Os cientistas já descobriram que Marte, em seu estado remoto, já pôde ser habitável, pois tinha a capacidade de preservar água em estado líquido na superfície. A novidade da vez é que, na mesma época, o planeta tinha também ingredientes necessários para a vida, ou seja, moléculas orgânicas complexas.

O robô da NASA, o Curiosity, estabeleceu de modo conclusivo que havia abundância de compostos orgânicos em Marte após a análise de amostras colhidas na cratera Gale com idade de cerca de 3 bilhões de anos. O resultado sugere um conteúdo orgânico comparável ao de rochas sedimentares ricas nessas substâncias aqui na Terra.

Curiosity em Marte. Créditos da foto: NASA/JPL-Caltech/MSSS
Curiosity em Marte. Créditos da foto: NASA/JPL-Caltech/MSSS

"Material orgânico antigo e misterioso metano! O rover Curiosity encontrou uma nova evidência preservada nas rochas que sugere que o planeta pode ter suportado vida no passado + uma nova evidência na atmosfera que se relaciona com a busca da vida atual em Marte", escreveu a NASA em sua conta no Twitter.

Os resultados não definem a existência de vida em Marte em alguma época, mas a descoberta de ingredientes como água e moléculas orgânicas é um passo bastante importante para esse tipo de resposta. Vale mencionar que o principal objetivo do Curiosity era justamente encontrar tais compostos.

Nos primeiros cem dias de missão nada foi encontrado. A quantidade de compostos orgânicos simples era tão pequena que podia ser em decorrência de uma contaminação da Terra enviada da Terra dentro do jipe.

A equipe do Curiosity, no entanto, não desistiu, e procurou rochas mais adequadas para a sua busca. No final de 2014, o grupo anunciou que uma das amostras recolhidas mostrava uma quantidade de moléculas orgânicas simples em que não poderia considerar qualquer tipo de contaminação.

Ainda eram moléculas bem pequenas, longe do que seria realmente necessário para a vida. A hipótese era de que, originalmente, havia moléculas orgânicas mais complexas, que foram destruídas por percloratos e tiveram os seus átomos recombinados nos compostos simples detectados.

Após quase quatro anos, uma resposta definitiva. As amostras, ao serem analisadas, com concentração somente nos gases evaporados delas a temperaturas bem altas, os pesquisadores conseguiram encontrar moléculas orgânicas relativamente grandes e que faziam parte da cadeia de moléculas ainda menores.

"A detecção de moléculas orgânicas e metano em Marte tem vasta implicações à luz de potencial vida passada marciana. O Curiosity mostrou que a cratera Gale foi habitável há 3,5 bilhões de anos, com condições comparáveis às da Terra primitiva, onde a vida evoluiu mais ou menos na mesma época. A questão de se a vida pode ter se originado ou existido em Marte é muito mais oportuna agora que sabemos que moléculas orgânicas estavam presentes na superfície naquela época", diz o artigo.

Para 2020 está previsto o envio de jipes para a detecção de maiores evidências de vida em Marte.

Fonte: Nasa