A busca pela melhor qualidade sonora possível pode ser um tanto confusa quando se descobre quantos fatores podem influenciar na maneira como a música é reproduzida. Entretanto, existe um consenso de que há coisas que influenciam de maneira considerável no resultado ao escutar as faixas de um álbum. Tentaremos esclarecer aqui quais são aqueles que tem o poder de interferir alterando consideravelmente nossa percepção sobre uma apresentação musical.

O que mais influencia na qualidade sonora?

O que mais influencia a qualidade sonora. Fone de ouvido, DAC, amp ou formato da música. Fonte: Vitor Valeri

Embora se fale muito em arquivos de áudio em alta resolução e DACs (Digital to Analog Converters ou Conversores Digital para Analógico) que suportam formatos como o DSD, não é isso que fará a maior diferença, considerando tudo o que é utilizado na reprodução das músicas.

A influência da música na qualidade sonora

Entretanto, a maneira como a música foi gravada, mixada e masterizada influenciará consideravelmente na qualidade da reprodução da apresentação realizada pelo artista, banda ou orquestra. Para tentar obter uma boa amostra, o ideal é procurar saber quantos álbuns existem de determinada obra para tentar localizar qual opção entrega a melhor performance para o nosso gosto.

Após elencar os melhores álbuns do artista musical, você irá notar que pode haver diversas versões de um mesmo álbum, pois há masterizações diferentes. Mesmo utilizando uma mesma mídia (CD, Vinil, Reel to Reel/Fita de Rolo), você ainda irá encontrar comportamentos distintos na reprodução dos sons de acordo com o ano da master. Uma maneira de encontrar uma boa amostra é através do site "loudness-war", uma base de dados que informa o alcance dinâmico (dynamic range ou DR) das músicas para cada masterização existente de determinado álbum.

O alcance dinâmico é a diferença entre os maiores e menores níveis de decibéis em uma música. Essa mesma distância entre níveis de decibel diz também a profundidade de bits, onde, por exemplo, 96db equivale a 16 bits e 144db equivale a 24 bits. Os decibéis são uma unidade de medida utilizada para determinar o alcance dinâmico do som (dynamic range) e aumentam exponencialmente ao invés de forma linear, ou seja, se você tem um aumento de 10 dB no volume, aquele som é 10 vezes mais alto, enquanto um aumento de 20 dB é 100 vezes mais alto.

O que é Dynamic Range (DR) - Fonte: Unstoppable Recording Machine (URM)

Quanto maior for a diferença de decibéis em uma música, mais elevado é o DR (dynamic range). Geralmente, ao masterizar as músicas atualmente, os estúdios praticamente zeram o DR, e elevam o máximo possível o nível de decibéis da música, deixando todos os sons da faixa com um volume exagerado. Isso faz com que ocorra facilmente o mascaramento de frequências e consequentemente você irá ouvir menos detalhes da música.

A diminuição do alcance dinâmico (DR ou Dynamic Range) prejudica a percepção dos sons da música. Fonte: elliott-randall

Quando colocamos um volume que gera 80dB, há uma perda dos sons abaixo de 40dB na música. Quando o som está excessivamente alto, há uma presença maior de graves do que agudos, isso acontece porque os níveis altos de decibel fazem com que as altas frequências (agudos) sejam mascaradas, mas não as baixas (graves). Em contrapartida, volumes mais baixos, entre 20 e 40 decibéis, com exceção de sons muito próximos, não sofrem com o problema de mascaramento de frequências.

Existem estudos sobre a faixa dinâmica dos diferentes gêneros musicais, onde nos mostra que a maioria possui uma média de 60dB. Músicas mais "calmas" como coral, opera, piano, possuem faixas dinâmicas (dynamic range) máximas de aproximadamente 70dB, enquanto o rock, o pop e o rap, por exemplo, apresentam um DR de 60dB ou menos.

Quanto maior o volume, mais o som é mascarado e assim perdemos a percepção dos sons mais baixos. Fonte: hyperphysics

Depois da música, os fones de ouvido e caixas de som são o que mais importam

Tendo acesso a uma música com gravação, mixagem e masterização, o próximo passo para elevar de maneira considerável a qualidade de áudio é adquirindo um bom fone de ouvido ou caixa de som. Como aqui no Oficina da Net temos como foco os fones de ouvido, iremos utilizar este produto como exemplo.

O ideal para se escolher um bom fone de ouvido é pensa primeiramente nas suas necessidades durante a rotina do dia a dia, seja no trabalho, no lazer, durante exercícios, em viagens ou outras situações. Cada ambiente irá influenciar de uma forma diferente na audição da música e você deverá procurar o tipo de fone de ouvido que não tenha problemas para reproduzir os sons neste local, que seja confortável e que conte com uma construção feita com materiais de qualidade para ter uma maior durabilidade.

Depois da música, os fones de ouvido são a parte mais importante do que é utilizado na reprodução dos sons. Fonte: Vitor Valeri

Depois de definir o tipo de fone de ouvido, tente escolher uma faixa de preço máxima que está disposto a pagar. A partir daí, ficará mais fácil definir qual será o melhor custo-benefício dentro do valor estipulado. É interessante considerar que dependendo do fone de ouvido, pode ser necessário comprar um DAC/amp como, por exemplo, os que indicamos aqui, pois há casos em que se precisa de uma potência de saída maior devido à baixa sensibilidade e alta impedância de determinado modelo.

Normalmente, fones de ouvido do tipo in-ear não são tão exigentes com a potência de saída de um dispositivo para conseguirem apresentar uma boa performance. Entretanto, há casos em que a pessoa quer utilizar um fone cabeado no celular e como não há uma saída de 3,5mm, acaba sendo necessário a compra de um "dongle" (DAC/amp USB) como estes que indicamos aqui.

Caso você esteja considerando um fone de ouvido Bluetooth TWS, não é preciso se preocupar em comprar um DAC/amp, pois dentro do dele há um DAC e um amplificador, além de um receptor/transmissor Bluetooth, uma bateria, entre outros componentes necessários.

Escolhi um fone de ouvido cabeado. Preciso de um DAC e um amplificador?

Embora DACs e amplificadores sejam necessários para se reproduzir arquivos digitais de áudio, dispositivos como celulares, notebooks, tablets e controles de consoles não possuem a mesma capacidade de um DAC (Digital to Analog Converters ou Conversores Digital para Analógico) dedicado e de um amplificador dedicado. Entretanto, comparando um DAC com um amplificador, o aparelho que fará mais diferença na qualidade final será o amplificador.

Amplificador pode ser um ponto chave para mostrar do que o fone é capaz dependendo do modelo utilizado. Fonte: Vitor Valeri

Os nossos smartphones e notebooks não possuem a mesma potência de saída que um amplificador dedicado ou um DAC/amp externo, que é um dispositivo que possui DAC e amplificador integrados em uma mesma carcaça. Para fazer com que in-ears e on-ears toquem bem, não é necessário investir mais do que R$ 500, caso queira obter uma melhoria na qualidade de som. Há opções mais baratas também, que giram podem custar de R$ 100 a R$ 300, porém evidentemente não entregam o mesmo nível de sofisticação dos modelos mais caros.

Caso você possua um headphone mais difícil de empurrar como, por exemplo, o over-ear open-back Hifiman HE-400SE, o ideal é investir pelo menos R$ 1000 (US$ 200) em um bom DAC/amp. Nessa faixa de preço temos DAC/amps como o Topping DX3 Pro+, por exemplo.