Cyberpunk 2077 ainda não é, e nunca vai ser, o RPG que esperávamos em 2020. Para ser o que foi prometido, o título teria que ser refeito do zero, pois muitos dos seus problemas só desapareceriam caso elementos de seu DNA fossem reformulados. Em outras palavras, temos aqui um action RPG que foi vendido como um RPG raíz, fazendo com que muitos jogadores esperassem por algo como The Witcher 3 em um universo tecnológico.

Chegamos agora no momento em que a CD Projekt Red tenta dar a volta por cima com seu jogo futurista. Embora este ainda não seja o RPG tão sonhado, e prometido, temos aqui um renascimento. A expansão Phantom Liberty chega para oferecer uma trama excelente, ainda melhor que aquela que vimos no jogo base, enquanto é acompanhada pelo update 2.0, que por sua vez modifica o jogo de uma maneira geral.

Uma trama mergulhada na espionagem

Phantom Liberty mergulha Cyberpunk 2077 na espionagem, aproveitando todos os elementos que a proposta pode oferecer. Se o jogo da CD Projekt Red tinha muitos problemas em seu lançamento, a verdade é que a narrativa nunca foi um deles, e na expansão a escrita é primorosa novamente. Inclusive, a desenvolvedora parece assumir cada vez mais uma posição de liderança absoluta neste quesito. O que foi visto em The Witcher 3 e suas expansões, agora se repete em Cyberpunk 2077.

Phantom Liberty dá aula de narrativa ao oferecer um enredo denso, com reviravoltas e surpresas marcantes. Com excelentes personagens, a expansão faz com que o jogador nunca saiba o que esperar de seus aliados e inimigos. Por exemplo, Songbird é uma personagem apaixonante e conquistadora, que cativa facilmente, no entanto, você nunca sabe o que esperar da garota e não tem certeza se pode confiar nela nem por um segundo sequer.

A ótima escrita também entrega outros personagens excelentes como Alex, Kurt Hansen e Solomon Reed, este último nterpretado muito bem por Idris Elba, o astro de Hollywood. Em Phantom Liberty, Cyberpunk 2077 entrega um enredo maduro e muito robusto, enquanto mantém o jogador completamente imerso em uma jornada onde há sempre alguma verdade oculta.

Idris Elba rouba a cena

Assim como Keanu Reeves foi um dos grandes destaques do jogo base, Idris Elba rouba a cena como Solomon Reed. Se o personagem interpretado pelo astro é extremamente bem escrito e já tem neste elemento o que é preciso para ser um dos pontos positivos, tudo é elevado com a excelente atuação de Elba.

Cada cena de Reed tem um peso com a presença muito forte que o ator tem em cena. Os gráficos de ponta também ajudam para que as expressões do astro sejam mais perceptíveis e aumentem a carga dramática de cada momento de tensão.

Imagem: Oficina da Net
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Missões memoráveis

Aproveitando o seu mergulho na espionagem, Phantom Liberty também consegue oferecer missões memoráveis, superando até mesmo as melhores missões do jogo base. Invadir uma torre de forma furtiva, participar de um jogo de apostas numa festa, sequestrar hackers de ponta... o mundo da espionagem te coloca em diversas situações que trazem ótimos momentos ao título.

Existe um cuidado muito grande para aproveitar, de fato, tudo o que você tem em mãos quando resolve entregar aos jogadores um thriller de espionagem. Aqui vemos uma nova faceta de Cyberpunk 2077, com missões que fogem bastante do que vimos no jogo base e se tornam superiores aos momentos de destaque da campanha principal.

Phantom Liberty sabe muito bem como brincar com as possibilidades de ser um agente especial. A expansão oferece ação extrema quando é necessária, assim como abusa da furtividade de uma maneira totalmente satisfatória. Jogo político e conversas repletas de significados também aparecem bastante e agradam muito.

Imagem: Oficina da Net
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Novas habilidades mudam o jogo

Para aproximar o jogo de um resultado esperado em 2020, a CD Projekt Red refez sua árvore de habilidades, e com isso conseguiu um dos grandes trunfos da expansão/update 2.0. Felizmente, o que foi modificado tem grande resultado no jogo de maneira geral, certamente melhorando muito seu combate.

Se antes a árvore de habilidades deixava a desejar, agora você percebe que existem opções muito mais interessantes e profundas no que diz respeito ao gameplay. Se antes você se sentia incomodado com muitas habilidades desnecessárias e outras que mudavam apenas atributos, agora você perceberá que a jogabilidade mostra diferenças significativas de acordo com as habilidades que você escolhe.

Também é importante dizer que com o as habilidades do Relic o jogo se torna um RPG ainda mais parrudo e robusto, oferecendo mais variedade ao jogador. Embora exista a sensação de que o Relic pudesse ter um efeito maior, com mais possibilidades, a novidade é uma adição muito interessante ao título.

Imagem: Oficina da Net
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Combate mais prazeroso

O combate de Cyberpunk 2077 também se mostra muito mais prazeroso agora. Se antes a inteligência artificial deixava a desejar e os inimigos pareciam esponjas de balas, agora tudo é mais satisfatório e mais natural, com os confrontos oferecendo muito mais diversão.

Seja pelas novas habilidades ou por outras novidades, tudo acaba tendo um funcionamento muito melhor do que no lançamento original. Além disso, agora também temos o combate com veículos que se mostra crucial para a diversão, expandindo as possibilidades e dando ainda mais emoção aos momentos de ação. Inclusive, existem missões secundárias que exploram muito bem a novidade e permitem que o jogador encare bons desafios nos confrontos em alta velocidade.

Dogtown é vazia

Um dos grandes pontos negativos da expansão é justamente um dos principais erros do jogo base, mas isso parece ser algo que já faz parte do DNA do título. Dogtown é vazia, apesar de inicialmente ser povoada e já oferecer muitas lojas para comprar ótimos equips.

Assim como Night City de maneira geral, o novo distrito parece uma casca. É lindo e chamativo por fora, mas por dentro não tem nada de tão cativante para oferecer. Enquanto a região chama atenção pela presença dos NPC's, que ensaiam alguns comentários que parecem ser a pista para algo mais profundo, a verdade é que a interação com o cenário e civis é praticamente inexistente.

A mesma sensação também se repete quando o jogador sente vontade de ver algo mais profundo com relação aos prédios e estruturas do distrito. Não há nada para encontrar. Dogtown, assim como o restante de Night City, é um mar de possibilidades vazias.

Imagem: Oficina da Net
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O veredito

Phantom Liberty mostra mais uma vez que a CD Projekt Red escreve narrativas como ninguém na indústria. A trama de espionagem entrega personagens memoráveis, enquanto tudo é extremamente divertido com missões excelentes que superam o jogo base.

Com a atualização 2.0, o jogo base também é modificado e se aproxima um pouco do que foi prometido originalmente. Cyberpunk 2077 agora é um RPG muito mais completo e divertido, entregando com muito mais competência um resultado satisfatório.

Cyberpunk 2077: Phantom Liberty
8.5
Prós
  • Trama excelente
  • Ótimos personagens
  • Árvore de habilidades aprimorada
  • Combate mais prazeroso
Contras
  • Ainda não é o RPG prometido em 2020 (e nunca será)
  • Dogtown é uma casca