Mais uma pertinente dúvida sobre o covid-19 ronda por aí, dúvida ou crença essa que se torna um tópico importante para que a população entenda melhor a amplitude do contágio do vírus e o quão frágil é o sistema de prevenção.

O covid-19 pode ser transmitido por inúmeros canais, mas todos implicam contato direto ou indireto e proximidade relativa de alguém infectado. Pode parecer óbvio que não devemos nos aproximar de alguém que está espirrando e que devemos manter pessoas com suspeita de covid-19 em isolamento. Porém, nem todos os infectados apresentam algum sintoma. Existem aqueles chamados de assintomáticos, pessoas que carregam o vírus mas não desenvolvem febre, dores ou dificuldades respiratórias.

Quase metade dos infectados podem ser assintomáticos

Há não muito tempo se estimava que esse percentual de infectados não passasse de 20% de todos os infectados, mas hoje já se falam em quase metade de todos os infectados simplesmente não desenvolverem sintoma algum. Um estudo publicado no Annals of Internal Medicine afirma que cerca 45% dos infectados com o coronavírus não demonstram sintomas. Isso é muito relativamente positivo ao se pensar que quase metade dos infectados não sofrem riscos à saúde, porém torna o controle da doença ainda mais difícil e implica em uma grande e importante dúvida: Afinal, quem não desenvolve a doença, mas possui o vírus, pode infectar outros?

Sim, assintomáticos também podem infectar

A resposta mais recente e direta veio da própria OMS na metade de junho - Sim, só não se sabe o quanto. Ou seja, assintomáticos podem passar o coronavírus a adiante, mas ainda não se sabe a amplitude desse contágio em comparação aos infectados.

A chefe do programa de emergências da entidade, Maria van Kerkhove, chegou a declarar que parece ser "rara" a transmissão da Covid-19 por pacientes sem sintomas da doença.

Michael Ryan, diretor de emergências da OMS também afirmou que "Estamos absolutamente convencidos de que a transmissão por casos assintomáticos está ocorrendo, a questão é saber quanto".

Após muitos questionamentos, Kerkhove explicou melhor a situação. A maioria das transmissões parece ocorrer a partir de pessoas que demonstram sintomas. Elas ocorrem em sua maior parte através de gotículas infectadas no ar e em superfícies que acabam por entrar em contato com outras pessoas. Essas mesmas gotículas são muito mais presentes em quem está tossindo com frequência, por exemplo. Por isso as máscaras são uma grande proteção, elas funcionam muito mais para quem está infectado não espalhar essas gotículas do que quem não está se proteger efetivamente através das vias respiratórias.

Kerkhove chegou ainda a afirmar que algumas estimativas sugerem que "entre 6% e 41% da população podem estar com o vírus, mas não apresentar os sintomas." Porém, a oficial da OMS completou que é um mal entendido aplicar

Por isso o sistema de prevenção deve ser cauteloso e rígido. Não sabemos quem está infectado, e talvez nós mesmo podemos estar e não desenvolver nenhum sintoma. Contudo, ao sair sem máscaras, não utilizar álcool gel ao entrar e sair de estabelecimentos ou do transporte público e outras ações que vão de antemão às recomendações médicas nós podemos estar infectando outras pessoas, mesmo que sem querer, e que por sua vez possam acabar por desenvolver uma versão grave da doença. Sabendo disso, a responsabilidade e atenção individual nessa pandemia cresce.

Assintomáticos e os pré-assintomáticos

Há a possibilidade de contágio e antes mesmo que exista tempo de se desenvolver qualquer sintoma, você já pode transmitir o coronavírus. Esses são chamados de pré-assintomáticos, pessoas que estão infectadas, não possuem sintomas mas estão para desenvolvê-los em pouco tempo. A identificação desses é simples, uma pessoa deve testar positivo e não apresentar sintomas para então desenvolvê-las, já a identificação de um assintomático de verdade implica em múltiplos testes ao longo de um período prolongado, todos apontando positivo para covid-19, mas sem em momento algum essa pessoa apresentar sintomas.

Porém, a vasta maioria dos assintomáticos vai passar despercebida e nem nunca vai realizar um único teste para covid-19. Dito isso, é muito mais difícil identificarmos a dimensão de infectados no Brasil e no mundo. Hoje, com 1.674.655 de casos confirmados em nosso país, esse número possui uma já evidente subnotificação mesmo entre aqueles que desenvolvem a doença. Tendo isso em vista e pensando em um percentual de possíveis 40% de assintomáticos, o Brasil teria ultrapassado facilmente a marca de 3 milhões de infectados. Dito isso, é sempre bom reforçar os métodos de prevenção, que incluem o distanciamento social, evitar aglomerações e o contato humano, utilizar sempre máscaras fora de casa e higienizadores de mãos.