A NASA divulgou hoje os finalistas da competição que escolherá um projeto voltado na área da robótica para uma futura missão em nosso Sistema Solar. A competição faz parte de um programa chamado New Frontiers.

Um dos escolhidos promete retornar uma amostra de cometa para a Terra enquanto que o outro deseja explorar diferentes partes da lua Titã de Saturno (e assim ver se ela pode hospedas vida).

A primeira missão, encabeçada pelo professor Steve Squyres da Cornell University, batizada de CAESAR, ou Comet Astrobiology Exploration Sample Return (Exploração Astrobiológica de Retorno de Amostra de Cometa) envolverá o envio de uma nave espacial ao cometa Churyumov-Gerasimenko, aquele mesmo cometa que recentemente foi explorado pela Agência Espacial Europeia. Na ocasião eles conseguiram o surpreendente feito de pousar uma sonda no corpo celeste enquanto ele passava pela Terra e tinha uma velocidade aproximada de 135 mil km/h. O objetivo dessa nova missão é coletar pelo menos 100 gramas de amostras da superfície e depois trazê-las de volta à Terra.

Tal coleta será focada nos compostos orgânicos que constituem todos os seres vivos e assim tentar entender como as cometas contribuíram para a vida na Terra. "Os cometas estão entre os objetos mais importantes do ponto de vista científico no Sistema Solar, mas também estão entre os mais mal compreendidos", disse Squyres em uma coletiva de imprensa. "Eu acho que vai produzir uma revolução na ciência nas próximas décadas".

A CESAR irá retornar à Terra depois de 14 anos de seu lançamento
A CESAR irá retornar à Terra depois de 14 anos de seu lançamento

A segunda missão, liderada por Elizabeth Turtle do Johns Hopkins Applied Physics Laboratory, chama-se Dragonfly e envolverá o envio de um robô-drone para a superfície de Titã, uma das luas de Saturno. Titã é considerado um dos melhores candidatos para a vida fora da Terra por uma série de fatores.

A missão Dragonfly propõe um quadricóptero duplo (um drone com 4 pares de hélices), que irá se mover de um local para outro e assim fazer diversas medições, incluindo do que a superfície é feita, como são dispostas suas camadas e quais as condições atmosféricas do satélite.

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O programa New Frontiers da NASA tem como objetivo desenvolver missões que busquem explorar planetas e corpos no Sistema Solar. As missões concebidas através do programa são consideradas de "classe intermediária", o que significa que elas não são tão caras quanto as grandes missões da agência, e que chegam a custar bilhões de dólares, como o rover Curiosity enviado a Marte.

Ainda assim, essas missões de classe média geralmente tem o orçamento em torno de US$1 bilhão, tornando-os um pouco mais caros do que as missões menores de descoberta da agência espacial - como a nave espacial Dawn que está orbitando o planeta anão Ceres - que custam algo em torno de menos de 500 milhões de dólares.

Até hoje, três missões foram criadas através do programa New Frontiers que, aliás, estão neste momento explorando o Sistema Solar: a nave espacial New Horizons que sobrevoou Plutão, a sonda Juno que foi até a órbita de Júpiter e a nave espacial OSIRIS-REx, que está a caminho de pegar amostras do asteroide Bennu.

A NASA começou a aceitar propostas para uma quarta missão em dezembro do ano passado, e todas as envios tiveram que ser enviadas até 28 de abril. As propostas tiveram que seguir seis diferentes temas de exploração que foram considerados prioridade pela comunidade científica:

  1. Trazer de volta as amostras de uma cometa
  2. Trazer de volta amostras do polo sul da Lua
  3. Viajar para Titan ou Enceladus para entender se essas luas de Saturno podem hospedar a vida
  4. Descobrir a composição da atmosfera de Saturno
  5. Alcançar os asteroides na órbita de Júpiter
  6. Estudar a atmosfera e a crosta de Vênus 

 

Além da apresentação dos finalistas, a NASA também anunciou a seleção de duas outras missões que ainda se encontram em fase conceitual. Um chama-se Enceladus Life Signatures and Habitability e visa desenvolver técnicas para evitar que uma nave espacial proveniente da Terra contamine outros planetas para a qual for enviada. O segundo, chamado Invasão Venus In situ, visa melhorar o instrumento necessário para estudar rochas nas condições severas de Vênus.

As finalistas foram escolhidas pela NASA em um conjunto inicial de 12 propostas. Os finalistas terão agora um ano para aprimorar sua ideia, avaliar os riscos e então chegar a uma proposta final.

A NASA escolherá o vencedor em julho de 2019, e as missões serão lançadas até o final de 2025.