Geralmente, o lançamento da trilha sonora de um game (Original Soundtrack) é bem tranquilo, entretanto DOOM Eternal teve alguns conflitos sobre a sua OST de 59 faixas. Isso ocorreu devido a um desacordo entre a publicadora Bethesda e o compositor com relação a qualidade de uma boa parte da obra musical criada para o novo título.

Tudo começou no mês passado (abril), quando o álbum da OST de DOOM Eternal foi lançado (após alguns atrasos). Fãs da franquia começaram a notar que diversas faixas soavam "lisas", sem dinâmica no som, quando comparadas as músicas de DOOM (2016). Ao ler estas queixas, Mick Gordon rapidamente tirou sua culpa sobre este fato publicamente, através de uma postagem na rede social Twitter.

"Eu não fiz a mixagem destas e não teria feito desta forma. Você poderá identificar as pequenas faixas que eu mixei (Meathook, Command and Control, etc ...)"

Diferença entre música da trilha sonora de DOOM (2016) e música de DOOM Eternal. Fonte: Twitter
Diferença entre música da trilha sonora de DOOM (2016) e música de DOOM Eternal. Fonte: Twitter

Mas palavras depreciativas de Mick Gordon sobre a trilha sonora de DOOM podem ser achadas até o mês de janeiro, momento em que ele comenta no YouTube dizendo "Fato curioso: todas estas são estupidas mudanças de assinatura de tempo. Isso é o resultado de alguém do marketing montando músicas sem nenhum conhecimento musical".

As reclamações prosseguiram por mais algumas semanas, chegando ao ponto de haver "ataques diretos e pessoais" contra o principal designer de áudio da iD Software, Chad Mossholder, nome que aparecia nas faixas em que estava havendo queixas sobre a qualidade.

Em defesa de Chat, e de todo o processo de criação da trilha sonora do game, o produtor de Doom Eternal da iD Software, Marty Stratton, resolveu redigir um texto mostrando o lado do estúdio e colocando detalhes sobre o motivo da colaboração de Mick Gordon ter sido limitada durante a criação da OST. É um relatório um tanto quanto minucioso, mostrando que o lançamento da trilha sonora foi adiado várias vezes devido ao fracasso de Mick em enviar as músicas a tempo, e por conta disso, o produtor musical concordou em trabalhar com Chad para acelerar o processo de criação das músicas e garantir que as faixas fossem entregues a tempo. Inclusive é falado que Mick diz que estava chateado por Chad ser considerado "co-compositor", quando na verdade ele era citado como "artista colaborador", para mostrar para os fãs que nem todas as faixas foram de autoria de Mick Gordon.

Confira abaixo as principais partes do texto publicado por Marty Stratton no Reddit:

"Na E3 do ano passado, anunciamos que o OST seria incluído na versão DOOM Eternal Collector's Edition (CE) do jogo. Naquele momento, não tínhamos Mick sob contrato para o OST e, devido a problemas contínuos no recebimento da música necessária para o jogo, não queríamos adicionar a distração naquele momento. Após discussões com Mick em janeiro deste ano, chegamos a um acordo geral sobre os termos para a entrega do OST no início de março - a tempo de cumprir o compromisso do consumidor de incluir o OST digital no DOOM Eternal CE no lançamento. Os termos do contrato OST com Mick eram semelhantes ao contrato no DOOM (2016), pois exigia que ele entregasse um mínimo de 12 faixas, mas adicionou bônus para entrega pontual. O acordo também oferece a ele controle criativo completo sobre o que ele entrega.

Em 24 de fevereiro, Mick entrou em contato para comunicar que ele e sua equipe estavam bem com os termos do contrato, mas que havia muito mais trabalho envolvido do que o previsto, muito conteúdo a percorrer e que, enquanto estava progredindo, estava demorando mais que o esperado. Ele pediu desculpas e pediu que "idealmente" ele recebesse mais quatro semanas para reunir tudo. Ele ofereceu que o tempo extra lhe permitiria fornecer mais de 30 faixas e um tempo de execução em duas horas - incluindo todas as músicas do jogo, organizadas em formato de trilha sonora e, como ele achava, representaria melhor a pontuação da melhor maneira possível.

