Muitos usuários de fones de ouvido possuem dúvidas a respeito de DACs e amplificadores. O principal motivo é a grande variedade de formatos, tecnologias e recursos que podem nos confundir na hora da decisão do que seria ideal adquirir. Pensando nisso, listei aqui diversas dúvidas comuns que os leitores do Oficina da Net costumam ter com seus respectivos esclarecimentos.

DACs e amplificadores: Dúvidas, mitos e verdades

Dúvidas, mitos e verdades sobre amplificadores e DACs. Fonte: Henrique Lira
Dúvidas, mitos e verdades sobre amplificadores e DACs. Fonte: Henrique Lira

Há diversas dúvidas e mitos que os usuários de fones de ouvido criaram a respeito de DACs e amplificadores. Pensando nisso, listamos aqui o que frequentemente é colocado em pauta a respeito do assunto, tentando falar de maneira resumida os porquês.

Antes de iniciarmos a lista de dúvidas mitos e verdades sobre DACs e amplificadores, é importante entender o que eles fazem. Caso não saiba, um DAC (Digital to Analog Converter) é responsável por converter o sinal digital do seu celular, tablet ou computador (notebook ou desktop) em sinal analógico, pois os alto-falantes (drivers) dos fones de ouvido e caixas de som só funcionam através do sinal analógico. Entretanto, isso não basta para que o som seja gerado, pois o sinal analógico gerado pelo DAC é muito fraco para fazer com que o diafragma do driver vibre e é por isso que um amplificador deve ser utilizado obrigatoriamente em um sistema de áudio.

Amplificadores valvulados e transistorizados: Qual é a melhor tecnologia?

Há um extenso debate acerca de amplificadores ("amps") valvulados e transistorizados. Enquanto o primeiro funciona através de uma arquitetura que utiliza válvulas termiônicas, também conhecidas como "tubo de vácuo" ou "vacuum tube", para aumentar a amplitude (potência) de um sinal elétrico (analógico), o segundo utiliza-se de transistores para fazer o papel de elevar a potência do sinal gerado pelo DAC (Digital to Analog Converter).

Não há dúvidas de que os "amps" solid state (SS ou transistorizados) apresentam uma distorção do sinal consideravelmente menor comparado aos "amps" valvulados, sendo considerados por muitos como os que entregam uma fidelidade de som maior. Entretanto, aqueles que utilizam válvulas na amplificação do sinal afirmam perceber uma sonoridade mais natural, eufônica, agradável. Além disso, é importante mencionar que um amp valvulado permite que o usuário troque a válvula por outros modelos e isso pode melhorar ainda mais a tonalidade dos sons reproduzidos, conforme explicamos em nosso artigo sobre como escolher válvulas.

Amplificador valvulado OTL Woo Audio WA3 e headphone over-ear Sennheiser HD560S. Fonte: Vitor Valeri
Amplificador valvulado OTL Woo Audio WA3 e headphone over-ear Sennheiser HD560S. Fonte: Vitor Valeri

Dito isto, vale a pena experimentar um amplificador valvulado. Entretanto, dependendo da tecnologia do driver (alto-falante) do fone de ouvido e do tipo de amp valvulado, não é interessante utilizar essa tecnologia de amplificação, conforme foi explicado no artigo sobre as diferenças entre um amplificador valvulado OTL e um valvulado híbrido. Em resumo sobre o assunto, caso você tenha um headphone planar magnético ou um in-ear, é indicado a utilização de um amplificador valvulado híbrido ou um amplificador transistorizado (solid state ou SS).

Ao fim, pode-se dizer que amplificadores valvulados OTL, que utilizam puramente válvulas para amplificar o sinal, lidam melhor com headphones over-ear e on-ear que utilizam um driver dinâmico (dynamic driver ou DD) que possuem alta impedância. Entretanto, é importante mencionar que há alguns modelos que são capazes de lidar com fones de ouvido que possuem uma impedância de 32 Ohms como, por exemplo, o Woo Audio WA3.

Uma amplificação mais robusta melhora o som dos fones de ouvido?

Dependendo das características do fone de ouvido utilizado, o grau de melhora do som ao se utilizar uma amplificação mais robusta pode variar. Um DAC/amp portátil de R$ 300 ou R$ 500 [1] deverá ser o suficiente em termos de amplificação para 99% dos fones de ouvido do tipo in-ear, earbud e on-ear vendidos atualmente. Já no caso de fones de ouvido over-ear, que possuem ear pads (almofadas) que ficam envolta da orelha, a história muda.

Há casos em que um DAC/amp portátil, dependendo do modelo, pode dar conta de "empurrar" certos headphones circunaurais . Entretanto, temos também situações em que é necessário utilizar um amplificador de mesa dedicado ou DAC/amp de mesa que seja mais robusto.

