Na tarde da última quarta-feira (25/8), o plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) confirmou a aprovação, em sessão telepresencial transmitida ao vivo, da minuta do edital para o leilão do 5G.

Sete ministros acompanharam o voto favorável do relator, ministro Raimundo Carreiro, confirmando o quadro de avaliação formado na semana passada. Agora, o documento retorna à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que deve publicar o edital em até sete dias. A partir daí, são mais 30 dias para a realização do certame.

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, agradeceu ao ministro relator e a todos os ministros do TCU, "por compreenderem a importância do 5G para o país, que agora amplia seu potencial competitivo no mundo". Faria ressalva que o edital já previa o atendimento a todas as escolas, porém o Tribunal fez um importante ajuste à iniciativa, recomendando o uso de valores de multas e de outorga para reforçar o atendimento.

"Com isso poderemos, por exemplo, levar fibra óptica a escolas que seriam atendidas por satélite e aumentar ainda mais a velocidade daquelas que já possuem atendimento por rede terrestre", afirma o ministro. "Nós, do Ministério das Comunicações, acataremos essa recomendação como uma determinação e implantaremos a política pública", enfatiza.

Tecnologia 5G

É o maior leilão de radiofrequência da história das telecomunicações do país. O impacto desse processo se alastra no tempo e nos diversos setores da economia do Brasil, implicando em uma nova configuração dos meios produtivos. A mudança não se resume apenas a "um G a mais" na linha de aparelhos celulares: se a quarta geração foi essencial para conectar pessoas, a próxima geração será catalizadora de tecnologias totalmente novas.

"Estamos falando de um leilão de R$45 bilhões em investimentos, ao longo de 20 anos", frisa o ministro. A fase inicial da implantação do 5G no Brasil - tendo em mente as dimensões do território nacional - representará um dos maiores desafios para o setor de telecomunicações. Faria destaca que 90% dos valores contratados no certame serão revertidos em investimentos. As obrigações previstas no edital incluem a ampliação da conectividade em regiões que hoje têm baixo índice.

Com o leilão, a missão do MCom de conectar pessoas torna-se maior. "Vamos levar conexão para 40 milhões de pessoas que hoje não têm qualquer acesso", salienta o ministro. Um dos compromissos que as empresas vencedoras devem assumir é o de levar internet para todas as localidades com mais de 600 habitantes. O edital também prevê a destinação de R$1,5 bilhão para o Programa Amazônica Integrada e Sustentável (PAIS), que irá conectar 10 milhões de pessoas na região Norte.

TCU aprova edital do leilão do 5G
TCU aprova edital do leilão do 5G

Cronograma para chegada do 5G

O ministro Fábio Faria sustenta que o cronograma para implantação da tecnologia de quinta geração está mantido e assegura que até julho de 2022, todas as 27 capitais brasileiras terão cobertura 5G. Todas as cidades com mais de 30 mil habitantes serão beneficiadas até 2028.

Após o leilão, 72 mil das 85 mil escolas urbanas do país receberão o 5G standalone (SA) - e as demais terão atendimento por 4G. Na zona rural, o MCom já conectou, nos últimos dois anos, 10 mil escolas que não tinham acesso à banda larga. E o leilão levará cobertura de 4G para mais 7 mil escolas rurais. Todas as demais escolas rurais que possuem energia elétrica e a infraestrutura necessária (13,5 mil) receberão banda larga pelo Programa Wi-Fi Brasil, até julho de 2022.

Sobre o leilão do 5G

O certame envolve a licitação de quatro frequências para a implantação da nova tecnologia para redes móveis: 700 megahertz, 2,3 gigahertz, 3,5 gigahertz e 26 gigahertz. A Anatel dividiu as frequências em lotes nacionais e regionais. A maior parte dos valores definidos não será destinada aos cofres públicos, ou seja, este será um leilão "não arrecadatório". A Anatel autorizará o uso das faixas, mediante cumprimento de determinadas obrigações, que incluem os investimentos em infraestrutura para ampliação da cobertura de sinal no país.

Entre as obrigações vinculadas ao leilão está a construção da rede privativa da Administração Pública Federal. A proposta consta no documento como referência à definição de valores para a implantação. Espera-se que órgão colegiado - no âmbito da Entidade Administradora da Faixa (EAF) de 3,5 GHz e em consulta a gestores públicos de serviços de segurança, defesa e de outras áreas de governo - revise o planejamento inicial e formate a versão final do projeto de implantação da rede.

Faria argumenta que a rede privativa tem o objetivo de evitar vazamentos de informação e proteger dados. "A rede privativa gera uma segurança ainda maior", atesta. Segundo o ministro, há especificações técnicas recomendadas aos fornecedores de equipamentos no intuito de assegurar a confiabilidade da rede.

O padrão que favorece a segurança dos dados já é adotado na Alemanha, Estados Unidos, Coreia do Sul, Japão, Austrália, Reino Unido e Canadá. O MCom conheceu algumas soluções utilizadas na Europa, Ásia e Estados Unidos. "Daqui para frente, todos os países que realizarem um leilão vão usar a rede privativa. Nossa experiência vai virar case", ressalta.