Poucos tem noção de que a indústria naval é extremamente poluidora, e o motivo não é somente pela quantidade de embarcações, mas também pelo uso do "bunker fuel", que nada mais do que um óleo residual pesado extremamente poluidor. O combustível utilizado por navios cargueiros de alto mar utiliza o bunker fuel, que é o resto do processo do refino da gasolina, do diesel e de outros hidrocarbonetos leves. Dito isso, não é surpresa que no site NPR, durante um podcast científico, foi feita a seguinte afirmação:

"Se todos os navios na Terra fossem um único país, esse país seria o sexto maior poluidor do mundo."

Porém, há algo bom na indústria naval, apesar de sua pegada de carbono (carbon footprint em inglês) ser altíssima, que é a vontade de mudar a situação desenvolvendo novas tecnologias a fim de evitar esta poluição. De acordo com a repórter Rebecca Hersher no NPR:

"eu faço reportagem de muitas grandes indústrias pesadas como poluição como repórter climática. E a indústria naval tem algo a oferecer, que é bem legal, que é que eles reconheceram publicamente que têm um problema - eles estão sujos [...] segundo eles, estão realmente tentando mudar isso, o que é bom."

Maersk, a maior empresa de transporte marítimo do mundo, vem para provar a quão aberta a indústria naval está. Segundo a empresa, a companhia se comprometeu a reduzir a emissão de carbono a zero até 2050. O plano por incrível que pareça já está traçado e não será uma inovação tecnológica futurista de ponta, é algo que já foi desenvolvido há algumas décadas, mas que só agora as empresas vêm procurando utilizar, as células de combustível de hidrogênio.

Durante a conferência Maritime Hybrid & Electric que ocorreu no mês passado na Noruega, houve muitos debates acerca da implementação de células de combustível com emissão zero para um futuro bem próximo. Durante o evento, o diretor da Hyon, Tomas Tronstad, explanou sobre o avanço das células de combustível de hidrogênio em seu setor dizendo:

"Realmente há uma pressão dos reguladores, uma pressão dos operadores estatais usando seu poder de compra e uma força do governo e autoridades que oferecem co-financiamento. Também há uma atração por parte dos operadores, porque eles querem ser ecológicos."

Jan-Erik Rasanen, diretor de novas tecnologias da Foreship, chegou a discutir sobre o interesse surpreendente da frota de navios mercantes para a adoção da tecnologia de células de combustível de hidrogênio, durante a conferência Riviera’s Maritime Hybrid & Electric, que você pode conferir aqui.

Uma análise recente do site seatrade-maritime nos mostrou que já é possível a construção de embarcações movidas a hidrogênio com zero emissão de carbono. Na matéria é mostrado um iate francês que já possui implementado um sistema de produção de hidrogênio a bordo. Chamado de Energy Observer, o catamarã produzido pela America's Cups recebeu um motor elétrico com uma célula a combustível de hidrogênio. De acordo com o relatório, o processo de produção de energia para o barco acontece da seguinte forma:

"o hidrogênio é produzido a bordo usando uma usina de dessalinização para produzir água fresca, onde um eletrolisador de membrana de troca de prótons (PEM) divide os átomos de hidrogênio do componente de oxigênio das moléculas de água e uma unidade de compressão que bombeia o hidrogênio líquido para tanques de armazenamento."

Como se não bastasse, o catamarã ainda conta com painéis solares fotovoltaicos para obter energia extra que é armazenada em baterias de íons lítio.

O diretor do projeto do Energy Observer, Louis-Noël Viviès, disse ao site Seatrade Maritime News que embora a embarcação criada esteja longe da escala de um navio cargueiro de alto mar, é possível ampliar a tecnologia.

Catamarã Energy Observer. Fonte: seatrade-maritime
Catamarã Energy Observer. Fonte: seatrade-maritime

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Fonte: oilprice, seatrade-maritime, rivieramm, npr, vancouversun