Uma equipe de astrônomos da Universidade de Stanford detectou a presença de clarões de luz que vinha de trás de um buraco negro supermassivo. Tais buracos negros são regiões do espaço-tempo super poderosos onde nem mesmo a luz escapa de seu alcance, e por isso, ainda é assunto de diversas teorias. Desta vez, foi possível comprovar a teoria da relatividade embasada pelo astrofísico Albert Einstein, em 1905.

Confirmando Einstein, luz é detectada por trás de buraco negro

Os resultados das análises foram publicados na revista Nature na última quarta-feira (29) e surpreenderam a equipe de astronomos envolvidas neste estudo, onde perceberam um padrão intrigante em uma série de clarões de raios X sem precedentes, que vinham de um buraco negro mais massivo que o nosso Sol, a 800 milhões de anos-luz de distância da Terra. O fato mais intrigante foi quando detectaram flashes adicionais que eram menores e de "cores" diferentes dos clarões de raios X.

Nas observações, a equipe defendeu a teoria de que os ecos luminosos adicionais são raios X refletidos por trás do buraco negro, o que pôde ter gerado controvérsias, já que tais buracos negros supermassivos são regiões no espaço-tempo onde a atração da gravidade é tão poderosa que nem mesmo a luz pode escapar de seu alcance.

Astrônomos identificaram luz atrás de buraco negro a 800 milhões de anos-luz de distância (Imagem:Reprodução/ESA)
Astrônomos identificaram luz atrás de buraco negro a 800 milhões de anos-luz de distância (Imagem:Reprodução/ESA)

Mas há uma explicação plausível para este estranho fenômeno luminoso. O cientista Dan Wilkins, um dos autores do estudo, explicou que a "razão pela qual podemos ver isso é porque aquele buraco negro está distorcendo o espaço, dobrando a luz e torcendo os campos magnéticos ao seu redor", o que basicamente confirma a teoria de Einstein. Além de Wilkins, o professor de física de Stanford, Roger Blandford, ressalta a importância desta descoberta pelo simples fato de servir de confirmação para o que Einstein havia teorizado há mais de 100 anos.

"Cinquenta anos atrás, quando os astrofísicos começaram a especular sobre como o campo magnético poderia se comportar perto de um buraco negro, eles não tinham ideia de que um dia poderíamos ter as técnicas para observar isso diretamente e ver a Teoria Geral da Relatividade em ação."

Para a descoberta histórica, a equipe contou com a ajuda dos telescópios espaciais XMM-Newton, da Agência Espacial Europeia (ESA), e NuSTAR, da Nasa.

Observações futuras

É fato que ninguém levanta da cama esperando que vai realizar alguma grande descoberta naquele dia. Inicialmente, o estudo que comprovou a teoria de Einstein fazia parte de uma cooperação entre pesquisadores que queriam aprender mais sobre uma "coroa" de gás que cai no interior desses buracos negros.

A equipe ainda tem o desejo de continuar com o estudo dessa coroa de gás, o que exigirá novas observações. Para isso, os pesquisadores vão poder contar com o observatório de raios-X da Agência Espacial Europeia, o Athena (Telescópio Avançado para Astrofísica de Alta Energia). O cientista Wilkins é um dos colaboradores que está ajudando a desenvolver parte do detector Wide Field Imager para Athena.