Nos últimos dias, muita gente que usava o My Family Cinema foi pega de surpresa. O serviço, famoso por oferecer filmes, séries e canais ao vivo por valores baixos (e acesso ilimitado), simplesmente parou de funcionar no Brasil, deixando milhares de usuários sem explicação, com "tela preta" e até pedidos de reembolso nas redes sociais. Afinal, o que aconteceu? É legal usar esse tipo de aplicativo? E o que muda a partir de agora?

O que era o My Family Cinema e por que não era legalizado

O My Family Cinema ficou popular por ser uma espécie de "Netflix alternativa" e seu funcionamento se resume em oferecer acesso ilimitado a diversos títulos que normalmente estão disponíveis em plataformas legais, como Netflix e HBO Max, porém com mensalidades muito menores do que serviços oficiais.

Para muita gente, o serviço era só uma opção mais barata, mas o segredo estava no funcionamento: o aplicativo se conectava a bibliotecas, servidores e links que distribuíam conteúdo protegido por direitos autorais, sem autorização das produtoras, canais ou estúdios. Na prática, isso caracteriza pirataria.

Apesar de se vender como um "mediador de conteúdo", o My Family Cinema disponibilizava, organizava e facilitava o acesso a filmes, séries e canais ao vivo pirateados via IPTV. No Brasil, assim como em boa parte do mundo, a distribuição ou consumo desses conteúdos por plataformas não licenciadas configura crime contra propriedade intelectual e infrações de direitos autorais, conforme as leis nacionais (Lei de Direitos Autorais, nº 9.610/98).

Qual é a infração e as consequências para o usuário

Utilizar apps como o My Family Cinema não é considerado legal no país. Ao pagar ou usar o serviço, o usuário pode estar cometendo infração de direito autoral e, dependendo do caso, até receptação de produto pirateado, mesmo que a responsabilidade maior recaia sobre quem vende/ou distribui o serviço.

My Family Cinema é desligado na Argentina e impacta usuários brasileiros. Imagem: Reprodução
My Family Cinema é desligado na Argentina e impacta usuários brasileiros. Imagem: Reprodução

Além de ser um risco jurídico, a Anatel sempre reforça que existe a exposição à fraudes, vazamento de dados e prejuízo financeiro, já que essas plataformas não oferecem garantias reais nem proteção do consumidor. E vale lembrar que pedir reembolso pelo bloqueio, como muitos brasileiros tentaram após a queda do My Family Cinema e outros apps piratas, não tem respaldo legal, pois nem existe um contrato válido.

Como foi a operação que derrubou o My Family Cinema

De acordo com o g1, a derrubada do My Family Cinema foi resultado de uma operação internacional que envolveu autoridades brasileiras, argentinas, paraguaias e órgãos de proteção à propriedade intelectual.

Depois de uma longa investigação, foram identificados milhões de TV boxes ilegais, vindos da China,que já estavam funcionando no Brasil e em países vizinhos, abastecidos por aplicativos piratas como My Family Cinema e TV Express. O esquema movimentava bilhões e era articulado por centrais localizadas principalmente na Argentina.

A ação policial mirou tanto os criadores dos apps quanto os distribuidores dos equipamentos. O resultado foi a suspensão imediata do acesso aos servidores e o bloqueio dos domínios e contas que eram usadas para receber os pagamentos dos usuários desses serviços. Empresas de tecnologia e provedores de internet também foram importantes para fechar o cerco contra os sites, boxes e aplicativos piratas.

Quais serviços piratas foram bloqueados?

TV Express e Cine Vision são alguns dos apps piratas que pararam de funcionar
TV Express e Cine Vision são alguns dos apps piratas que pararam de funcionar

Com o bloqueio do My Family Cinema, outras plataformas de IPTV pirata também tiveram acesso comprometido ou saíram do ar por precaução. Alguns deles são:

  • TV Express
  • Duple TV
  • Cine Vision
  • Dora TV

Segundo a própria imprensa, a queda foi tão grande que muitos usuários passaram a buscar reembolso ou migrar para serviços oficiais, como Netflix, Prime Video, Globoplay e Disney+. Embora alguns acreditem que a qualquer momento esses serviços podem voltar a funcionar, talvez usando outro nome ou sevidor, a verdade é que as fabricantes e os importadores de TV boxes ilegais estão sob maior fiscalização e podem ser processados futuramente.

Com informações de g1