Se o sistema de gestão da qualidade for comparado a uma orquestra, o gestor é o maestro. Mas além de reger os músicos (processos), ele também deve ajudar na afinação dos instrumentos (atendimento aos requisitos da norma)!

Ele deve continuamente observar e acompanhar os processos que façam parte do SGQ, a fim de verificar se estão em conformidade com a norma e se não sofreram alterações. Num período como esse em que muitas empresas estão adequando seus processos, procedimentos e IT´s para a nova versão da ISO 9001, ele é que deve orientar a todos sobre a real interpretação dos requisitos. Para isso é preciso que tenha esmiuçado a norma e verificado se sua interpretação é condizente, comparando com outros profissionais e ajustando sua visão. Só assim ele será capaz de orientar de forma correta.

É um aprendizado muito útil e um exercício que recomendo: a leitura e releitura da norma e a busca por outras opiniões. Tenho visto auditores e consultores pedirem coisas absurdas com a tarja de que são necessárias para atender a norma, quando na verdade não passam de uma má interpretação dos requisitos… A ISO 9001 na verdade é uma das normas mais flexíveis e fáceis de atender, mas tem gente que a recobre de uma aura quase cabalística, privilégio de poucos iniciados. E quem cai facilmente nessa conversa são gestores despreparados, que não buscam conhecer a fundo nem a norma nem os processos da organização.

Portanto, atuar como consultor interno é uma grande responsabilidade, mas também uma oportunidade de ganhar visibilidade para seu trabalho e para você, desde que seja coerente! Não pense que é simples. Sua opinião e sugestões serão questionadas pelos colegas e por auditores; é preciso que estejam bem embasadas para ganharem os possíveis debates e de quebra, o respeito dos outros.

Ser consultor interno é ser uma referência dentro do seu microcosmo, e quanto mais você acumula e aprofunda o conhecimento sobre os processos e sobre a norma, aumenta sua assertividade e se tornam mais claras as possibilidades de sucesso das suas intervenções. Mas não se trata de ser o “dono da verdade”, principalmente no que diz respeito aos processos. O conhecimento que adquirir será útil, mas não determinante. Tenha sempre em mente que quem executa o processo é geralmente seu maior conhecedor e sabe (ou deve saber) causas, efeitos e limitações, força e fraqueza do processo. É preciso ter humildade e reconhecer quando não se é o autor da melhor idéia, incentivar os outros na busca das soluções. Exaltar quem acerta, sem execrar quem erra…

Quando atua como consultor interno, o profissional da qualidade tem que cultivar a empatia, a resiliência, a ponderância… Precisa ser flexível sem chegar a ser conivente com falhas; não impor, mas sugerir mudanças. Buscar sempre o consenso. (Não falei que era difícil???). É preciso ganhar seu espaço mostrando que está ali para somar, para ajudar, não para mandar e controlar. Quando isso acontecer, você será visto como um facilitador, as pessoas irão procurá-lo para pedir sua opinião e suas idéias.

E isso, posso garantir, não tem preço!!! Compre essa briga e verá o quanto você pode crescer e se desenvolver profissionalmente, quanto conhecimento vai acumular e o quanto ele será útil no seu futuro!

Não esqueça que a Qualidade é feita principalmente de pessoas e, obviamente, pessoas mais capacitadas podem gerar uma Qualidade melhor!!! Faça tudo para ser, então, uma pessoa assim! O futuro da Qualidade agradece…