E cá estamos nós falando novamente sobre problemas de privacidade nas redes sociais, isso me fez lembrar de uma ocasião, anos atrás em uma conversava com uma amiga sobre segurança e privacidade, lembro dela perplexa ao saber sobre as permissões de um aplicativo bem específico, que ela usava muito, o Facebook Messenger! Isso foi em 2015!

Agora, só agora em 2019, isso está vindo a tona?! Estranho não?!

A grande questão é que os vazamentos de informações andam nos ajudando mais que nos prejudicando, visto que tais fatos, vem expondo o que algumas empresas sempre fizeram. 

A captação de informações feitas por empresas como Apple, Google, Amazon, Facebook e, ainda, algumas fabricantes de smartphones, sempre aconteceu e com o seu consentimento!

Segundo informações, as equipes externas contratadas pelo Facebook, não tinham conhecimento sobre onde os áudios eram gravados ou de que forma eram obtidos, somente tinham a função de transcrevê-los.

Essas equipes ouviam as conversas dos usuários do Facebook, independente de seus conteúdos, faziam sua transcrição, mas não tinham ideia do por que o Facebook precisava daquele material em texto.

Ontem, a Comissão de Proteção de Dados da Irlanda, que lidera a supervisão do Facebook na Europa, disse que está examinando a atividade por possíveis violações das rígidas regras de privacidade da UE.

As ações da gigante de mídia social caíram 1,3% às 7h49, em Nova York, durante as negociações de pré-mercado.

O Facebook não negou o fato, na realidade confirmou que estava transcrevendo o áudio dos usuários e disse que não vai mais fazê-lo, após examinar minuciosamente outras empresas.

"Assim como a Apple e o Google, paramos a análise humana dos áudios há mais de uma semana", disse a empresa na última terça-feira.

A empresa disse que os usuários que foram afetados escolheram a opção no aplicativo Messenger do Facebook para ter seus chats de voz transcritos. Os contratados estavam verificando se a inteligência artificial do Facebook interpretava corretamente as mensagens, que eram anonimizadas.

Agora, a Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Senacon) aqui no Brasil, afirmou em nota, que iniciou investigação sobre o Facebook, que tem 10 dias para responder questões relativas a privacidade.

Grandes empresas de tecnologia, incluindo a Amazon.com e a Apple, vêm sendo criticadas por coletar trechos de áudio de dispositivos de consumo e submetê-los a críticas humanas, prática que, segundo críticos, invade a privacidade.

O gigante das redes sociais, que acaba de concluir um acordo de US$ 5 bilhões com a Comissão Federal de Comércio dos EUA depois de uma sondagem em suas práticas de privacidade, há muito tempo negou que recolhe áudio dos usuários para informar anúncios ou ajudar a determinar o que as pessoas veem em seu feeds de notícias.

O diretor executivo Mark Zuckerberg negou a ideia diretamente no depoimento do Congresso.

"Você está falando sobre essa teoria da conspiração que é passada e que ouvimos o que está acontecendo no seu microfone e usamos isso para anúncios", disse Zuckerberg ao senador americano Gary Peters em abril de 2018. "Não fazemos isso." (que cara de pau!)

Em resposta ao Congresso, a empresa disse que "acessa apenas o microfone dos usuários se o usuário der permissão ao aplicativo e se eles estiverem usando ativamente um recurso específico que requer áudio (como recursos de mensagem de voz)." O Menlo Park, A empresa sediada na Califórnia não aborda o que acontece com o áudio depois.

Contudo, o Facebook não informou aos seus usuários que terceiros poderiam revisar seus áudios. Isso levou alguns a sentir que o seu trabalho seria antiético.

Uma das empresas que estava revisando as conversas dos usuários é a TaskUs Inc., uma empresa de terceirização sediada em Santa Monica, Califórnia, com postos avançados em todo o mundo.

O Facebook é um dos maiores e mais importantes clientes da TaskUs, mas os funcionários não podem mencionar publicamente qual é o trabalho deles. Eles chamam o cliente pelo nome de código "Prism". (Agora já sabemos)

"O Facebook pediu à TaskUs para parar o trabalho de transcrição há uma semana, e foi o que aconteceu", disse a TaskUs em resposta a uma solicitação de comentários sobre o trabalho de transcrição.

A política de uso de dados do Facebook, revisada no ano passado para torná-la mais compreensível para o público, não inclui nenhuma menção ao áudio.

Diz, no entanto, que o Facebook irá coletar "conteúdo, comunicações e outras informações que você fornecer" quando os usuários "enviarem mensagens ou se comunicarem com outras pessoas".

Novamente não existe nenhuma menção a outros seres humanos examinarem o conteúdo. Em uma lista de "tipos de terceiros com os quais compartilhamos informações", o Facebook não menciona uma equipe de transcrição, mas se refere vagamente a "fornecedores e prestadores de serviços que apóiam nossos negócios" ao "analisar como nossos produtos são usados".

O papel dos seres humanos na análise de registros ressalta os limites da inteligência artificial em sua capacidade de reconhecer palavras e padrões de fala.

As máquinas estão melhorando na tarefa, mas às vezes ainda lutam contra o desconhecido. O fato de alguns dos terceirizados terem achado o conteúdo gravado perturbador, reforça o impacto humano de moderar o conteúdo no Facebook.

O Facebook começou a permitir que os usuários do Messenger tenham seu áudio transcrito em 2015.

"Estamos sempre trabalhando em maneiras de tornar o Messenger mais útil", disse David Marcus, o executivo encarregado do serviço na época, em um post no Facebook.

Moral da história, permitimos tudo, uma vez que não lemos nada. Vários aplicativos na App Store e na Google Play, solicitam permissões que na maioria das vezes não são necessárias. 

Até o momento o que se sabe é que os áudios transcritos vinham do Facebook Messenger, mas quem garante que não vinham também do Whatsapp, ou ainda, do Whatsapp Business.

Talvez finalmente isso mude com a chegada do Android Q, que trará mais transparência sobre às permissões que estão sendo usadas e até as que ficam ativas em segundo plano durante o uso diário do dispositivo, mostrando na barra de notificação do Android o que está acontecendo em tempo real.