A Huawei contratou ex-militares e militares em atividade para trabalharem em sua empresa. A informação foi dada por um estudo realizado pela Universidade Fulbright do Vietnã em parceria com a organização conservadora de Londres Henry Jackson Society.

Foram três currículos analisados para o estudo, sendo que todas as pessoas - que foram contratadas - tiveram ou tinham alguma relação com o exército chinês. A pesquisa aparece logo no meio da guerra entre China e Estados Unidos, onde os EUA, apesar de terem recuado na ordem que barrava a Huawei dentro do país, ainda parece suspeitar que esta apresenta riscos para a segurança nacional.

Huawei é acusada de contratar militares do exército chinês.
Huawei é acusada de contratar militares do exército chinês.

Em um dos currículos analisados, o funcionário estava trabalhando para a Huawei e na área de pesquisa da universidade militar simultaneamente. Essa pessoa havia sido contratada para trabalhar na universidade pelo Exército Popular de Libertação (PLA). Também no documento havia a informação de que o funcionário participou de guerrilhas cibernéticas, eletrônicas e espaciais.

Outro contratado da Huawei tinha, em seu currículo, a informação de que este havia prestado serviços para uma estrutura governamental responsável por espionagem e contra-inteligência. A pesquisa ainda diz que essa pessoa em questão era "engajada em comportamentos que descrevem a tecnologia de captura ou plantio de informações nos softwares e produtos Huawei".

Currículos de funcionários da empresa mostram relação com o governo chinês.
Currículos de funcionários da empresa mostram relação com o governo chinês.

Mesmo assim, a pesquisa afirma não ter provas de que a China ordenou à Huawei praticar atos de espionagem ou algo do gênero. "Apenas digo isso por não ter uma gravação de áudio ou um e-mail que comprove tal ato", disse Christopher Balding, professor da Fullbright University Vietnman que conduziu o estudo. "No entanto, posso afirmar que os currículos indicam práticas de interceptação de informações e nós sabemos de situações onde funcionários da Huawei ocupavam posições duplas junto à Força de Suporte Estratégico da PLA, que supervisiona a guerrilha eletrônica e outras unidades de combate não tradicionais semelhantes". 

Por fim, Balding disse que não é possível dizer que espionagem foi ordenada, "mas a inferência de posições e comportamentos que os funcionários mencionam em seus currículos parecem indicar que eles estão engajados em atos como esses".

O que disse a Huawei

Como a pesquisa editou os currículos utilizados no estudo para preservar a identidade dos funcionários, a Huawei alegou não ser possível checar se as informações eram verdadeiras.

De qualquer forma, a empresa afirmou que "mantém políticas rígidas ao contratar candidatos com formação militar ou governamental. Durante o processo de contratação, esses candidatos são obrigados a fornecer documentos que comprovem que não há mais relação entre eles e os militares ou o governo".

A Huawei ainda acrescentou que realiza verificações de antecedentes e fornece treinamento para os funcionários que lidam diretamente com redes e dados de clientes.

Por fim, encerrou seu comunicado dizendo que apoia e encoraja estudos e reportagens sobre a transparência da Huawei. No entanto, a empresa disse esperar que "futuras pesquisas contenham menos conjecturas quando tirarem suas conclusões e evitem tantas afirmações especulativas em relação ao que o Professor Balding ‘acredita’, ‘infere’ e ‘não pode descartar’".

Fonte: CNBC