Pesquisadores da Lewis Katz School of Medicine, na Universidade Temple em parceria com o Centro Médico da Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos, conseguiram eliminar o vírus do HIV de animais vivos. O estudo foi publicado nesta terça-feira (2) no Nature Communications e representa um enorme avanço na cura contra a AIDS. 

O estudo mostra que, unindo tratamento para impedir a multiplicação do vírus HIV seguido de uma terapia de edição genética é possível remover o vírus de células e órgãos de animais infectados.

Grupo de pesquisadores dos EUA responsável pela descoberta de um tratamento efetivo contra o vírus do HIV.
Grupo de pesquisadores dos EUA responsável pela descoberta de um tratamento efetivo contra o vírus do HIV.

Atualmente, os tratamentos para HIV são baseados em Terapia Anti-Retroviral, que consiste em inibir a replicação viral, restaurando a imunidade do paciente. Isso significa que o vírus para de se multiplicar, mas não é eliminado - o que faz com que essa solução não seja a cura para a AIDS.

Trabalhos antigos testaram a edição genética em animais. Em ratos de laboratório foi comprovado que esse sistema conseguia retirar grandes fragmentos de DNA do HIV das células vivas, afetando bastante a "expressão genética" do vírus. Mas foi comprovado também que apenas esse tratamento não conseguia curar totalmente a AIDS.

Foi então que os pesquisadores testaram uma combinação: a edição genética (CRISP-Cas9) junto de uma variação da terapia Anti-Retroviral, mas que é de longa duração e lenta efetividade (conhecida como LASER ART em inglês).

Os pesquisadores agora estão otimistas em relação ao futuro: "Temos um caminho mais claro a seguir em testes com primatas e possivelmente em testes clínicos com humanos dentro de um ano" disse um dos médicos envolvidos no projeto, Dr. Kamel Khalili, da Universidade de Temple.   

Como funcionou a pesquisa

Resumidamente, os pesquisadores manipularam a genética de camundongos de forma que eles produzissem células T humanas - que são suscetíveis a infecção pelo HIV. Uma vez com a doença, os animais foram tratados com o LASER ART e logo em seguida com o CRISP-Cas9. Isso significa que os medicamentos foram manipulados de forma a serem absorvidos mais lentamente pelas células, acompanhando o ciclo do HIV, seguido da edição genética. 

No final do período de tratamento, os camundongos foram examinados e foi constatado que um terço deles havia eliminado totalmente o DNA do HIV de seus organismos.

Fonte: eurekalert