A solicitação de Mick foi atendida, permitindo uma extensão ainda mais longa de quase seis semanas - com uma nova data de entrega final, em meados de abril. Nessa comunicação, notamos nossa compreensão de que ele precisava de tempo extra para garantir que o OST atendesse à sua barra de qualidade e até mudou o pagamento de bônus pela entrega pontual para se alinhar às novas datas, para que ele ainda pudesse receber a compensação total pretendida, que ele vai. No início de março, anunciamos via Twitter que o componente OST no DOOM Eternal CE estava atrasado e não estaria disponível como originalmente previsto.

É importante observar, neste ponto, que não apenas ficamos desapontados por não entregar o OST com o lançamento do CE, como também precisamos estar atentos às leis de proteção ao consumidor em muitos países que permitem aos clientes exigir um reembolso total de um produto, se um O produto não é entregue na data de disponibilidade anunciada. Mesmo com isso, a entrega em meados de abril nos permitiria cumprir nossos compromissos com os clientes, além de permitir a Mick o tempo que ele idealmente solicitava.

Quando chegamos a abril, ficamos cada vez mais preocupados com o fato de Mick entregar o OST a tempo. Pessoalmente, pedi ao nosso Lead Audio Designer da id, Chad, para começar a trabalhar nas versões id das faixas - um plano de backup que Mick não consiga entregar a tempo. Para concluir isso, Chad precisaria levar todas as músicas que Mick havia entregado para o jogo, editar as peças em faixas e organizar essas faixas em um OST abrangente.

É importante entender que existe uma diferença entre música mixada para inclusão no jogo e música mixada para inclusão no OST. Várias pessoas notaram essa diferença ao observar as formas de onda, mas entenderam mal por que há uma diferença. Quando uma faixa parece "emparedada" ou como uma barra, onde os altos e baixos extremos da faixa dinâmica são cortados, é assim que recebemos a música de Mick para inclusão no jogo - em fragmentos pré-misturados e pré-compactados por ele. Os fragmentos de música que ele entrega então entram no nosso sistema de áudio e são combinados em tempo real enquanto você joga o jogo.

Como alternativa, ao misturar e masterizar para um OST, Mick começa com seu material de origem (ao qual normalmente não temos acesso) e re-mistura para o OST para garantir que os altos e baixos não sejam cortados - como visto em seus 12 OST faixas. Tudo isso é importante notar, porque Chad só tinha esses fragmentos de jogos pré-misturados e pré-compactados de Mick para trabalhar na edição das versões id das faixas. Ele simplesmente editou a mesma música que você ouve no jogo para criar um OST abrangente - embora algumas das edições precisassem de pequenos ajustes de volume para evitar mais recortes."

Marty finaliza seu texto dizendo que a iD Software não estará mais trabalhando com Mick Gordon no próximo DLC de Doom Eternal e ao mesmo tempo deseja o melhor para o seu futuro.

"Quanto ao futuro imediato, estamos no ponto de seguir em frente e não trabalharemos com Mick no DLC que temos atualmente em produção. Como mencionei, sua música é incrível, ele é um talento raro, e espero que ele ganhe muitos prêmios por sua contribuição ao DOOM Eternal no final do ano.

Estou tão decepcionado quanto qualquer um que esteja neste momento, mas como já fizemos muitas vezes, nos adaptaremos às novas circunstâncias e perseguiremos os artistas mais exclusivos e talentosos do setor com os quais colaborar. Nossa equipe desfrutou bastante dessa colaboração criativa e sabemos que Mick continuará encantando os fãs por muitos anos à frente."

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