Rodrigo Abreu, presidente da Tim participações, disse que é preciso haver igualdade de condições de competição entre os serviços de aplicativos de mensagem e voz baseados na Internet, assim, na categoria em que está inserido o WhatsApp e os serviços oferecidos pelas operadoras de telecomunicações.

"Existem várias discussões, e a tônica sempre é de igualdade de condições de competição dentro do mesmo serviço", disse Abreu a jornalistas na noite de segunda-feira após evento do setor.

"Tem que existir equilíbrio na possibilidade de crescimento para todo o setor. Não adianta privilegiar só o setor de infraestrutura, só o de aplicações e conteúdo, os dois têm que crescer de maneira equivalente, igualitária. Senão, um crescimento desbalanceado faz com que exista um problema para todo mundo de maneira geral", disse ainda o executivo.

Na última semana a Reuters divulgou que as operadoras de telefonia estavam organizando um documento para entregar para as autoridades locais sobre o serviço de voz do WhatsApp, pertence ao Facebook. O argumento é de que o aplicativo utiliza o número de telefone do usuário, e as operadoras arcam com vários custos para manter isso, diferentemente do WhatsApp, que usa apenas o número sem a obrigação de pagar impostos.

Abreu não confirmou a informação, porém disse que há várias questões a serem levantadas. "Obviamente, tem questões que precisam ser levantadas. Essa análise está sendo feita pelo Sinditelebrasil. Não existe uma posição específica de cada empresa. Vamos acompanhar essa discussão com bastante cuidado, adaptar as nossas posições de acordo com o andamento dessas análises, assim como está acontecendo no mundo inteiro".

O presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), João Rezende, se diz contrário a qualquer regulamentação do mensageiro. Ele informou que "todos os aplicativos de internet são considerados um serviço adicional ao mundo da telecomunicação". 

O executivo da Tim  diz que o WhatsApp é um dos serviços de voz sobre a internet que já existe no modelo tradicional de comunicação. "Então não é ele por si só que deveria ser responsável por uma grande mudança de hábito de consumo na rede. O grande responsável pela mudança de hábito no curto prazo são as mensagens, mais do que a voz sobre Internet, e isso vem acontecendo com um crescimento exponencial ao longo dos últimos anos", declarou.

"O Brasil em particular tem um papel de destaque porque talvez seja o país onde o nível de consumo de mensagens (via aplicativos de Internet) tenha crescido com maior velocidade dentre os grandes países globais", disse.

"Então o principal impacto no setor é o crescimento de mensagens, que, por outro lado, também traz o crescimento do consumo de dados. Vemos uma queda acentuada do uso da voz e um crescimento acentuado do uso de dados, tanto é que, para nós, o uso de dados vem crescendo a um ritmo de 40 a 50 por cento ao ano há vários trimestres", afirmou Abreu  

Sendo assim, Abreu sinaliza que é necessário muito cuidado em todas as avaliações, já que nem tudo está diretamente ligado ao WhatsApp, mas em todas as formas de comunicação que estão substituindo as tradicionais ligações.