Pela primeira vez o vício em jogos de videogame passou a ser considerado um distúrbio mental pela Organização Mundial de Saúde. A organização vai incluir a condição de “distúrbio de games” na 11ª Classificação Internacional de Doenças (CID).
Conforme o documento, o problema consiste em um comportamento persistente de vício que leva a pessoa a preferir os jogos a qualquer outro interesse na vida. Vários outros países já haviam considerado essa condição um problema importante para a saúde pública, por exemplo, no Reino Unido, foram criadas clínicas especializadas e autorizadas para tratar o distúrbio.
Finalizada em 1992 a última versão do CID, a nova versão do guia será publicada neste ano. No guia encontramos códigos para várias doenças, sinais ou sintomas que auxiliam médicos e pesquisadores no rastreamento de uma doença, assim como no diagnóstico.
Agora, vício em jogos de videogame é tratado como um distúrbio mental Leia em destaque: Lançamentos de jogos da semana (18/02 a 24/02).
Entre os principais sintomas do distúrbio estão:
- Não ter controle de frequência, intensidade e duração com que joga videogame;
- Permanecer na mesma frequência com que joga vídeo game ou aumentar ainda mais, mesmo após ter tido consequências negativas desse hábito;
- Deixar outras atividades de lado, priorizando somente os jogos.
O que dizem os especialistas?
O especialista em vícios em tecnologia no Hospital Nightingale em Londres, Richard Graham, ressalta os benefícios dessa decisão “É muito significativo, porque cria a oportunidade de termos serviços mais especializados. Ele coloca (esse distúrbio) no mapa como algo a ser levado a sério".
Complementou “Pode levar pais confusos a pensarem que seus filhos têm problemas, quando eles são apenas 'empolgados' jogadores de videogame", com isso, ele ressalta a importância de tomar cuidado para não achar que todo mundo precisa de tratamento.
De acordo com Graham, são aproximadamente 50 novos casos de vícios em videogames que surgem a cada ano e afetam diretamente o cotidiano dessas pessoas, envolvendo inclusive atividades básicas, como comer e dormir, além de prejudicar o desempenho na escola e a socialização.
Segundo o especialista, uma pergunta interessante para o diagnóstico do paciente é "O vício está dominando o estado real neurológico, o pensamento e as preocupações?".O vício está dominando o estado real neurológico, o pensamento e as preocupações?
Em alguns países, já existem medidas mais duras para combater o problema, como na Coreia do Sul, por exemplo, em que o governo criou uma lei que proíbe o uso de videogames por menores de 18 anos entre a meia-noite e seis da manhã.
Enquanto isso, no Japão, os jogadores recebem uma advertência caso ultrapassem a quantidade “x” de horas por mês em jogos de videogame. Já na China, a Tencent determina um limite “x” de horas para as crianças jogarem.
Estudo realizado na Universidade de Oxford
O pesquisador Killian Mullan disse “As pessoas acreditam que as crianças estão viciadas em tecnologia e nessas telas 24 horas por dia a ponto de abdicarem de outras atividades. Mas sabemos que esse não é o caso. Nossas descobertas mostram que a tecnologia tem sido usada em alguns casos para apoiar outras atividades, como tarefas de casa, por exemplo, e não excluindo essas atividades das vidas das crianças”.
Finalizou dizendo “Assim como nós, adultos, fazemos, as crianças espalham o uso da tecnologia digital ao longo do dia, enquanto fazem outras coisas".