Wild Hearts chegou para ser uma nova opção no gênero de caçada, sendo um título que não busca de maneira alguma esconder sua grande inspiração em Monster Hunter, inclusive deixando bem expostos muitos elementos que foram retirados diretamente da famosa franquia da Capcom, que faz sucesso e está no top do gênero há muito tempo.

Enquanto utiliza muito do que os jogadores já conhecem de uma franquia consagrada, Wild Hearts poderia ter encontrado neste cenário um caminho seguro para abocanhar uma grande base de jogadores, que certamente poderiam buscar no jogo publicado pela EA algo semelhante ao que encontra nos títulos oferecidos pela franquia da Capcom. No entanto, Wild Hearts não é capaz de fazer jus ao nome que tenta emular e mostra estar muito abaixo da fonte na qual buscou inspiração.

Humanidade contra a natureza

Você é o herói de Azuma
Você é o herói de Azuma

Semelhante ao que vemos em Monster Hunter, Wild Hearts oferece um mundo no qual a humanidade está ameaçada por uma força colossal, que no caso são os Kemono, criaturas gigantescas capazes de destruir tudo que aparece à sua frente. Enquanto seres humanos vivem com medo, se refugiando em cidades que podem não resistir aos terríveis ataques das criaturas, o seu personagem surge como a última esperança para evitar a devastação total de Azuma, a cidade que você deve proteger.

Dominando os Karakuri, o personagem principal é capaz de criar equipamentos que são extremamente úteis contra as grandes criaturas, o que lhe oferece a chance de combater os colossos. Sendo assim, você embarca numa jornada que se resume a explorar ilhas, conseguir equipamentos, derrotar inimigos gigantes e combater Kemonos realmente colossais que ameaçam a existência de Azuma.

Em sua trama, o jogo tenta demonstrar de maneira um pouco mais profunda o conflito entre humanidade e natureza, por vezes apresentando até mesmo um grande respeito de certos personagens pelas criaturas, porém, o enredo nunca mergulha disso de fato, e para falar a verdade nunca se mostra verdadeiramente interessante com nenhuma proposta ou ideia. É um tanto raso, sem apresentar personagens realmente interessantes que possam tornar a sua aventura mais atrativa no que diz respeito à narrativa.

Combates demorados e não muito interessantes

Enquanto Monster Hunter consegue conquistar sua base de jogadores com combates emocionantes e empolgantes, Wild Hearts peca justamente em ponto que deveria aparecer como um de seus principais. Aqui, os combates são bastante demorados, normalmente duram mais de 25 minutos, e não conseguem se mostrar interessantes de fato em quase nenhum momento.

Com exceção de confrontos contra Kemonos mais colossais, a maior parte dos combates acaba sendo maçante e cansativa, seja pelos problemas técnicos do título ou pelos outros elementos como a falta de inimigos com movimentos interessantes.

Os combates não cativam de verdade
Os combates não cativam de verdade

Oferecendo oito tipos diferentes de armamentos, o jogo apresenta uma boa variedade de armas, no entanto peca ao utilizar seu arsenal. Fica a sensação de que o título carece de armas que satisfaçam mais o jogador, apresentando habilidades e diferenças realmente atrativas durante os confrontos. Na medida em que o corpo a corpo não consegue cativar tanto, o jogo parece ganhar outra cara quando o jogador utilizar o arco, o que pode até mesmo resultar em mais diversão e versatilidade durante os confrontos, algo que o game tem dificuldade para oferecer.

Os Kemono por sua vez apresentam diferentes golpes e características, mas também deixam exposto o quanto o jogo tem dificuldade em aproveitar seu próprio conteúdo para deixar o jogador interessado na jornada. São poucos os Kemono que chamam a atenção aqui, enquanto jogo definitivamente não é capaz de entregar qualquer batalha que seja memorável de fato. Quando entram em uma forma demoníaca, os Kemono podem até se mostrar mais interessantes, com a natureza corrompida se tornando uma verdadeira ameaça que torna o ambiente ao seu redor bastante inóspito, mas não é o suficiente para cativar de verdade.

O diferencial que não é o suficiente

Wild Hearts vê nos Karakuri a sua chance de brilhar, tornando-se um jogo com um diferencial se comparado a sua inspiração e outros títulos que tentaram buscar sucesso no gênero. Enquanto o combate não consegue ser cativante, com os Karakuri a realidade é quase outra... quase.

O fato é que utilizar as habilidades especiais do seu personagem para invocar equipamentos é divertida e acaba oferecendo uma dinâmica única aos combates. Em tempo real, você pode invocar armas, trampolins e barreiras, podendo fazer combos de construções para criar equipamentos que realmente fazem diferença na ação.

Alguns equipamentos podem prender Kemono e outros podem derrubá-los com golpes, assim como você também pode utilizar o Karakuri para recuperar sua vida ou até mesmo invocar uma grande barreira que te protegerá de investidas das grandes criaturas.

Além disso, os Karakuri também se mostram interessantes no que diz respeito à locomoção e travessia. Graças às habilidades de seu personagem, a travessia acaba aparecendo como um dos principais pontos do jogo, enquanto você pode usar diferentes equipamentos para se mover rapidamente, de maneira prática e divertida.

No entanto, as possibilidades do Karakuri não conseguem ser o suficiente para esconder os problemas do título, que despencam totalmente devido aos inúmeros bugs e problemas técnicos.

Extremamente bugado

O jogo tem muitos problemas técnicos
O jogo tem muitos problemas técnicos

Em minha jornada, encontrei diversos problemas diferentes em Wild Hearts. O visual do jogo deixa muito a desejar, com texturas muito abaixo do que esperamos de consoles da geração atual. Para complicar as coisas, o pop-in é um problema frequente em praticamente todos os cenários do jogo, o que acaba atrapalhando a experiência.

Além disso, o jogo também apresentou outros problemas como diálogos pulando falas automaticamente, personagens falando duas frases diferentes ao mesmo tempo e falhas no áudio. Em certos momentos, o jogo não contava com som para certos movimentos e ações, enquanto em outros todos os sons do jogo aconteciam com alguns segundos de delay.

O veredito

Wild Hearts poderia brilhar com os Karakuri, sendo um título com boas características únicas no gênero de caçada, porém acaba tropeçando feio em muitos outros problemas. Seus erros e falhas acabam prejudicando muito o resultado geral, tirando o peso de acertos como a travessia.

Com diversos bugs, o título ainda carece de polimento para conseguir apresentar uma jornada mais aceitável aos jogadores. Wild Hearts falha de maneira retumbante.

Wild Hearts
5.5
Prós
  • Travessia
  • Uso dos Karakuri é interessante
Contras
  • Batalhas cansativas
  • Kemono são esquecíveis
  • Muitos bugs e problemas técnicos
  • A jornada não é cativante