A Effect Audio é uma fabricante de cabos premium para fones de ouvido. Sua sede está localizada em Singapura, um dos maiores polos da audiofilia no mundo, exemplo disto é o evento de áudio que ocorre no país, o CanJam Singapore, organizado pelo Head-fi.

Recentemente a desenvolvedora de cabos lançou uma nova série chamada Vogue, que promete cabos com um custo-benefício melhor e ao mesmo com uma qualidade de construção tão boa quanto seus melhores cabos como, por exemplo, o Effect Audio Thor Silver II que possuo.

Cabos Effect Audio e suas séries

A companhia de áudio singapurense possui uma divisão entre seus modelos de cabos, sendo a mais básica a Vogue. Nesta série temos 3 modelos de cabos, o Maestro, que possui fios de cobre, o Virtuoso, que possui fios de cobre banhados em prata, e por último o Grandioso, que possui um fio de cobre e outro fio de prata.

Cabos Effect Audio Vogue. Fonte: Vitor Valeri
Cabos Effect Audio Vogue. Fonte: Vitor Valeri

Acima da série Vogue temos a série Premium, composta por 4 modelos de cabos, o Ares II, com fios de cobre, o Thor Silver II, com fios de prata, o Eros II, com um fio de cobre e outro fio de prata, e por último o Mars, que possui fios de prata banhados com ouro.

Por último, temos uma série que é especial, pois é onde a Effect Audio testa os limites de suas tecnologias experimentando diversos tipos de ligas metálicas na confecção de cabos. Na série Heritage, temos 3 modelos de cabos, o Lionheart, que possui um fio de cobre banhado com ouro e um fio de cobre banhado com prata, o Leonidas II, composto por um fio de prata banhado com paládio e um fio de prata hibrido, e por último o Cleopatra, que possui fios de prata selecionados com uma confecção diferente (confira as especificações completas aqui).

Construção dos cabos Vogue

A construção dos cabos da nova série desenvolvida pela Effect Audio me surpreendeu. Eu pensava que já não havia maneiras de se melhorar o conforto e ergonomia desde que o Y-split diminuiu de tamanho, sendo chamado de Y-split mini. Porém, como sempre, a empresa está preocupada não só em melhorar a qualidade do material e construção dos fios utilizados nos cabos, mas também com a usabilidade do cabo. Para melhorar ainda mais a ergonomia, o conforto e praticidade durante a utilização de seus cabos, a companhia redesenhou o conector, a terminação e o y-split nesta nova linha.

Conector 2-pin que se encaixa nos fones de ouvido. Fonte: Vitor Valeri
Conector 2-pin que se encaixa nos fones de ouvido. Fonte: Vitor Valeri

O conector que se encaixa nos fones de ouvido ganhou um relevo próximo aos pinos para que melhore a "pegada" com os dedos e fique mais fácil de empurrar para encaixar o cabo nos in-ears. É um pequeno detalhe que faz total diferença, pois na grande maioria das vezes o usuário tem que fazer uma força considerável para encaixar o 2-pin nos IEMs, sendo necessário por vezes utilizar um tecido para melhorar a aderência.

Já no Y-split tivemos uma diminuição de tamanho enorme comparada ao Y-split mini, proporcionando uma leveza tão grande que nem sinto a peça encostando no meu corpo, ou mesmo exercendo pressão para baixo através do seu peso.

Y-split. Fonte: Vitor Valeri
Y-split. Fonte: Vitor Valeri

A terminação veio como balanceada 2,5mm, mas sei que há a opção de SE 3,5mm e balanceada de 4,4mm. No caso do conector de 2,5mm, notei que o tamanho e leveza tiveram uma melhoria grande, a dimensão do plugue é mínima e possui um relevo próximo ao encaixe, com o mesmo principio do conector que se encaixa no CIEM, ajudar a encaixar com mais facilidade e conforto o pino em um DAP (Digital Audio Player), por exemplo.

Terminação 2,5mm balanceada. Fonte: Vitor Valeri
Terminação 2,5mm balanceada. Fonte: Vitor Valeri

Além dos conectores, notei que os fios dos cabos da série Vogue são mais finos e flexíveis que a série Premium ou Heritage. Isso proporcionou uma maior facilidade para enrolar e guardá-los.

Observação: O design dos conectores, terminações e Y-split dos cabos da série Vogue é diferente do design utilizado para os cabos da série Premium e Heritage.

Som dos cabos Vogue

Para a realização dos testes dos cabos da série Vogue, utilizei o CIEM JH Audio JH5 PRO e o DAP FiiO X7 Mark II (modulo amp AM3A). O período de testes foi de aproximadamente uma semana, onde houve dias que dediquei para testar somente um modelo e dias em que experimentei os 3 cabos Vogue juntos (trocando rapidamente entre um modelo e outro).

