O avanço tecnológico tem permitido o desenvolvimento de novas aplicações utilizando redes de comunicação cada vez mais sofisticadas, porém com sistemas computacionais ainda mais complexos.

Metodologia de projeto
A metodologia de projeto é um plano para administrar um projeto qualquer e está normalmente dividida em três partes distintas: a especificação do escopo (objetivos do projeto), a especificação das atividades executadas (aplicações dos usuários) e as especificações de como as diversas partes constituintes deverão interagir entre si. Ao contrário do planejamento específico requerido por um determinado projeto, por exemplo, padrões e procedimentos para instalação de rede elétrica residencial, a metodologia é um plano genérico que pode ser empregado em qualquer tipo de projeto. Assim, o planejamento específico de um determinado projeto nada mais é do que uma subdivisão da metodologia de projeto adotada.

Uma metodologia deve ser estruturada no sentido de incluir um projeto lógico antes de constituir um projeto físico e abordar os requisitos dos usuários do sistema antes de considerar outras variáveis. Deve ser interativa, ou seja, novas informações devem entrar progressivamente no projeto, à medida que se conhece melhor os requerimentos dos usuários, a fim de corrigir desvios e eventuais falhas.

Por exemplo, uma metodologia de projeto, adotada na melhoria de uma rede de computadores existente, pode dividir o processo de planejamento desse projeto em quatro fases distintas:

Projeto informacional – etapa que corresponde ao levantamento junto aos usuários das informações relativas aos problemas existentes com a rede atual e a formulação das especificações para a nova rede;

Projeto conceitual – nessa etapa, temos a geração de uma concepção para a nova rede que atenda da melhor maneira possível às necessidades dos usuários, mas que não comprometa o funcionamento do sistema existente;

Projeto preliminar – inclui o desenvolvimento da concepção lógica e física da nova rede, de acordo com os critérios técnicos e econômicos definidos nas etapas anteriores;

Projeto detalhado - fase final de projeto onde a disposição, a forma, as dimensões e as tolerâncias de todos os componentes da nova rede são finalmente fixadas. Após essa fase temos a efetiva execução do projeto, construção do protótipo, testes e aceitação da nova rede.

Especificação dos objetivos da metodologia
O propósito da especificação dos objetivos da metodologia é estabelecer os limites do projeto. No mercado, estão disponíveis várias metodologias de projeto (Top-Down, Botton-Up, etc), cada uma com seu propósito. Por exemplo, a Rational Unified Process (RUP), é uma metodologia de projeto que descreve como desenvolver software usando técnicas testadas e aprovadas comercialmente, aplicável a equipes de desenvolvimento de software.

Aplicando-se os conceitos de uma metodologia em particular é possível determinar as reais necessidades dos usuários, estabelecer as técnicas de pesquisa e levantamento de dados e proceder também à identificação dos meios materiais e instrumentos de projeto, estabelecendo-se um método de desenvolvimento associado com técnicas adequadas de gerenciamento.

Os aspectos abordados nas tomadas de decisão durante a etapa de especificação dos objetivos devem visar sempre obter um projeto dentro das expectativas de benefícios, custos e recursos dos seus usuários. Da mesma forma, as técnicas utilizadas devem ser acessíveis a todos os membros da equipe de trabalho, possibilitando a construção de uma estrutura eficiente e sem a necessidade de processos e operações especiais.

Padrões
Metodologia e padrões de projetos são muitas vezes confundidos. Todavia, podemos definir os padrões como a implementação prática da metodologia com o acréscimo de ferramentas, técnicas, regras, etc, para conduzir o projeto.

Os padrões acrescentam dois componentes extras às três partes da metodologia, citadas anteriormente: a especificação das ferramentas, técnicas e meios necessários para se realizar e dar suporte às atividades e produtos do projeto e o conjunto de regras que determinam os parâmetros de gerenciamento das atividades que devem ser realizadas durante o projeto.

Embora cada projeto seja único, as semelhanças entre os projetos de mesma natureza prevalecem sobre as diferenças. Assim, podem-se utilizar os padrões de um projeto anterior para selecionar os componentes relevantes de um novo projeto com características semelhantes. É claro que essa seleção demanda um certo tempo, porém um tempo muito menor do que àquele necessário para construir um novo projeto a partir de novos planos e novos padrões.

