Atualmente, há uma grande variedade de fones de ouvido in-ear com diferentes tecnologias de alto-falantes (drivers) implementadas, sendo alguns até híbridos (utilizam mais de um tipo de driver). Mas qual delas é a melhor para se obter uma boa qualidade sonora? Descubra a resposta neste artigo!

Há uma década atrás, o custo de certos tipos de drivers era alto e não se tinha muitos intra-auriculares que utilizavam algo diferente de um driver dinâmico. Mas agora, com a ajuda da indústria chinesa de fones de ouvido, isso mudou e temos hoje no mercado diversos modelos mais acessíveis com projetos que envolvem diversas tecnologias de drivers. Entenda o que isso pode influenciar no desempenho sonoro dos IEMs (in-ear monitors).

O que são drivers dinâmicos, armaduras balanceadas (BAs), planar magnéticos e eletrostáticos (EST)?

Antes de falarmos sobre o desempenho que cada tecnologia de alto-falante (driver) pode trazer para os fones de ouvido in-ear, é necessário entender como é o funcionamento de cada uma delas e como elas reagem em um projeto híbrido [1], onde temos mais de um tipo de driver sendo utilizado.

[1] Artigo "O que são fones de ouvido in-ear híbridos? Eles são sempre a melhor escolha?"

Driver dinâmico (DD): os drivers dinâmicos (dynamic drivers ou DD) são o tipo mais comum e antigo de alto-falante que temos e é amplamente utilizado em in-ears, headphones e caixas de som. A maioria dos drivers dinâmicos é composta por um ímã circular, um diafragma e uma bobina colada a ele. Para gerar som, a bobina (voice coil) é encaixada em um sulco feito no ímã, o qual possui diferentes polos (na parte superior e inferior), onde através do fluxo magnético gerado pelo sinal elétrico (analógico), o diafragma vibra e gera ondas sonoras.

Funcionamento do driver dinâmico (DD). Crédito: MyNewMicrophone/Reprodução
Funcionamento do driver dinâmico (DD). Crédito: MyNewMicrophone/Reprodução

Armadura balanceada (BA): as armaduras balanceadas (balanced armatures ou BAs) eram utilizadas anteriormente em aparelhos auditivos, até que as empresas tiveram a ideia de utilizar um conjunto delas ou uma configuração solo (exemplo de fabricantes com modelos single BA: Etymotic Research e Klipsch) em in-ears e agora são implementadas amplamente em fones de ouvido de uma ampla faixa de preço. Uma grande vantagem de alto-falantes de armadura balanceada é a velocidade na geração de sons, graças a forma como o diafragma deste tipo de driver é vibrado. Para gerar som, uma BA utiliza 2 bobinas e dois imãs que são envoltos por armaduras que são ligadas por um pino. O sinal elétrico (analógico) gera um campo magnético que faz com que as pontas das armaduras oscilem fazendo com que que o pino que as liga mova o diafragma.

Funcionamento da armadura balanceada (BA). Crédito: MyNewMicrophone/Reprodução
Funcionamento da armadura balanceada (BA). Crédito: MyNewMicrophone/Reprodução

Planar magnéticos: os alto-falantes planar magnéticos (planar magnetic) estão cada vez mais populares nos fones in-ears. Anteriormente, somente a Audeze havia tentado utilizá-los em IEMs, mas agora diversas fabricantes estão tentando empregar a tecnologia em seus fones de ouvido. O princípio de funcionamento nos drivers planar magnéticos desenvolvidos para IEMs é o mesmo utilizado em headphones, ou seja, há duas placas de imãs enfileirados com um filme no meio (diafragma), que é transparente, flexível e possui finos fios elétricos passando por ele. Quando há corrente elétrica (sinal analógico) passando, é gerado um campo magnético que faz com que o filme vibre e gere som.

