O Brasil segue no centro da mira dos cibercriminosos. Um novo relatório da NETSCOUT mostra que o país foi o mais atacado da América Latina no primeiro semestre de 2025, com mais de 550 mil ataques DDoS registrados, um aumento de 54% em relação ao período anterior. Esse volume coloca o Brasil entre os principais alvos globais, ao lado de potências como Estados Unidos, Índia e Irã.

Quais os setores mais atacados no Brasil

Entre janeiro e junho de 2025, as operadoras de telecomunicações móveis foram as principais vítimas, acumulando mais de 170 mil ataques. Em seguida, aparecem os provedores de hospedagem e computação em nuvem, com quase 33 mil incidentes, e outras empresas de telecomunicações, que somaram 14,7 mil.

O setor financeiro também entrou na lista: os bancos comerciais sofreram mais de 6,5 mil ataques. Até mesmo segmentos inesperados, como empresas de transporte, organizações religiosas e varejo de eletrônicos, foram alvo de ofensivas.

Os ataques DDoS (negação de serviço distribuído) são usados para derrubar sites e serviços online, sobrecarregando os sistemas até ficarem fora do ar. O levantamento revela que essas ofensivas estão cada vez mais sofisticadas, com uso de automação via inteligência artificial, botnets de dispositivos conectados e campanhas hacktivistas coordenadas. Segundo a NETSCOUT, esse cenário cria riscos sem precedentes para empresas e infraestrutura crítica.

Ciberataques como arma geopolítica

O relatório também mostra que os ataques DDoS deixaram de ser apenas uma ameaça técnica e passaram a ser usados como instrumentos de guerra digital. Durante conflitos recentes entre Índia e Paquistão, e entre Irã e Israel, milhares de ataques foram direcionados a governos, bancos e serviços estratégicos desses países.

Grupos hacktivistas, como o NoName057(16), se destacam nesse cenário. Só em março, essa organização foi responsável por mais de 475 ataques, número muito acima de outros grupos ativos.

Tendência preocupante

De acordo com Richard Hummel, diretor de inteligência de ameaças da NETSCOUT, as campanhas estão se tornando cada vez mais complexas:

"As defesas tradicionais não são mais suficientes. O uso de inteligência artificial e ferramentas como WormGPT e FraudGPT eleva o nível de preocupação, exigindo novas formas de proteção."

A NETSCOUT monitorou mais de 8 milhões de ataques DDoS no mundo apenas no primeiro semestre de 2025, com picos que chegaram a 3,12 Tbps em um ataque registrado na Holanda.