The Last of Us Part I é certamente um dos jogos mais polêmicos de 2022, se não estiver no topo dessa lista. Escrever esse review também se mostra extremamente complicado, pois o jogo lançado em 2013 é digno de todos os elogios possíveis e combina perfeitamente com notas altas, mas a situação muda por completo quando falamos de um remake.

Manter-se igual significa continuar com todas suas qualidades, que já eram bem atuais, afinal 2013 não faz tanto tempo assim. O grande problema é que para um remake, manter-se igual não deve ser o suficiente, ainda mais no contexto que temos aqui. The Last of Us não está ultrapassado por pertencer a outra era. O jogo clássico não entrega mecânicas e outros elementos tão defasados assim. É importante lembrar que o título foi lançado até mesmo na oitava geração de consoles em sua versão remasterizada. Então, por quê lançar um remake?

O que justifica o remake?

Imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net
Imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net

Querem lançar um remake? Pois bem, que lancem. Mas então encontramos outro problema: O que justifica o remake? Quais são as mudanças que dão sentido ao lançamento na atual geração? O cenário se torna ainda menos compreensível quando o valor cobrado pelo remake é altíssimo, o que exige ainda mais uma justificativa para tal lançamento.

The Last of Us é incrível. Sempre foi. É uma jornada extremamente satisfatória, com ótimo enredo, excelentes personagens e muitos momentos marcantes. Mas estamos falando do lançamento de 2013. E o remake? O remake já é outra história. Ter as qualidades que já conhecíamos não o justifica.

Um excelente visual

Vamos começar com elogios. The Last of Us Part I é extremamente lindo. A Naughty Dog segue mostrando que é capaz de extrair o máximo de cada geração de consoles no momento em que lança seus títulos. O remake de The Last of Us certamente o diferencia do lançamento original quando falamos de gráficos.

Tudo aqui está nitidamente evoluído. Personagens, cenários, expressões faciais... tudo tem um belo nível. Se os personagens parecem mais realistas do que vimos no primeiro lançamento, outros detalhes que merecem atenção dão ainda mais destaque ao jogo, como a excelente iluminação que pode ser percebida em diversos momentos.

Ótima ambientação

Já que estamos falando em visual, também podemos chegar na ambientação. Desde o primeiro lançamento a Naughty Dog mostrou apresentar alto nível no que diz respeito a esse elemento em seus jogos. The Last of Us e The Last of Us Part II tem a ambientação com grandes características, com isso servindo extremamente bem para aumentar ainda mais a imersão dos fãs e moldar a atmosfera do jogo.

Com um visual aprimorado, e por ter sido refeito para o PS5, The Last of Us Part I entrega uma ambientação acima de sua versão original. Você certamente perceberá diferença nos ambientes, seja explorando interiores ou áreas abertas. A vegetação aqui é mais impressionante, assim como os mínimos detalhes de cada cenário são mais perceptíveis e aparecem em maior número, tornando a jornada mais interessante e robusta.

Imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net
Imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net

É o suficiente?

The Last of Us Part I soube aproveitar o poder do PlayStation 5. Isso nós não podemos negar. A evolução gráfica do título é verdadeira, ainda que o lançamento da versão remasterizada não tenha sido há tanto tempo. O remake oferecido pela Naughty Dog é realmente um título de nova geração, com tudo que a mesma pode oferecer. Mas devemos bater na mesma tecla: O que justifica o remake? A evolução gráfica é o suficiente? Até porque não é como se o lançamento original possuísse gráficos terríveis de gerações muito defasadas. Até aqui seguimos na mesma... o remake ainda não foi justificado.

Outros aspectos técnicos

Falando em variados aspectos técnicos, The Last of Us Part I também entrega melhorias interessantes. Com o poder da nova geração, a atuação do elenco do jogo original, que não precisou ser refeita, ganha mais destaque aqui. Dessa maneira, as expressões faciais e corporais impressionam bem mais, apresentando um alto nível de realismo. Tudo isso faz com que as cenas do jogo ganhem um peso maior, com mais carga dramática. Se antes a trama já era forte, agora com os momentos valorizados a jornada tem ainda mais emoção em diversos momentos.

