No dia 27 de junho de 1972, nascia a Atari. Criada por Nolan Bushnell e Ted Dabney, a empresa não só inventou o primeiro sucesso comercial dos videogames como também estabeleceu as bases de toda uma indústria. Em 2025, a Atari completa 53 anos, e mesmo que ela já não esteja mais no topo do mercado, seu impacto ainda é sentido em cada console, jogo ou fliperama que existe por aí.
Tudo começou com uma nave espacial
Antes mesmo do fenômeno Pong existir, Bushnell e Dabney desenvolveram um jogo chamado Computer Space, em que o jogador controlava uma nave em combates contra inimigos. A ideia veio após Bushnell ver Spacewar!, um jogo criado por estudantes do MIT.
O projeto nasceu, mas na época a "empresa" ainda se identificava como Syzygy, nome original que pouco depois foi rebatizada como Atari. Esse novo nome vem de um termo usado em um jogo de tabuleiro japonês chamado Go, que significa algo como "você está prestes a ser derrotado", bem parecido com o xeque-mate do jogo de xadrez.
Em poucos meses, a dupla lançaria o jogo que mudaria tudo: Pong.
Pong abriu as portas para os consoles
Lançado em 1972, Pong era um jogo simples de tênis de mesa virtual. Dois jogadores controlavam barras verticais que batiam numa bolinha digital, e o objetivo era marcar pontos como no pingue-pongue de verdade. Mesmo com gráficos bem simples, Pong virou um sucesso absoluto nos arcades e, mais tarde, chegou aos lares dos americanos. A partir desse momento, a Atari começou a faturar milhões e abrir as portas para o mercado de consoles domésticos.
Foi então que em 1977, a Atari lançou o Atari Video Computer System, que depois ficou conhecido como Atari 2600. Para funcionar, o usuário podia inserir cartuchos com jogos que hoje são verdadeiros clássicos: Pac-Man, Asteroids, Space Invaders e muitos outros. O console conquistou o mundo e vendeu mais de 30 milhões de unidades.
Aquela era a "era de ouro" dos videogames, e a Atari estava no centro disso tudo. Mas nem tudo seria glória.
A derrocada da Atari
Em 1982 — apenas 10 anos desde o lançamento de Pong — a indústria já estava saturada. Jogos ruins começaram a inundar o mercado, e o caso mais emblemático foi E.T. the Extra-Terrestrial, lançado às pressas para aproveitar o sucesso do filme de Spielberg. O jogo era confuso, cheio de bugs e foi um fracasso de vendas tão grande que milhões de cartuchos foram devolvidos, muitos deles, segundo se dizia, acabaram sendo enterrados no deserto do Novo México. Isso virou lenda urbana até que escavações em 2014 confirmaram a história no documentário Atari: Game Over.
Com prejuízos bilionários, o mercado colapsou em 1983. Foi o chamado Crash dos Videogames, e a Atari, que era símbolo de inovação, virou sinônimo de crise.
Nos anos seguintes, a Atari mudou de donos várias vezes. Em 2001, a francesa Infogrames comprou os direitos da marca e, tempos depois, renomeou sua operação para Atari SA, que é a controladora da empresa até hoje.
Nos últimos anos, a Atari tem tentado equilibrar o saudosismo com modernização. Jogos como Haunted House, Yars Rising e Breakout Recharged são releituras modernas dos clássicos. Em 2025, a empresa prepara o lançamento de Fatal Run 2089, um jogo de corrida em mundo pós-apocalíptico para PC e consoles atuais.
Você sabia?
Como todo mundo adora curiosidades, separamos algumas que acabaram marcando a história da Atari. Por exemplo, você sabia que Steve Jobs e Steve Wozniak trabalharam na Atari? Jobs, inclusive, participou do desenvolvimento do clássico Breakout antes de fundar a Apple.
Outra curiosidade é que o primeiro easter egg da história dos videogames foi criado por um programador da Atari em Starship 1, lançado em 1977. E não podmeos esquecer que o clássico Pac-Man da Atari 2600, mesmo com gráficos simples, foi o jogo mais vendido do console.
O que a Atari representa hoje?
Aos 53 anos, a Atari talvez não seja mais uma potência, mas ainda carrega um respeito gigante. Ela representa a gênese da cultura gamer. Foi ela quem mostrou que jogos eletrônicos podiam ser mais do que diversão de laboratório: podiam ser uma forma de arte, uma indústria multimilionária e uma forma de conectar gerações inteiras enquanto se divertem.
Hoje, a Atari também atua em áreas como criptomoedas, apostas com blockchain, licenciamento de marca e até NFTs, tentando encontrar novos caminhos enquanto preserva seu legado.
Quer entender melhor dos games no Brasil?
Se você curte esse tipo de história, vale muito a pena assistir ao documentário 1983: O Ano dos Videogames no Brasil, produzido pelo meu amigo Marcus Garrett, pesquisador, autor e documentarista. Ele está disponível gratuitamente no YouTube e foi feito com com muito trabalho. Vale a pena assistir.