A partir desta quarta-feira (06), começa a funcionar em Brasília, o 5G puro. E assim, a estimativa é que nas demais capitais do Brasil, a tecnologia esteja disponível até o final de setembro.

Em geral, a rede 5G pura, também chamada de standalone, deve permitir velocidades a partir de 1 gigabit por segundo (Gbps). E 1 gigabit equivale a 1000 megabits (Mbps). Para se ter ideia, a velocidade 4G tem média de 13 Mbps e pode chegar a 80 Mbps. Ou seja, a rede 5G deve revolucionar a internet no país.

Entretanto, em muitas cidades do Brasil, muitos celulares compatíveis com a tecnologia já acusam o sinal 5G na tela. Entretanto, como as antenas não estão disponíveis ainda, qual a diferença desse sinal para o 5G puro? É a mesma velocidade? Muda alguma coisa? Descubra a seguir.

O que é o 5G Puro?

Antes de falar sobre a diferença entre o sinal que já está disponível e o 5G puro, é importante entender o que é o 5G. Em suma, se trata da nova geração de internet móvel, uma evolução da conexão 4G atual.

Em geral, a rede promete trazer mais velocidade para baixar e enviar arquivos. Além disso, deve reduzir o tempo de resposta entre os diferentes dispositivos, bem como vai tornar as conexões mais estáveis.

A evolução da rede deve permitir conectar muitos objetos à internet em simultâneo: celular, carro, semáforo, relógio. Atualmente, tudo isso já pode ser ligado ao 4G, entretanto, o desempenho e a conexão não são tão eficientes quanto no 5G.

O que é o 5G DSS? Qual a diferença para o 5G Puro?

De acordo com Mário Moura, professor e diretor de TI do IGTI (Instituto de Gestão e Tecnologia da Informação), as operadoras do Brasil ofertam atualmente, o 5G DSS. O mesmo simplifica o processo de distribuição da nova tecnologia. Entretanto, ele não é um 5G puro.

"O 5G DSS é uma tecnologia que permite o compartilhamento das frequências do 4G LTE com os usuários de 5G. Guardadas as devidas proporções é como se carros e locomotivas pudessem compartilhar as mesmas estradas otimizando o investimento já realizado e permitindo maior flexibilidade para clientes e operadoras", explica Moura.

Sendo assim, as operadoras do Brasil não entregam uma experiência completa da 5ª geração de redes móveis, embora entreguem mais velocidade, e até latência menor em relação ao 4G. O 5G DSS se trata de "atualizações de software e ajustes na configuração dos elementos da rede que já compõem a sua infraestrutura 4G LTE", cita Moura.

Dessa forma, quem já tem um telefone compatível, pode usar a rede mais rápida do 5G DSS. Entretanto, essa não é uma experiência real tal qual a existente em países como China ou EUA.

Ademais, Moura explica que, para chegar ao nível desses países que já fizeram o leilão e começaram a implantar o 5G, é necessário muito investimento, inclusive, de novos equipamentos. Ou seja, para que você possa usufruir do 5G puro, é necessário muito investimento "em novas frequências e equipamentos para que possa ser utilizada integralmente", cita Moura.

Vale ressaltar ainda, que não basta ter uma rede 5G DSS disponível para desfrutar da internet móvel mais rápida. Ou seja, você precisa ter um celular compatível com a rede. Moura alerta que "O cliente deverá adquirir um celular que suporte as frequências de 5G e 5G DSS para ter acesso a ambas as redes. O espectro de frequências varia entre os países".

Etiqueta padronizada

Atualmente, as companhias oferecem o 5G DSS, que usa frequências de 4G e antenas 5G. De acordo com especialistas, o 5G DSS permite, em média, uma velocidade de 200 Mbps, podendo chegar a 800 Mbps. Ou seja, é uma velocidade bem menor que o 5G puro. É por isso que as operadoras no Brasil, ao anunciarem o 5G em suas campanhas, até então, não cobravam a mais pelo serviço.

Além disso, no modelo de regulamento que a Anatel deve propor, a contratação deve obedecer às condições da "única oferta". Ou seja, o preço não vai poder ser alterado posteriormente por conta de promoção ou bônus no momento do lançamento.

Com a meta de estimular a transparência das ofertas, a Anatel deve propor a criação de uma etiqueta padronizada, que deverá ser adotada por todas as prestadoras. A etiqueta, ainda em finalização, deve reunir um conjunto mínimo de informações sobre o pacote.

De acordo com o conselheiro da Anatel Emmanoel Campelo, o objetivo é ofertar "maior clareza e simplificação para os consumidores". Ele também pontua que:

"Temos um cenário de sobreposição de ofertas de serviços, sem o necessário esclarecimento prévio sobre os condicionamentos. A proposta de revisão do regulamento traz a figura universal de 'oferta', como conceito único que delineia todas as condições comerciais do serviço. Por isso, o regulamento está preparado para as mudanças do 5G e as aplicações que serão possibilitadas pela tecnologia".

Planos 5G vão ser mais caros?

De acordo com Alejandro Adamowicz, diretor da GSMA, a associação internacional de empresas de telecomunicações, os novos planos 5G podem ser mais caros. Ele cita o caso de países como Suíça e Coreia do Sul, onde o 5G puro já atinge 100% da cobertura geográfica.

Para se ter ideia, nos EUA, por exemplo, algumas companhias lançaram planos com preços maiores caso o cliente deseje pagar por uma transmissão de vídeo somente em 4k. Em outros países, existe a cobrança de uma taxa adicional para acessar o 5G, disponível apenas aos clientes pós-pagos.

"Mas essa não é a realidade ainda da América Latina. Antes de tudo, as operadoras vão ter que oferecer transparência e deixar claro que esse 5G não vai estar disponível em todo lugar", finaliza Adamowicz.