No primeiro dia de palestras da sexta edição do Fórum Mundial de Ciência, que está acontecendo no Rio de Janeiro, os desafios da educação científica e também a democratização da informação foram os dois temais mais discutidos. De acordo com as discussões, a dificuldade de atrair jovens para a iniciação científica através da educação formal ainda é um grande desafio para os países, sejam eles ricos ou pobres.

Conforme o presidente do Conselho de Ciências do Japão, Takashi Onishi, apesar dos grandes investimentos em educação, o seu país enfrenta a concorrência desleal com a internet, que acaba roubando a atenção dos estudantes. O diretor da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, diz que os problemas no Brasil são bem mais complexos, já que incluem os baixos salários dos professores e ainda a pouca valorização da educação pela sociedade.

"É um tema extremamente importante que tem sido negligenciado há séculos na história do Brasil. A valorização significa aumentar os salários e promover a educação continuada dos professores", disse ele. "Sendo cientista, conheço o fascínio da ciência. Acho muito importante o processo pelo qual a fascinação da ciência chega às crianças. Os professores devem transmitir a magia da ciência".

"Pelo menos na América Latina, os sistemas educativos são incapazes de produzir um ensino correto das ciências", disse um dos participantes do fórum, o professor de física Jorge Flores, da Universidade Nacional Autônoma do México, que também defendeu mais investimentos na educação informal, para que assim o ensino possa ser repassado de modo eficaz.

A assessora científica da União Europeia, Anne Glover, defende que educação e democratização da informação científica devem ser parceiras para a diminuição das desigualdades. "Não há futuro sem educação. O mundo está mudando tanto que e a ciência, engenharia e texnologia são o nosso futuro. Para permitir que o futuro chegue a todos os cidadãos, eles precisam entender a ciência, como ela funciona e o que ela tem a oferecer para escolher o que querem e o que não querem", comentou ela.

 "A ciência é parte da nossa cultura assim como a música, as artes plásticas, e pode proporcionar verdadeira alegria e muita diversão", completou Glover.

A diretora do Centro de Políticas de Agricultura para Crianças da China, Linxiu Zhang, defendeu mais investimentos em educação e também ao acesso à informação. Ela citou que na China as pessoas não passam fome, porém, por falta de informação em alguns lugares a dieta é pobre, já que as pessoas acabam se alimentando de forma errada. "Na China, a falta de uma dieta balanceada tem prejudicado a performance acadêmica de alguns alunos. Por isso, é importante educar os pais para que eles saibam qual tipo de comida é boa para o filho", explicou Zhang.

O evento acontecerá até a próxima quarta-feira e reúne cerca de 600 cientistas de todo o mundo. Temas como desigualdades como barreiras para a sustentabilidade, políticas para a ciência e governança, integridade científica e ética na ciência, bioenergia, academia e empresas serão discutidos.