DAP FiiO X7 Mark II com o CIEM JH Audio JH5 Pro utilizando o cabo Effect Audio Vogue Grandioso. Fonte: Vitor Valeri
DAP FiiO X7 Mark II com o CIEM JH Audio JH5 Pro utilizando o cabo Effect Audio Vogue Grandioso. Fonte: Vitor Valeri

O primeiro modelo que testei foi o Vogue Maestro, a versão com fios de cobre da série. Neste cabo percebi um som melodioso, harmonioso, com graves cheios, que se espalham, médios doces que tornam a voz dos cantores mais prazerosa de se ouvir e agudos sem estridência.

Trocando para o Vogue Virtuoso, a versão de com fios de cobre banhados com prata, percebi imediatamente uma mudança na maneira com que a música é apresentada. Aqui encontrei um som mais controlado, "correto", com tendência a neutralidade. Os graves, em comparação com o Maestro ficaram mais controlados e ganharam mais profundidade, mais extensão. Se no Maestro os graves preenchiam o espectro do som, no Virtuoso eles tem um decay menor, com um ataque mais rápido, conferindo definição e velocidade.

Cabo Effect Audio Vogue Virtuoso mais a frente e EA Vogue Maestro ao fundo. Fonte: Vitor Valeri
Cabo Effect Audio Vogue Virtuoso mais a frente e EA Vogue Maestro ao fundo. Fonte: Vitor Valeri

Os médios no cabo de cobre banhado a prata ficaram um pouco mais recuados em comparação com o Maestro, porem quando as vozes tinham mais atividade nos médios agudos, ganhavam um pouco mais de destaque. Senti no Virtuoso que os médios ficaram um pouco mais frios que no Maestro, justamente por ter uma atividade maior nos agudos e médios mais recuados. Já nos agudos, senti que houve uma melhora no controle, velocidade e definição, deixando a reprodução do som com mais detalhamento.

Descrevi primeiramente os cabos Maestro e Virtuoso porque o cabo que descreverei a seguir é a junção dos dois, o Grandioso. Quando digo que os dois se juntam, não digo somente em termos físicos, pelo fato de possuir um fio do Maestro e um fio do Virtuoso, mas também em termos sonoros, pois há uma mistura de características aqui.

Quando experimentei o Vogue Grandioso pela primeira vez, me surpreendi com o resultado, pois não esperava que houvesse um casamento tão bom das características do Maestro com as características do Virtuoso.

EA Maestro a esquerda, EA Virtuoso no meio e EA Grandioso a direita. Fonte: Vitor Valeri
EA Maestro a esquerda, EA Virtuoso no meio e EA Grandioso a direita. Fonte: Vitor Valeri

Os graves neste cabo possuem corpo e ao mesmo tempo são controlados e profundos, ele consegue ter aquele grave que se expande na música como o que encontramos no Maestro e ao mesmo tempo possui um controle e velocidade proporcionando uma definição maior e decay menor. Digamos que os graves do Grandioso são o meio termo entre definição e eufonia, ele não tem o mesmo controle e velocidade que os graves do Virtuoso, mas chega perto, ao passo de que não possui graves com tanta massa como os do Maestro. Sinto que os graves do Grandioso possuem autoridade, força, e ao mesmo tempo são melodiosos, relaxados.

Os médios do Grandioso são na medida certa, nem para frente e nem recuados, conferindo um excelente equilíbrio com as outras frequências. Aqui não temos um som frio, mas também não temos um som quente. Você consegue se deliciar com os sons de vozes e de cordas com uma coerência muito boa na reprodução.

Já os agudos do cabo misto da série Vogue, temos um certo detalhamento e controle dos agudos, conferindo boa extensão e detalhamento. Porém, estas características não são encontradas da mesma forma que no Virtuoso, onde há uma maior extensão e controle. Vejo que é um meio termo entre o cabo banhado com prata e o Maestro, que possui médios mais relaxados.

Conclusão

Ao analisar os três cabos, percebi que os seus nomes realmente dizem como eles são. O Maestro fará com que sua música soe harmoniosa, fará com que a melodia dos instrumentos seja prazerosa ao seu público. O Virtuoso mostrará que a preocupação com a neutralidade, com a definição, com o som "correto" é importante, proporcionando um som detalhado onde o ouvinte irá perceber as nuances da música. O Grandioso mostrará que é possível unir a harmonia e a definição, reproduzindo um som imponente e gostoso de se ouvir.

Cabos Effect Audio Vogue. Fonte: Vitor Valeri
Cabos Effect Audio Vogue. Fonte: Vitor Valeri

É difícil para mim dizer qual deles seria o melhor, pois cada um tem sua qualidade exclusiva. Além disso, o resultado irá depender também das características de cada fone de ouvido, resultando em características mais ou menos evidentes proporcionadas pelos cabos. Fica a critério de cada um o tipo de som que irá lhe agradar mais.

Além disso, há de se colocar na mesa que todos os três cabos entregam conforto e praticidade no uso. Ou seja, quando se compra um cabo, não é somente o som que importa, há de se analisar o todo. E é isso que a Effect Audio procura entregar, som e design, buscando a perfeição.

Esse review é feito em parceria com o Grupo Fones de Ouvido High-End: