Aparentemente o polo magnético da Terra está se deslocando, segundo nova descoberta de cientistas. Até onde se sabia, o polo magnético terrestre se localizava no Canadá, mas está se deslocando cada vez mais em direção à Rússia. Um novo estudo publicado na semana passada na revista Nature Geoscience afirma que o norte magnético, descoberto em 1831, está se movimentando rapidamente e de maneira acelerada desde os anos 90 para a Rússia. A diferença de deslocamento anual passou de 0 a 15km para 50 a 60km.

Esse pólo norte magnético na realidade é o ponto de convergência das linhas que formam o campo magnético da Terra. Assim como o norte, o sul também possui um ponto de convergência que se denomina de polo sul magnético.

O líder da equipe de pesquisadores que descobriram o fenômeno, Phil Livermore da Universidade de Leeds, Reino Unido, argumenta que esse deslocamento deve estar acontecendo devido a existência de duas zonas magnéticas poderosas no interior do planeta que se localizam justamente sob o Canadá e sob a Rússia. Essas zonas estariam competindo pela convergência do campo magnético terrestre, e por isso o deslocamento.

Phil Livermore descreve à BBC que existe uma espécie de "cabo de guerra" entre os campos canadenses e russos, mais especificamente siberianos. Até o momento, o lado canadense ganhava a competição, mas por algum motivo o lado siberiano passou a ganhar mais força.

Não se sabe ao certo qual o motivo, mas a melhor hipótese é que rochas e metais fundidos no interior da Terra tem mudado seu fluxo e assim alterando o comportamento magnético. O interior magmático terrestre, suas placas tectônicas e muito mais estão em constante atividade, então não é nada incomum e tampouco novidade que os pólos magnéticos também se movimentam, mas historicamente nunca se alteraram tanto como agora, pelo menos não que se tenha conhecimento. A descoberta também nos mostra a direção dessa movimentação e sua velocidade.

Desde 1831, quando se descobriu a localização e existência do pólo magnético norte, ele se localiza no Oceano Ártico, se deslocando levemente para o sul. Em 2017 esse ponto havia se deslocado 390km do norte geográfico (o polo norte que encontramos em mapas) e obrigou sistemas GPS a se atualizaram.

O impacto dessa movimentação acelerada implica em constantes modificações e atualizações de nossos dispositivos de geolocalização. No ano passado, a Administração Oceanográfica e Atmosférica Nacional dos EUA e o Serviço Geológico Britânico atualizaram o Modelo Magnético Mundial um ano antes do calendário oficial. Esse modelo representa o campo magnético da Terra e é utilizado pela vasta maioria de sistemas de navegação. Fora isso, essa mudança não apresenta nenhum outro problema, risco ou preocupação, se trata de algo natural de nosso planeta e que a comunidade científica precisa monitorar para que não exista caos e imprecisão em todos os dispositivos de localização ao redor do mundo.