A vida do Spotify não está lá tão tranquila assim. Além da concorrência pesada com outros serviços de streaming e os processos jurídicos contra gravadoras, a plataforma agora tenta lidar com um espertinho que, supostamente, criou playlists com artistas 'desconhecidos' e faturou mais de US$ 1 milhão em monetização. A informação do golpe vem do site Music Business Worldwide.

Segundo as informações do MBW, o golpe consiste de vários passos que, aparentemente, não violam as regras do serviço, como criação de playlists; mas uma série de procedimentos suspeitos despertaram desconfiança do Spotify, que investiga o caso.

Basicamente, um búlgaro é dono de algumas playlists dentro do Spotify, entre elas algumas que já figuraram entre as mais ouvidas do planeta - e aí já começam as suspeitas. Primeiro que uma playlist chamada "Soulful Music" esteve entre as 40 listas mais reproduzidas no ranking interno da empresa (um ranking confidencial e utilizado para geração de estatisticas). A suspeita ficou mais evidente quando os funcionários da empresa constataram que a playlist é composta por 467 faixas, todas de músicos desconhecidos e pouquissimas informações sobre os mesmos. Ao mesmo tempo, a playlist é seguida por menos de 2 mil pessoas e as faixas têm pouco mais de 30 segundos (duração mínima para criação de faixas monetizadas na plataforma).

Playlist já está fora do ar desde outubro de 2017
Playlist já está fora do ar desde outubro de 2017

Para piorar, os investigadores descobriram que a playlist Soulful Music tinha em média 1200 ouvintes mensais, porém muito assíduos, já que ouviam a lista 24 horas por dia. 

Robôs?

Com tanta frequência ouvindo as músicas do Soulful Music, a playlist ganhou notoriedade e desbancou inúmeras playlists "sérias" do Spotify. Acredita-se que os ouvintes fiéis - com contas Premium e tudo - sejam controlados por uma única pessoa, através da utilização de Bots. Também não se tem informação se as contas Premium eram pagar de fato, ou também sofriam algum tipo de burlagem, mas considerando os valores que podem ter sido conquistados pelo pagamento royalties, o custo das contas é irrisório. Nos EUA, uma conta Premium do Spotify, custa US$ 9,99; somando os 1200 ouvistes mensais, o Spotify arrecadaria cerca de US$ 11,988 por mês.

Em contrapartida, a playlist tinha 467 músicas, o meliante tinha 1200 robôs que as executavam 24 horas por dia. Como cada música tem 30 segundos, logo, cada robô gerava 120 execuções por hora ou 2880 por dia. Como o Spotify paga 0,004 por reprodução, cada robô garantia 11.52 dólares por dia. Soma-se então este valor por 1200 bots, 30 dias por mês, durante quatro meses e temos uma quantia de US$ 1.658.880 em royalties. A gente ainda fez a conta para constatar que os robozinhos conseguiram, neste período, apenas com a playlist Soulful Music, 103.680.000 de visualizações de música.

O que diz o Spotify?

A empresa não confirma a fraude, mas um porta-voz comentou ao site Music Business World Wide o seguinte:

"Nós levamos extremamente a sério a manipulação artificial da atividade de streaming em nosso serviço. A Spotify possui várias medidas de detecção no local, monitorando o consumo no serviço para detectar, investigar e lidar com essa atividade. Continuamos a investir fortemente na refinação desses processos e na melhoria dos métodos de detecção e remoção e na redução do impacto dessa atividade inaceitável em criadores legítimos, detentores de direitos e nossos usuários".

O mais preocupante é que este pode ser o primeiro golpe deste gênero descoberto no Spotify. Você usa Spotify Premium? Vale a pena?