A Temu, plataforma chinesa de compras online, se tornou em março de 2025 o marketplace asiático mais acessado do país, ultrapassando a Shopee com uma base impressionante de 58 milhões de acessos mensais via aplicativo, segundo dados do banco Citi em parceria com a SimilarWeb. A Shopee, até então líder isolada no segmento, registrou 56 milhões de visitas no mesmo período.

Um crescimento relâmpago

Desde sua estreia oficial em 2024, a plataforma mostrou uma ascensão meteórica. Em apenas dois meses, já superava nomes tradicionais como Casas Bahia e Amazon em tráfego, com 19 milhões de usuários em agosto. Em dezembro, passou até o Mercado Livre, com mais de 35 milhões de acessos — um feito notável.

Mas afinal, o que explica esse boom?

Estratégia agressiva e gamificação pesada

A receita da Temu combina três ingredientes: preços extremamente baixos, marketing agressivo e um aplicativo recheado de gamificação. São roletas de prêmios, jogos com brindes, cupons escondidos e até recompensas por convidar amigos. Essa abordagem mais "divertida" atrai especialmente os consumidores das classes C e D, segundo especialistas.

Para completar, a Temu oferece produtos altamente personalizados, graças a algoritmos avançados que detectam rapidamente os gostos dos usuários. Esse nível de curadoria automática cria uma vitrine que parece feita sob medida para cada pessoa — um diferencial frente aos marketplaces tradicionais.

Ticket médio baixo, mas efeito de massa

Temu tem estratégia agressiva no Brasil

Apesar do sucesso em visitas, o ticket médio de compras na Temu ainda é relativamente baixo: cerca de R$ 99 por pedido — valor mínimo exigido pela plataforma para reduzir custos logísticos. Em comparação, o gasto médio no Mercado Livre gira em torno de R$ 340, e na Magazine Luiza, chega a R$ 400.

Esse contraste reforça a ideia de que, embora concorra pelo tempo e atenção do consumidor, a Temu atua em uma faixa de consumo diferente de players nacionais consolidados.

Brasil como prioridade estratégica da Temu

Analistas como Luiz Guanais, do BTG Pactual, observam que o Brasil pode se tornar uma prioridade ainda maior para empresas como a Temu. Isso porque, com possíveis restrições mais severas contra plataformas chinesas nos EUA, o mercado brasileiro surge como alternativa estratégica para expansão.

Roberto Kanter, da FGV, destaca que o país já figura entre os cinco maiores mercados de e-commerce asiático no mundo, impulsionado pelo interesse do brasileiro por produtos importados e o apelo dos preços baixos.

Um novo tipo de concorrência?

Apesar dos números impressionantes, plataformas como Magazine Luiza e Mercado Livre ainda operam em modelos mais robustos, com catálogos mais amplos e níveis de serviço superiores — incluindo logística mais ágil e políticas de devolução bem definidas.

Ou seja: a ascensão da Temu não significa que os gigantes locais estão perdendo terreno de forma direta. Mas o avanço da plataforma é um sinal claro de que o consumidor brasileiro está mais aberto do que nunca a experimentar novas opções — desde que o preço compense.

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