Uma outra vantagem em se utilizar padrões refere-se à natureza dos projetos das modernas redes de comunicação. Como os projetos são geralmente grandes e complexos, exigindo a participação de um grupo de profissionais para sua realização, o trabalho deve ser dividido e organizado através de uma metodologia que especifique também as atividades que deverão ser realizadas, quem deverá realizá-las, como deverão ser realizadas e em que momento deve acontecer cada atividade.

Essa coordenação de ações será mais efetiva padronizando-se as funções de cada atividade. Com a padronização, cada membro da equipe de projeto sabe o que se espera que ele produza e o que ele mesmo espera conseguir e, assim, há uma melhoria na comunicação interna, contribuindo para um perfeito entrosamento da equipe, favorecendo o andamento do projeto.

Especificação do projeto
Quando as fases de um projeto ocorrem de modo completamente independente, as terminologias e padrões em cada uma podem ter origens diferentes, ocasionando uma sobreposição que pode tornar confusa sua realização e impossibilitando o gerenciamento das atividades. Nesse caso, os custos de gerenciamento poderão se tornar tão grandes que o escopo inicial poderá ser abandonado e o projeto ficará limitado a ações isoladas que compartilharão muito pouca informação.

A especificação de uma estrutura genérica para um projeto permite a uniformidade entre suas diversas fases, desde a execução de ações simultâneas, como também entre ações sucessivas. Uma estrutura que utiliza um conjunto de técnicas comuns em todas as fases assegura a uniformidade dos procedimentos, garantindo a utilização de padrões e terminologias complementares entre si, que possibilitarão um gerenciamento mais satisfatório, sendo necessário apenas analisar as atribuições de cada elemento no contexto geral do projeto.

Padronização
A utilização de um conjunto de técnicas padronizadas traz diversos benefícios. Entre eles podemos destacar o treinamento do pessoal envolvido, que passa a utilizar as mesmas ferramentas de desenvolvimento, aumentando a produtividade não apenas nas tarefas específicas as quais se destinam as ferramentas, mas também em outros meios relacionados ao projeto. Outros objetivos que podem ser alcançados com a padronização de um projeto são:

    Auxiliar o acompanhamento e o gerenciamento do desenvolvimento dos subsistemas envolvidos;

    Garantir a continuidade da evolução dos sistemas suscetíveis a alterações e evoluções;

    Auxiliar na comunicação entre os profissionais da equipe de projeto;

    Apresentar uma documentação efetiva do projeto.


O outro lado das metodologias e padrões
A metodologia e os padrões determinam o conjunto de especificações para um determinado tipo de sistema que tem como objetivo principal desenvolver melhorias para seus usuários, conjunto de especificações ao qual damos o nome de projeto. São as deficiências na forma e no conteúdo da metodologia e dos padrões adotados que podem por em risco o sucesso do projeto e a sobrevivência da própria empresa. A desvantagem da utilização de metodologias e padrões está em que às vezes sua inflexibilidade inviabiliza o bom senso. Uma boa metodologia pode resolver um problema, mas pode não observar o lado da precaução quanto à sucessão de novos acontecimentos.

Já os padrões podem introduzir um controle muito rígido das atividades, dificultando a adoção de alternativas que agilizariam a execução do projeto. A razão desse fato é que os padrões sofrem de cinco problemas crônicos: divulgação, credibilidade, imposição, execução e modificação, que podem incapacitar um projeto.

Conclusão
O objetivo básico de qualquer metodologia associada a um padrão deve ser o de fornecer os instrumentos necessários para a definição, o planejamento, o acompanhamento e o desenvolvimento de um projeto. A metodologia deve incluir ainda mecanismos que permitam a criação de um protótipo do projeto em desenvolvimento, visando facilitar sua análise e a correção das falhas que forem detectadas antes de sua efetiva implantação.

A adoção de uma metodologia em conjunto com os padrões proporciona várias vantagens ao desenvolvimento de projetos em uma empresa: evita-se a necessidade de rever um projeto desde o princípio, uniformizam-se os procedimentos operacionais, promove-se o desenvolvimento de ferramentas operacionais e gerenciais e reduz-se o tempo de planejamento da execução das diversas atividades envolvidas, proporcionado uma economia de tempo e recursos.

Contudo, a complexidade e o fato de poderem se apresentar como empecilhos ao processo, são fatores indicativos de que a utilização de uma metodologia e dos padrões deve ser algo bem planejado e analisado por uma equipe devidamente preparada, que será a responsável pelo desenvolvimento do projeto.

José Mauricio Santos Pinheiro
Fonte: Projeto de Redes