A Huawei acaba de dar um passo histórico na sua trajetória tecnológica. Após perder a licença para usar o sistema operacional Windows em seus computadores pessoais, a gigante chinesa lançou oficialmente seu primeiro notebook equipado com o HarmonyOS Next, o sistema operacional próprio que promete ser uma alternativa real ao domínio da Microsoft. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (8) durante em Shenzhen, na China.

O novo laptop — ainda sem nome oficial — é o primeiro PC da marca a abandonar completamente as soluções ocidentais e adotar uma base 100% chinesa, com foco total em performance, conectividade e inteligência artificial. A máquina traz a versão mais recente do sistema, o HarmonyOS 5.0, também chamado de HarmonyOS Next, que além de compatível com um número crescente de apps móveis do ecossistema da marca, oferece suporte a mais de 2 mil aplicativos até o final do ano — incluindo os populares Bilibili, RedNote e Feishu, da ByteDance.

Uma nova era para o PC chinês

Huawei dribla sanções dos EUA e lança notebook com seu próprio sistema. Imagem: Reprodução
Huawei dribla sanções dos EUA e lança notebook com seu próprio sistema. Imagem: Reprodução

Com essa mudança, a Huawei não apenas reage às sanções impostas pelos Estados Unidos, mas também inicia uma nova fase: a construção de uma plataforma de software integrada que une smartphones, tablets, smartwatches, TVs e agora também notebooks sob o mesmo sistema operacional.

"Entramos completamente na era do HarmonyOS", afirmou Zhu Dongdong, presidente da divisão de PCs e tablets da empresa.

O sistema operacional do notebook tem interface semelhante ao macOS, com um Dock de atalhos na parte inferior da tela, widgets interativos, ícones organizáveis em cartões e uma navegação fluida, pensada para tornar o ambiente mais intuitivo.

Anúncio do primeiro laptop Huawei com sistema HarmonyOS Next. Imagem: Reprodução
Anúncio do primeiro laptop Huawei com sistema HarmonyOS Next. Imagem: Reprodução

Mas o verdadeiro trunfo do HarmonyOS está sob o capô: o motor gráfico Ark, o sistema de segurança StarShield e o framework ArkUI, que juntos garantem múltiplas janelas simultâneas, gráficos fluidos e alta personalização. Outro diferencial é o suporte nativo a mais de 1.000 dispositivos externos, incluindo periféricos não padronizados como impressoras e tablets.

IA nativa e integração total

O laptop também vem com a assistente virtual Celia, que utiliza inteligência artificial para resumir reuniões, criar apresentações, organizar arquivos e responder comandos com linguagem natural. A Huawei já sinalizou que a IA será o grande diferencial da nova fase do sistema, podendo até traduzir conteúdos e reconhecer imagens em tempo real.

O novo notebooks deve apostar em IA nativa e integração total. Imagem: Reprodução
O novo notebooks deve apostar em IA nativa e integração total. Imagem: Reprodução

Além dos apps próprios, o HarmonyOS para PCs virá com versões adaptadas de softwares populares no mercado chinês, como o WPS Office (alternativa ao Microsoft Office) e o DingTalk, plataforma corporativa da Alibaba. Segundo informações da mídia estatal, o HarmonyOS Next já conta com mais de 2.700 patentes registradas e foi desenvolvido ao longo de cinco anos com o apoio de 20 centros de pesquisa ao redor do mundo.

Competição direta com o Windows

A aposta da Huawei é ousada: transformar o HarmonyOS em um sistema competitivo o suficiente para enfrentar diretamente o Windows. Em termos de experiência, desempenho e personalização, o sistema mostra potencial. Mas, como sempre, o sucesso vai depender da adesão dos usuários e da capacidade da empresa de construir um ecossistema robusto e confiável.

Mesmo assim, a Huawei já colhe frutos. No setor mobile, o HarmonyOS superou o iOS da Apple na China em participação de mercado, ficando atrás apenas do Android. Com a chegada do sistema aos notebooks, a empresa amplia ainda mais seu plano de independência tecnológica — algo que parecia impensável anos atrás.

O primeiro notebook com HarmonyOS deve ser lançado oficialmente no dia 19 de maio. A expectativa é alta. E se ele entregar o que promete, o Windows terá, pela primeira vez em décadas, um concorrente de verdade no mundo dos PCs — vindo diretamente de Shenzhen.

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