Funcionamento do driver planar magnético. Crédito: MyNewMicrophone/Reprodução
Funcionamento do driver planar magnético. Crédito: MyNewMicrophone/Reprodução

Eletrostáticos (EST): popularizados nos in-ears como Electrostatic Tweeters pela fabricante de armaduras balanceadas (BAs) Sonion em 2018, os drivers eletrostáticos (EST) para IEMs que foram implementados mais amplamente trouxeram o princípio da tecnologia utilizada há muito tempo por headphones e caixas de som para os sistemas portáteis. Entretanto, a tecnologia de drivers eletrostáticos em intra-auriculares foi implementada pela primeira vez em 2015 pela Shure com o lançamento do KSE1500. Basicamente o funcionamento do driver EST consiste na movimentação de uma membrana ultraleve (diafragma) com duas placas de metal perfuradas, onde o diafragma é movimentado através da aplicação uma alta carga elétrica estática nas placas por uma miniatura de um transformador passivo (recebe o sinal elétrico junto com todos os outros drivers).

Drivers dinâmicos, armaduras balanceadas (BAs), planar magnéticos e eletrostáticos (EST): Qual tecnologia é a melhor?

Infelizmente não tem como eleger uma tecnologia de alto-falantes (drivers) melhor para os fones in-ear, pois isso depende de uma série de fatores que devem ser levados em consideração no desenvolvimento de um fone de ouvido intra-auricular [2]. Mas é possível elencar os pontos positivos e negativos de cada uma.

[2] Artigo "Quantidade de drivers nos fones de ouvido é sinônimo de mais qualidade?"

Por ser uma tecnologia mais barata e fácil de se obter fornecedores (caso o fabricante não desenvolva seu próprio alto-falante), o driver dinâmico (DD) é uma das principais escolhas das empresas que pretendem lançar fones de ouvido mais baratos com uma boa qualidade de som. Entretanto, com a popularização das armaduras balanceadas, começamos a ver diversos modelos que utilizam BAs, incluindo projetos híbridos que utilizam ambas as tecnologias (BAs e DDs). Porém, na grande maioria das vezes, ao utilizar BAs, o desenvolvedor utiliza mais de um alto-falante, deixando o projeto mais complexo e difícil de se atingir um bom tuning sem um bom investimento em pesquisa e testes, algo que na maioria das vezes não acontece em IEMs (in-ear monitors) mais baratos, pois o custo é alto.

Pelo motivo citado acima, raramente você irá ver um fone de ouvido com múltiplos drivers de BA e/ou DD abaixo de US$ 100. O que nos leva a pensar que a melhor alternativa abaixo deste valor seja aqueles fones com um único driver dinâmico (single DD). Exemplos: Moondrop Quarks, Moondrop Chu, Final Audio E1000, Final Audio E3000, Audio Technica ATH-CK350, Etymotic ER2, Moondrop Aria, DUNU Titan S, Tin HiFi T3 Plus.

Indo para os in-ears com drivers planar magnéticos, começamos a encontrar um excelente desempenho sem a necessidade de se utilizar múltiplos drivers. Entretanto, há poucos exemplos de implementações feitas com sucesso. Os valores destes fones de ouvido intra-auriculares começam atualmente em cerca de US$ 150 como, por exemplo, o Letshuoer S12, e podem chegar a US$ 220, preço do 7Hz Timeless, considerado o melhor custo-benefício com este tipo de alto-falante em IEMs.

Por fim, temos os in-ears que utilizam drivers EST. Entretanto, além de serem opções mais caras (exemplo: Moondrop Variations), projetos de IEMs que utilizam essa tecnologia são híbridos, ou seja, possuem outros tipos de alto-falante trabalhando em conjunto como, por exemplo, BAs e DDs. Além disso, fones que utilizam drivers EST demandam um bom conhecimento em tuning para serem bem implementados e apresentarem um bom resultado, acabando por dificultar achar modelos com um uma sonoridade acertada, com coerência com o resto do espectro do som.

Esse artigo é feito em parceria com o Grupo Fones de Ouvido High-End: