Como todo ano, após o lançamento das novidades da Apple, o mesmo questionamento paira no ar: vale a pena trocar de celular, computador, relógio ou iPad? Este ano decidi largar meu iPhone 8, investir no famoso iPhone 11 Pro e o que tenho a dizer é: não faça a mesma coisa antes de ler este post!

Antes de mais nada, é preciso ressaltar o salto dado entre os dois smartphones. Meu iPhone 8 tinha 64GB, tela de 4,7 polegadas, uma câmera traseira de 12MP e frontal de 7MP. Ele ainda contava com Touch ID e pesava apenas 148g. Seu processador era o A11 Bionic e contava com a última atualização do iOS 12 até a troca.

Vale a pena trocar um iPhone 8 por um iPhone 11 Pro?
O iPhone 11 Pro também possui 64GB, mas tela de 5,8 polegadas, três câmeras traseiras de 12MP e câmera frontal com a mesma capacidade, além de Face ID e 188g. Seu processador é o A13 Bionic e o sistema operacional iOS 13.

Primeiras impressões

Ao pegar um iPhone 11 Pro na mão, a primeira diferença que senti foi no tamanho da tela e do aparelho como um todo. Como não tinha passado pelo iPhone X ou XR/XS, foi chocante para mim a experiência das bordas mais finas e a falta do botão na parte inferior do aparelho. Demorei um pouco para me acostumar, mas certamente esse é um ponto positivo.

A tela maior permite uma experiência mais imersiva nos aplicativos, principalmente no que diz respeito a filmes e jogos. A tela de Super Retina XDR OLED do iPhone 11 Pro com resolução de 2436 x 1125 px faz bastante diferença quando comparada com a tela de Retina HD do iPhone 8. As imagens são bem mais próximas da realidade e as cores mais vivas.

iPhone 11 Pro possui tela maior e é mais grosso que iPhone 8.
A grossura e peso do celular também foram diferentes no começo. O iPhone 8 possui 0,73 cm de espessura, contra 0,81 cm do iPhone 11 Pro. Eu particularmente gosto de celulares bem finos, então isso me incomodou bastante - principalmente depois de colocar uma capinha protetora no smartphone.

Face ID ou Touch ID?

Confesso que esperava bem mais do Face ID. Uma das novidades prometidas pela Apple em seus lançamentos de 2019 era exatamente a melhoria do Face ID, o que, ao meu ver, ainda está longe de ser perfeito.

Face ID ou Touch ID? iPhone 11 Pro realmente aprimorou a tecnologia de reconhecimento facial?
Mais uma vez, não tive a experiência do iPhone X ou XR/XS para saber se já houve uma mudança gritante entre os reconhecimentos faciais, mas no iPhone 11 Pro, de cada 10 tentativas de desbloquear o aparelho, apenas 6 funcionam a Face ID (isso com o celular de frente para o rosto). Com o iPhone 8 eu também precisava tentar algumas vezes até o celular reconhecer minha digital, mas era bem mais rápido e preciso do que o 11 Pro.

Fotos e vídeos

Esse foi um grande diferencial no lançamento do iPhone 11 Pro e algo gritante quando comparado com o iPhone 8. Mas não se anime muito! O iPhone 11 Pro também deixa a desejar em alguns quesitos.

É impossível negar que as fotos tiradas pelas câmeras traseiras do iPhone 11 Pro são bem melhores das tiradas com iPhone 8. As cores saem mais vivas e a nitidez das imagens chega até a assustar. O mais recente lançamento da Apple conta com três lentes, sendo uma grande angular, outra ultra grande angular e por fim uma teleobjetiva.

Foto tirada com lente ultra grande angular do iPhone 11 Pro.
Ao tirar fotos, é possível brincar com essas três lentes para enquadrar melhor o objeto a ser fotografado - ou o oposto, no caso da lente ultra grande angular. Porém, no caso desta última, o melhor é fotografar paisagens: se há alguém na foto, a pessoa fica bastante distorcida. É o efeito fish-eye, então era de se esperar já essa distorção, mas chega a estragar a foto.

Já o famoso efeito bokeh, que foca em um objeto em destaque e deixa o fundo embaçado só funciona quando as condições são perfeitas. É preciso ter um objeto em destaque, iluminação incrível e uma distância precisa, caso contrário, o celular não reconhece o objeto e não consegue focar. Este efeito com a câmera frontal deixa bastante a desejar, já que partes do objeto focado ficam embaçadas como se fossem o fundo.

Efeito bokeh quando há mais de um objeto a ser focado - após várias tentativas de fazer o celular reconhecer alguns objetos ao invés de só um.
O modo noturno também não atendeu as expectativas. Para ser honesta, não vi tanta diferença do modo noturno do iPhone 8: as luzes ficam estouradas e estragam a foto. Claro, há bem menos ruído e mais nitidez de uma câmera para outra, mas o produto final acaba não sendo dos melhores exatamente pelas luzes estouradas, o que faz com que fotos tiradas à noite com o iPhone 8 e iPhone 11 Pro não sejam tão diferentes.

Modo noturno do iPhone 11 Pro tem menos ruídos, mas luzes estouradas atrapalham a imagem como um todo.

Já os vídeos são incríveis, mas também não estão perfeitos. A qualidade tanto das gravações da câmera traseira quanto da frontal é excelente. O único porém é que estes estão travando. Pensei que poderia ser um problema exclusivo do meu aparelho, mas vi outras reclamações similares, inclusive de pessoas com o iPhone 11 Pro Max: durante a gravação, o vídeo trava por milésimos de segundos e, ao reproduzi-lo, o mesmo trecho trava também.

iOS 13

Além do bug do vídeo, o novo sistema operacional da Apple também apresentou outros problemas. Quando se compra um smartphone novo, a expectativa é de que ele funcione de forma impecável, mas não é o que vem ocorrendo com o iPhone 11 Pro.

Digo isso por alguns detalhes, mas que fazem toda a diferença quando você se lembra do preço gasto no produto. Por exemplo: no iPhone 8 era possível clicar duas vezes sobre uma palavra em um texto e esta era automaticamente selecionada. O iPhone 11 Pro não possui esse recurso - ou é um bug - então, ao clicar duas vezes, ele seleciona a primeira letra da palavra e você precisa seleciona-la manualmente. O problema é que, de várias vezes que tentei essa seleção, em grande parte o celular não entendeu o comando, então tive que apagar todo o trecho e recomeçar.

iOS 13 apresenta diversas falhas e bugs, mas Modo Noturno funciona de forma impecável.
Abrir o aplicativo da câmera também foi difícil em alguns momentos. O smartphone travava, ficava com a tela preta e era preciso fechar o app e tentar de novo. Outros apps que apresentaram problema na iniciação foram os da Google, como o Google Fotos.

Mas em compensação, o modo noturno funciona perfeitamente. Vários aplicativos já adotaram essa nova seleção de cores - inclusive o Instagram - que permite ao usuário usar o celular sem cansar os olhos. Quando o sol se põe, automaticamente o celular migra para o modo escuro e quando o sol nasce, este é desativado.

Bateria

Claro que um novo smartphone aparenta possuir uma bateria eterna, mas a do iPhone 11 Pro realmente é de se destacar. Enquanto meu iPhone 8 precisava ser carregado com frequência - chegando a até duas vezes em um mesmo dia - o iPhone 11 Pro pode ficar longe de tomadas por 24hs sem problemas. Claro, na manhã seguinte teria pouca bateria, mas é possível.

Citando números, em um dia bastante movimentado em que usei o Mapa diversas vezes, ouvi música, usei Instagram, WhatsApp, Facebook, tirei fotos e outros, às 20hs a bateria era de 40%.

Bateria do iPhone 11 Pro é visivelmente (e obviamente) mais duradoura que a do iPhone 8.
Já em dias mais tranquilos, em que uso pouco o celular, às 20hs a mesma bateria marca 60%. É importante ressaltar também que esses números são com o modo "pouca energia" ativado. Quando este está desativado, os números mudam um pouco, mas não muito.

Problemas generalizados

Por fim, dois problemas encontrados no iPhone 11 Pro foram em relação ao Apple Watch e ao Wi-Fi.

Começando pelo Apple Watch, meu novo iPhone simplesmente não localizava meu relógio e nem o identificava. Foi preciso que eu restaurasse o relógio para poder conecta-lo ao meu novo aparelho - o que, cá entre nós, foi um ponto bem negativo.

iPhone 11 Pro apresentou dificuldades para localizar e reconhecer Apple Watch.
Já no que diz respeito ao Wi-Fi, foram duas situações distintas: a primeira com o uso do Acesso Pessoal e a segunda com a conexão do celular a redes Wi-Fi. Ao tentar conectar meu computador à internet do celular, foi preciso esperar uns bons 10 minutos até que este ficasse visível para a seleção. Quando conectado, a internet roteada pelo aparelho caía com frequência e era preciso recomeçar todo o processo.

Depois, em relação à conectividade do iPhone com redes Wi-Fi, algo semelhante acontecia: inúmeras vezes se perdia a conexão, sendo que era apenas o meu dispositivo que fazia isso, enquanto outros iPhones de conhecidos permaneciam constantemente conectados.

Acredito que este problema foi corrigido com a atualização 13.1.2 do iOS já que não voltou a ocorrer - como também a falha no aplicativo da câmera.

Mas afinal, vale a pena investir em um iPhone 11 Pro?

Acho que essa é a pergunta mais difícil a ser respondida. É preciso lembrar que o novo smartphone da Apple está à venda a partir de US$999, o que corresponde, aproximadamente, a R$4.100. Tudo depende do que você busca em um aparelho e se o iPhone 11 Pro atende a essas questões.

Mas é importante ter em mente que a Apple também erra. Ou seja: existem defeitos no smartphone. A expectativa é de que esses problemas sejam corrigidos com o passar do tempo, mas é preciso ter paciência.