar a usada por satélites para observar vapor de água na atmosfera
Frequência utilizada para 5G pode afetar a usada por satélites para observar vapor de água na atmosfera

Os satélites responsáveis pela observação da Terra utilizam uma frequência de 23,8 gigahertz, na qual conseguem examinar o vapor de água na atmosfera. Eles então monitoram a energia irradiada do planeta nesta frequência para avaliar a umidade na atmosfera abaixo. Esses dados ajudam a prever tempestades e como outros fenômenos climáticos vão se desenrolar ao longo do tempo.

Caso uma estação 5G transmita informações quase na mesma frequência, isso vai produzir um sinal bastante similar com o vapor de água, atrapalhando a coleta de dados.

Negociações

A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA) e a NASA estão atualmente em contato com a Comissão Federal de Comunicações (FCC) - responsável pela supervisão as redes sem fio dos país - para negociar a questão. A NOAA e a NASA pedem que as frequências utilizadas para a observação da Terra sejam protegidas contra interferências 5G. Mas a FCC leiloou o primeiro pedaço do espectro 5G com proteção mínima no dia 17 de abril, arrecadando quase US$ 2 bilhões. 

Essa questão fez com que diversos países organizassem um encontro no dia 28 de outubro em Sharm el-Sheikh, no Egito, para elaborar acordos internacionais sobre as frequências que empresas vão utilizar para transmissões 5G.

O recente leilão da FCC envolveu dois grupos de frequências: um entre 24,25 e 24,45 gigahertz e outro entre 24,75 e 25,25 gigahertz. Mais uma vez, a frequência que permite a medição do vapor de água na atmosfera é de 23,8 gigahertz, o que significa uma possível intervenção das frequências já leiloadas pela FCC.

Gráfico mostra frequências utilizadas para rede 5G (em roxo) e para observação da Terra (em verde). Fonte: ITU
Gráfico mostra frequências utilizadas para rede 5G (em roxo) e para observação da Terra (em verde). Fonte: ITU

 

Medos futuros

Ainda não se sabe ao certo o quão afetadas seriam as previsões meteorológicas com interferências de 23,8 gigahertz, no entanto, uma pesquisa de 2010 indica que a perda do acesso à essa frequência pode significar uma perda de 30% nos dados coletados. A NASA e NOAA anunciaram terem feito uma pesquisa sobre o tema, mas não divulgaram seu resultado.

O que se sabe até o momento é que a FCC pretende realizar um novo leilão em dezembro, onde outras três frequências serão leiloadas - algumas delas são usadas por satélites para observar precipitações, camadas de gelo e nuvens.   

Fonte: nature