A resposta parece simples, mas a prática não é. O simples seria responder que as marcas obrigatoriamente deveriam ser transparentes desde a sua fundação, independentemente de quantos anos tem essa marca é preciso ser verdadeiro, afinal, o consumidor sempre foi.

É muito raro uma pessoa comprar um produto, seja ele qual for, que esse consumidor não tenha um mínimo de relacionamento com o produto ou com a marca. Veja o exemplo da Lapiseira Pentel. Marca desconhecida mas caiu no gosto popular. Eu mesmo tenho 2, mas já devo ter tido umas 30. Meus pais tem, minha irmã, primos, colegas e amigos das agencias. Todo mundo tem. Sempre dou esse exemplo em aula e pelo menos 10% da classe levanta a mão com a lapiseira.

Não citei o exemplo da Pentel como uma marca verdadeira, pois nem campanha ela faz, mas quis mostrar que até um item commoditie como uma lapiseira pode gerar essa relação de “amor” com o produto. E podem crer, essa relação é verdadeira.

Se a relação que o consumidor tem com a marca é verdadeira, por que o inverso não é? Deveria. Em tempos de Redes Sociais não ser verdadeiro e transparente é pedir para ser “metralhado” pelas pessoas. Outro conceito que bato na tecla para meus alunos “besteira viraliza. E rápido”. Eu posso nem saber porque estão falando mal da marca A ou B, mas se meu amigo falou, eu vou dar um Retweet, curtir no Facebook ou mesmo contar uma história ruim, que eu tive com essa marca, nas redes ou meu blog. Redes Sociais é um grande consultório psiquiatra onde todos nós somos vítimas ou Freud.

Como um planejamento poderá contar uma história se essa não é verdadeira? Quem acredita em uma mentira? As marcas podem até contar uma grande mentira para vender mais, porém, essa mentira será descoberta muito rapidamente. Não preciso nem comentar uma certa promoção de um refrigerante. Não avalio que foi uma mentira, mas uma história mal contada que passou por mentira. Ponto para a concorrência que saiu-se muito bem com isso.

Não adianta mais as marcas quererem ser “espertas”. Se um produto é vendido a 200 dólares, mas a marca paga 5 dólares pela sua fabricação, que usa trabalho quase escravo para a produção, as pessoas vão deixar de comprar. Recentemente uma marca de roupas famosa teve sua imagem manchada por ser acusada de trabalho escravo. Lojas diminuíram vendas. Um shopping em São Paulo está sendo acusado de liberar gás metano e isso pode provocar explosões. O shopping se defende dizendo que os órgãos públicos estão equivocados e medidas estão sendo tomadas. Os lojistas, obrigados, vão ao shopping. O consumidor migrou para a concorrência.

Histórias bem contadas elavam vendas. Uma marca de tênis americana usava Michael Jordan – maior jogador de basquete de todos os tempos – para mostrar que usando o seu tênis, as pessoas jogariam melhor. Vendeu! Marcas de shampoo usam modelos para mostrar que com aquele produto, o cabelo da mulher ficará igual. Vendeu! Essas não são histórias verdadeiras, claro, o talento de Jordan não está no tênis que ele usa, mas a história é tão bem contada que acreditamos.

Vale a pena ser mentiroso?