Um assunto extremamente polêmico e repleto de desinformação, o uso da hidroxicloroquina e cloroquina para o tratamento do COVID-19 divide opiniões. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro defende o uso da droga, sua eficácia não é ainda comprovada e inúmeros estudos estão acontecendo no Brasil e ao redor de todo o mundo para definir os riscos e benefícios da droga.


Mas afinal, o que é a cloroquina?


Cloroquina é uma substância utilizada como medicamento de uso controlado. Seu efeito principal é aumentar a resposta do sistema imunológico do corpo para combater microrganismos. Da cloroquina, se deriva a hidroxicloroquina que é utilizada para tratar doenças autoimunes, como lúpus.

Hidroxicloroquina e cloroquina não são a mesma coisa


Se tratam de duas medicações com a mesma substância, a cloroquina, mas que possuem fórmulas diferentes. Os efeitos são parecidos, mas a cloroquina apresenta mais efeitos colaterais possíveis, enquanto a hidroxicloroquina é considerada mais segura para o uso.


Por que tamanha polêmica?


Bom, os efeitos adversos são muitos e imprevisíveis, dependendo da resposta do corpo de cada um. Dentre eles, estão possíveis distúrbios de visão, irritação gastrointestinal, alterações cardiovasculares e neurológicas, cefaleia, fadiga, nervosismo, ataques agudos de psoríase ou porfiria para quem sofre com tais doenças, prurido, queda de cabelo e exantema cutâneo.


Tendo isso em vista, tanto a cloroquina quanto a hidroxicloroquina ainda não possuem eficácia comprovada na prevenção e no tratamento do COVID-19. Assim, não se pode dizer ainda que a droga possui mais benefícios do que malefícios ao se utilizar contra o coronavírus. Diversas pesquisas ao redor do mundo estão sendo realizadas e existem tanto aquelas que afirmam que há benefícios quanto outras que afirmam que o remédio não possui muita eficácia.


Sendo esses remédios de uso controlado e usados para tratamentos para malária, lúpus e outras doenças, o uso descontrolado dessas medicações podem causar um sério desabastecimento, prejudicando pacientes que realmente precisam da droga, enquanto ela pode causar mais efeitos negativos do que positivos no combate ao coronavírus.


COVID-19 e lúpus são muito diferentes para se comparar eficácia.


Sim, a cloroquina existe, é vendida e utilizada há muito tempo. Porém, sua eficácia no tratamento de doenças autoimunes é comprovada, principalmente contra doenças como lúpus e artrite reumatoide. Já seu comportamento contra o coronavírus é incerto e há ainda a preocupação da droga acabar por agravar mais o estado de pacientes ao invés de ajudar. Por isso é impossível comparar sua eficácia entre doenças muito diferentes entre si, sendo uma delas causada por um vírus ainda muito novo e repleto de incertezas.


Qual seria a ação da cloroquina contra o coronavírus?


A hidroxicloroquina é a considerada mais segura e a cotada para tratar e prevenir o coronavírus. Seu papel seria impedir que o vírus se reproduza. A droga prejudicaria a multiplicação do vírus ao alterar o ph do interior das células, auxiliando no controle da infecção.
Alguns hospitais estão fazendo o uso do medicamento, mas tudo depende da avaliação do médico. Cada caso é um caso e as contraindicações são amplas. Portanto ninguém pode pedir por um tratamento com cloroquina ou simplesmente comprar o remédio. Seu uso é totalmente restrito à recomendações médicas após meticulosa avaliação das condições do paciente, colocando na balança os benefícios contra os possíveis efeitos colaterais.


O presidente e a cloroquina


A substância se popularizou após o presidente Jair Bolsonaro a mencionar diversas vezes em entrevistas, publicações e declarações. Contudo, Bolsonaro já afirmou muitas coisas não verídicas sobre a droga, como que substância estaria "dando centro em tudo quanto é lugar" em vídeo publicado nas redes sociais que posteriormente foi retirado por moderadores. O presidente defende o uso do medicamento, porém demonstra um entusiasmo perigoso com a droga, como se fosse algo miraculoso.
O mais importante neste momento é se informar e aguardar resultados concretos de múltiplas pesquisas que comprovem a eficácia da cloroquina no tratamento do coronavírus. A cloroquina não deve ser descartada por completo ainda, mas não se trata de uma vacina e tampouco da solução para essa pandemia.