Numa das mais curtas estréias televisivas da história, uma mulher corta o pescoço do amante para roubar sua identidade e ter acesso a informações governamentais secretas. A versão miniatura do programa dura apenas 60 segundos e é apresentada na tela de duas polegadas de um telefone celular. O "mopisódio" (forma reduzida de episódio móvel), adaptado de uma série da Fox, estreou ontem como parte da iniciativa da Verizon Wireless Communications para vender serviços de televisão por celular a US$ 15 por mês.

As empresas equiparam seus aparelhos com câmeras, e-mail, jogos e browsers de internet na esperança de que os consumidores paguem por recursos extras. A TV por celular é o mais novo produto sendo anunciado para os usuários que desejam continuar conectados e entretidos enquanto vão ao mercado ou esperam no aeroporto.

A Sprint Corp. foi a primeira a oferecer vídeos, há mais de um ano, e estima-se ter algumas centenas de milhares de assinantes. Na semana passada, a Cingular Wireless, a maior companhia de telefones celulares dos EUA, lançou um serviço de MobiTV a US$ 9, 99 por mês, com 22 canais visualizáveis em 4 tipos de monitores coloridos. Assinantes da Sprint e da Cingular podem assistir programas ao vivo da CNBC, MSNBC, ABC News e o Learning Channel. A Verizon Wireless não oferece TV ao vivo, mas os vídeos são atualizados com freqüência. "Isso vai mudar a expectativa das pessoas em relação a seus celulares", opinou John Stratton, gerente de Marketing da empresa.

Mas a TV pelo celular não é barata. Um assinante da Verizon com um celular simples e um plano de US$ 35 mensais precisaria desembolsar US$ 200, assinar um contrato de 2 anos e pagar US$ 15 por mês para ter o serviço de TV e internet. Os programas baixados podem ter uma nitidez incrível, mas os ao vivo com freqüência falham e apresentam chiados. A TV consome muita bateria, mais do que as ligações, e seu uso em restaurantes e no trânsito é discutível.

"As pessoas podem assisti-la numa fila, ou no banco de trás de um carro, como uma alternativa à TV comum", diz Jim Samples, gerente geral da Cartoon Network. "São como pequenas porções de entretenimento". O canal está desenvolvendo personagens para o pequeno formato, como o ornitorrinco Periwinkle, que estrela episódios de dois minutos para serem baixados pelo celular ou no site americano da empresa.

"Você tem de criar conteúdo para este dispositivo e precisa ser realista sobre as possibilidades", disse Kevin Tsujihara, vice-presidente de Desenvolvimento e Estratégia da Warner Bros. "Agora, é mais um instrumento de marketing do que uma tecnologia que atinge massas."

Fonte:www.link.estadao.com.br