O cirurgião italiano Sergio Canavero, em uma entrevista publicada na quinta-feira (27) pela revista alemã Ooom, forneceu novos detalhes sobre o primeiro "transplante de cabeça do mundo", que poderá ser feito nos próximos anos. Na ocasião, o médico também comentou sobre planos mais arriscados, como transplante de cérebro.

"Estamos atualmente planejando o primeiro transplante de cérebro do mundo, e eu considero realístico dizer que estaremos prontos em três anos no máximo", disse o cirurgião. "O processo já está encaminhado, nós estamos trabalhando nele em paralelo [ao transplante de cabeça]."

Sergio Canavero

De acordo com Canavero, o transplante envolveria "transportar o seu cérebro para um crânio totalmente diferente". O processo, segundo o médico, pode ser traumático, já que "cria uma situação nova que certamente não será fácil".

Mesmo assim, o cirurgião vê várias vantagens: "Primeiro, não há quase nenhuma reação imunológica, o que significa que o problema da rejeição não existe". Em um transplante de cabeça, os nervos, tendões, músculos e veias podem causar grandes problemas caso o novo corpo possa os rejeitar, porém, com o cérebro o mesmo não acontece. "O cérebro é, de certa forma, um órgão neutro", diz ele.

O médico diz que o transplante de cérebro possibilitaria que os humanos vivessem para sempre. Na entrevista, o cirurgião falou sobre a empresa Alcor, que congela corpos e cérebros humanos para que eles possam sem revividos no futuro.

De acordo com Canavero, assim que o primeiro transplante de cabeça acontecer com sucesso, ele e sua equipe começarão a tentar reviver os primeiros cérebros dos clientes da Alcor. O médico salienta que isso deverá acontecer "no máximo até 2018".

"Nessa fase [quando a cabeça está separada do corpo], não há nenhuma atividade de vida - nem no cérebro, nem no resto do corpo. O paciente está morto, clinicamente morto. Se nós trouxermos essa pessoa de volta à vida, receberemos o primeiro relato real do que acontece após a morte", disse.

O médico acredita ainda que as "as religiões serão exterminadas para sempre, caso o procedimento dê realmente certo". "Elas não serão mais necessárias, pois os humanos não precisarão mais ter medo da morte". O paciente que sobreviver à operação poderá contar se manteve sua consciência, ou se não sentiu nada durante seu período de "morte".

"Então, começaremos a nos perguntar pelo sentido da vida: eu nasço, eu vivo, eu morro e em algum momento eu envelheço e adoeço. Qual é o propósito da minha vida?"