Falando no áudio, também é preciso elogiar. Cada situação aqui ganha ainda mais imersão devido ao excelente trabalho de áudio no jogo. Tal trabalho permite que tudo tenha mais vida e seja sentido de uma maneira muito mais íntima pelo jogador. A tensão aumenta, a sensação de urgência em momentos de perigo também, e muitas situações se tornam mais imersivas e memoráveis.

Imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net
Imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net

É o suficiente?²

Voltamos para a pergunta do milhão. É o suficiente? A resposta ainda é a mesma. E o jogo original pode nos ajudar a entender. O primeiro The Last of Us também já entregava um nível extremamente alto em muitos aspectos técnicos, e novamente temos que lembrar que seu lançamento não faz tanto tempo assim. O remake lançado agora seria muito mais valorizado caso seu lançamento original tivesse sido em gerações mais distantes. Mas não podemos ignorar que esse não é o caso. Isso tira boa parte do brilho das inovações. O remake está apenas aprimorando o que já era excelente.

DualSense

Devo afirmar que senti que The Last of Us Part I é um dos jogos que melhor utiliza o controle do PlayStation 5. O DualSense mostra suas possibilidades em diversos momentos do jogo, e certamente faz diferença durante a jornada. Voltando a falar de imersão, aqui ela também está maior graças ao controle da nova geração da Sony.

É o suficiente?³

Senti que seria necessário citar o DualSense, mas acredito que essa pergunta talvez nem precisasse ser respondida, não é mesmo? Justificar um remake de preço tão caro com a utilização de um controle seria lamentável.

A jogabilidade

Agora sim chegamos na questão mais problemática de The Last of Us Part I. Considerando o fato do remake já parecer bastante desnecessário quando foi anunciado, devemos admitir que então ele deveria pelo menos aprimorar aquilo que mais carecia de mudanças, certo?

A Naughty Dog parece não concordar. The Last of Us Part I em certos momentos parece mais um remastered. A jogabilidade não ganhou melhorias que impressionam, nem mesmo foi modificada. Se antes você achava a movimentação um pouco travada e gostaria de mais mobilidade, aqui ficará com a mesma sensação. Se você espera algo semelhante com o que viu em The Last of Us Part II, você não encontrará.

A Naughty Dog não se deu nem ao trabalho de colocar a excelente esquiva que temos na sequência, ou pelo menos a possibilidade de rastejar. Mecânicas que fazem total diferença no gameplay e combate da continuação não estão aqui, e elas certamente melhorariam muito esses elementos no remake. Em certo momento foi dito ao público que tais mecânicas não poderiam ser acrescentadas pois "quebrariam o jogo". Mas para que fazer um REMAKE se você não pode inovar de fato?

Imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net
Imagem: Gregory Felipe/Oficina da Net

O veredito

The Last of Us é um jogo excelente. O original. O remake deixa a desejar. Entenda que aqui a jornada ainda será empolgante e extremamente divertida, sendo certamente uma experiência muito interessante. Porém lembre-se que se trata de um remake que não se justifica de maneira alguma.

Não estou afirmando que um fã não deve conferir ou que um novo jogador não deve embarcar na aventura de Joel e Ellie, mas tenho que afirmar o quanto o título se mostra desnecessário pelo valor que é cobrado. The Last of Us ainda não precisava de um remake, muito menos da maneira que recebeu. Se o lançamento original era excelente, o remake é apenas bom... quase ficando abaixo disso. Caso o título original fosse alguns anos mais velho, nossa conversa já seria outra. Mas a verdade é que no contexto atual, o remake faz muito pouco.

The Last of Us Part I
7.5
Prós
  • Visual aprimorado
  • Ótima ambientação
  • Um jogo de nova geração
Contras
  • O remake não se justifica
  • A jogabilidade precisava de mudanças