DAC/amp de mesa FiiO. Fonte: Henrique Lira
DAC/amp de mesa FiiO. Fonte: Henrique Lira

Caso queira utilizar DAPs (Digital Audio Players) como uma forma única para "empurrar" tantos headphones over-ear quanto fones de ouvido portáteis (on-ear, in-ear e earbud), existem alguns modelos que são capazes, mas estes custam em média US$ 1000. Infelizmente, os DAPs que custam abaixo de mil dólares são indicados para a utilização de fones in-ear, earbuds e on-ear. Se você não pretende gastar muito e pretende utilizar over-ears, a solução mais barata, que trará melhor performance, é a utilização de amplificadores de mesa ou DAC/amps de mesa.

[1] Artigo "Melhores DAC/amp USB até R$ 300" e artigo "Melhores DAC/amp USB até R$ 500"

O DAC pode fazer a diferença em um setup com um bom fone de ouvido e um amplificador robusto?

Não há dúvidas de que vale a pena investir o máximo que puder no fone de ouvido. Entretanto, sabe-se que dependendo de suas características, será necessário adquirir um amplificador dedicado ou um DAC/amp que conte com uma sessão de amplificação adequada. Porém, depois de obter um bom fone de ouvido e um amplificador robusto suficiente para "empurrá-lo" bem, surge a dúvida sobre qual DAC vale mais a pena adquirir.

O chip DAC (Digital to Analog Converter) sozinho não trará uma diferença significativa para um setup de fone de ouvido e amplificador. A questão está na sessão analógica e na fonte de energia do aparelho. Existem chips que tem um consumo de energia maior e menor, onde os com menor consumo são geralmente utilizados em dispositivos mobile como DAC/amps portáteis.

DAC de mesa dedicado Topping D70S. Fonte: Vitor Valeri
DAC de mesa dedicado Topping D70S. Fonte: Vitor Valeri

No caso de um DAC/amp portátil a sessão analógica, que compreende o processo de transmissão do sinal após a conversão dos dados digitais para um sinal elétrico (analógico), está limitada à alimentação via porta USB do celular ou à uma bateria. Isso faz com que a capacidade do DAC seja limitada, pois é necessário respeitar condições restritas de consumo de energia.

Já em um DAC/amp de mesa podemos ter uma alimentação mais robusta. Porém, se atente pelo fato de que há aparelhos que utilizam uma porta USB para alimentar a fonte e receber dados do computador, limitando assim a qualidade que pode ser oferecida. Existem modelos que contam com duas portas USB, sendo uma para dados e outra para energia, permitindo um desempenho um melhor.

Ao ir para um DAC de mesa dedicado, há também modelos que utilizam as portas USB para sua alimentação, mas existem aqueles que contam com uma entrada para cabos de força do mesmo formato que fontes de PCs (computadores de mesa ou desktops). Isso permite que se implemente uma fonte de maior qualidade e uma sessão analógica com uma pré-amplificação mais robusta, onde temos DACs capazes de enviar 2V ou 2,5V na saída RCA e 4V ou 5V na saída XLR. O resultado disso é um som mais expansivo, proporcionando um palco maior, com melhor separação de instrumentos e melhor detalhamento, além de passar uma sensação de "limpeza", facilitando a identificação dos sons.

Em resumo, dependendo do que foi gasto com o fone de ouvido e com o amplificador, pode valer a pena investir em um DAC de mesa dedicado. Entretanto, se o "bolso não permitir", você ainda pode obter uma boa qualidade com um DAC de mesa com alimentação via USB que seja mais barato. Hoje á modelos que custa US$ 100 ou menos como, por exemplo, o Topping E30 II Lite e o SMSL SU-1.

Quais ligações são possíveis de serem feitas entre DAP, DAC, amplificador e DAC/amp?

Além de conectar um DAC a um amplificador, é possível fazer outras ligações para obter um setup mais interessante. A primeira possibilidade é ligar um DAC/amp a um amplificador através da saída RCA ou XLR do DAC/amp à entrada correspondente no amplificador (RCA ou XLR), desta forma você utilizará o somente a função de DAC do DAC/amp, permitindo, por exemplo, que você tenha como opção utilizar a amplificação transistorizada de um DAC/amp e um amplificador dedicado valvulado.

Diferentes maneiras de se conectar um DAP, um DAC, um amplificador e DAC/amp. Fonte: Vitor Valeri
Diferentes maneiras de se conectar um DAP, um DAC, um amplificador e DAC/amp. Fonte: Vitor Valeri

Outra forma possível de ligação é um DAP a um amplificador. Para isso, será necessário utilizar um cabo com plugue de 3,5mm para RCA ou 4,4mm para XLR, dependendo do(s) tipo(s) de entrada(s) que o amplificador tiver. Desta forma, você utilizará a função Line Out (LO) do DAP para ligar o cabo ao amplificador.

É possível também utilizar o DAP como transporte, onde ele irá realizar somente a função de reprodução de músicas. Para utilizar essa funcionalidade, você só precisa de um cabo USB para conectar o DAP a um DAC dedicado de mesa ou a um DAC/amp USB. Ao fazer isso, você não precisará mais utilizar um notebook para reproduzir as músicas. Outra alternativa é utilizar um tablet, mas caso ele seja Android, será necessário utilizar o app UAPP para reproduzir com conexão bit perfect ao utilizar os serviços de streaming Tidal e Qobuz, conforme explicamos neste artigo.