O Bluetooth 6.1 finalmente está entre nós. A nova versão do padrão sem fio mais popular do mundo inaugura uma fase completamente diferente na história da tecnologia: a partir de agora, as atualizações passam a ser semestrais, acelerando o ritmo entre as melhorias lançadas Além disso, ele traz uma evolução significativa na forma como os dispositivos se identificam e se comunicam, com foco em privacidade e eficiência energética.
Mais privacidade
O principal destaque da nova versão é o recurso Randomized RPA Updates, uma tecnologia que melhora drasticamente a proteção contra rastreamento indesejado por Bluetooth.
Funciona assim: até agora, dispositivos como fones de ouvido, relógios e celulares transmitiam endereços únicos (ainda que temporários) que podiam, com o tempo, ser usados para rastrear a movimentação de uma pessoa. Com o novo recurso, esses endereços passam a mudar em momentos aleatórios, dificultando tentativas de monitoramento baseadas em padrões previsíveis.
Além disso, o processamento dessa troca de endereços foi movido para o próprio Controlador Bluetooth, liberando o processador principal da tarefa e, como consequência, economizando energia, um ganho importante principalmente para wearables e gadgets de uso contínuo.
Atualizações semestrais
Pela primeira vez desde 1999, o Bluetooth SIG (Special Interest Group) adotou um ciclo fixo de atualizações semestrais. A ideia é tornar a tecnologia mais responsiva às necessidades do mercado e entregar melhorias com mais consistência para fabricantes e desenvolvedores.
Segundo Alain Michaud, presidente do Bluetooth SIG, a decisão coloca o ecossistema em um novo patamar de dinamismo:
"Os aprimoramentos agora chegarão aos desenvolvedores com mais rapidez e consistência. É um avanço importante para todo o ecossistema Bluetooth."
Isso significa que novas funcionalidades, como melhorias em áudio, localização ou segurança, poderão ser implementadas de forma mais contínua, sem esperar anos entre uma versão e outra.
Como o Bluetooth evoluiu ao longo do tempo?
Desde a sua primeira versão comercial em 1999, o Bluetooth evoluiu de uma solução básica de conectividade para uma plataforma completa, presente em praticamente todos os dispositivos do dia a dia. Veja os principais marcos da tecnologia:
Versão | Ano | Principais inovações |
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6.1 | 2025 | RPA aleatório para privacidade, economia de energia e atualizações semestrais |
5.4 | 2023 | Anúncios periódicos, broadcast de localização |
5.2 | 2020 | LE Audio, áudio multiponto, codec LC3 |
5.0 | 2016 | Alcance maior, BLE mais eficiente |
4.0 | 2010 | Introdução do Bluetooth Low Energy |
3.0 | 2009 | Transmissão rápida via Wi-Fi |
2.1 | 2007 | Emparelhamento simples, segurança |
1.0b | 1999 | Conectividade básica entre dispositivos |
Meu dispositivo vai ganhar Bluetooth 6.1?
É importante destacar que, para usar os novos recursos da versão 6.1, o dispositivo precisa ter hardware e firmware compatíveis. Isso vale tanto para o emissor (por exemplo, um celular) quanto para o receptor (como um fone ou smartwatch).

Ou seja: não adianta o produto estampar "Bluetooth 6.1" na caixa se ele não suporta as funcionalidades novas. Por isso, o próprio Bluetooth SIG reforça que os fabricantes devem comunicar os recursos reais disponíveis — como "privacidade reforçada" ou "modo de baixa latência" — e não apenas o número da versão.
Além das novidades técnicas, o Bluetooth 6.1 também traz um novo anexo no guia de comunicação da tecnologia. O documento padroniza como os recursos devem ser descritos por marcas e fabricantes, com o objetivo de tornar a comunicação mais transparente e útil para o consumidor final.
Com isso, a expectativa é evitar confusões como "meu celular tem Bluetooth 5.3, mas meu fone não funciona com LE Audio", algo que se tornou comum nos últimos anos com a diversidade de versões e recursos disponíveis.