No ano passado, o cometa interestelar 21/Borisov foi identificado dentro do nosso Sistema Solar. Esse seria o primeiro cometa originário de outro sistema estelar a ser identificado, e o mais curioso é que sua composição é estranha para a comunidade científica, conforme pesquisas recentes.

O cometa teria grandes quantidades de monóxido de carbono que poderia indicar sua origem. São dois estudos diferentes, ambos publicados no site Nature Astronomy. Em um deles, uma equipe da Nasa internacional oberservou comprimentos de ondas submilimétricas ao direcionar o Telescópio Atacama Large Millimeter/submillimeter Array, ou mais conhecido como Alma, e suas 66 antenas para o corpo celeste.

No outro estudo, uma equipe liderada por Dennis Bodewits da Universidade de Auburn, EUA, realizaram observações ultravioletas do 21/Borisov através do Telescópio Espacial Hubble e Observatório Neil Gehrels Swift.

As conclusões foram que o cometa é composto principalmente por cianeto de hidrogênio e monóxido de carbono (HCN e CO). Até aí é comum que cometas sejam feitos de gás, poeira e detritos espaciais de maneira geral, e geralmente orbitam uma estrela. Assim, cometas dão valiosas dicas das composições dos planetas que existem próximos de sua origem. Cometas ainda transportam substâncias e elementos através do espaço, inclusive existe a hipótese de que um cometa teria trazido água para a Terra em seus primórdios.

Mas então o que há de especial no 21/Borisov? A presença do HCN é comum em cometas, porém não a de CO. A grande quantidade de monóxido de carbono nesse cometa chega a ser até 20 vezes maior do que comentas nascidos em nosso Sistema Solar. Mas o que isso significa?

Martin Cordiner e Stefanie Milam, do Goddard Space Flight Center pertencente a Nasa e líderes da pesquisa que utiliza o Alma comentam: "se os gases que observamos refletem a composição do local de nascimento de 21/Borisov, isso indica que ele poderia ter se formado, diferentemente dos cometas em nosso próprio Sistema Solar, em uma região extremamente fria e periférica de um sistema planetário distante", afirmou Cordiner.

Enquanto Milam acrescenta que "o cometa deve ter se formado a partir de material muito rico em CO congelado, que está presente apenas nas temperaturas mais baixas encontradas no espaço, abaixo de -250 °C".

O 21/Borisov teria sido arremessado para fora de seu sistema estelar, e já poderia estar milhões ou bilhões de anos viajando pelo espaço, até que foi descoberto, em 30 de agosto de 2019, pelo astrônomo amador Gennady Borisov.

Esse cometa é apenas o segundo corpo interestelar e o primeiro cometa que passa o nosso sistema e que tenhamos conhecimento. Esse tipo de estudo é vital para podermos compreender as composições de estrelas, planetas, asteroides e demais corpos celestes muito distantes da Terra.