“Dois anos atrás nós reduzimos sua velocidade para 38 milhas por hora. Agora somos capazes de para-la totalmente e depois, fazer com que continue com sua velocidade total.” Lene Hau não está falando de um motor de uma motocicleta e sim da luz, aquela etérea coisa que sustenta a vida e demora oito minutos para chegar do Sol até a Terra.

Cinco anos atrás a velocidade da luz era considerada uma das grandes constantes universais. Albert Einstein teorizou que a luz não poderia viajar mais rápido que 299.792.458m/s. Ninguém provou que ele estava errado mas nunca ninguém disse que a luz não poderia ser desacelerada.

Lene Hau de 41 anos, professora de física em Harvard, diz que Einstein ficaria “provavelmente chocado” com os resultados desses experimentos. Trabalhando no Instituto Rowland de Ciência com vista para o Rio Charles e a cúpula de ouro do Capitólio de Boston, Hau e seus alunos foram capazes de, em 1999, desacelerar a luz a incríveis 38 milhas por hora. Eles conseguiram tal façanha passando um feixe de luz através de uma pequena nuvem de átomos a temperaturas bilhões de vezes mais frias que o espaço entre as estrelas -nesse experimento, Hau e sua equipe criaram a região mais fria já vista no universo. A nuvem de átomos foi suspensa magneticamente em uma câmara, cujo ar foi bombeado para fora criando um vácuo com 100 trilhões de vezes menos pressão do que a sala onde você está lendo este texto.

“É fantástico olhar para a câmara e ver o amontoado de átomos super congelados flutuando. Neste estranho estado, a luz ganha uma dimensão mais humana, mais compreensível, pois é quase possível tocá-la.” Diz Hau a respeito dos experimentos.

Ela e sua equipe trabalharam arduamente tentando ajustar e melhorar seu equipamento até que finalmente foram capazes de parar totalmente um feixe de luz. A luz escurece enquanto vai diminuindo sua velocidade, você pode pensar nela simplesmente ficando turva e escura. Então Hau dispara outro feixe de luz na nuvem de átomos e o feixe antes totalmente parado “ganha” velocidade novamente e continua seu trajeto a velocidade normal.

Inspirados no sucesso dos experimentos de Hau, pesquisadores estão trabalhando em um pequeno morro a alguns quilômetros do laboratório de Hau, no Centro de Astrofísica de Harvard (CfA). Estes pesquisadores também estão trabalhando em métodos para parar a luz, e então “devolver” sua velocidade original. O time, liderado por Ronald Walsworth e Mikahail Lukin ambos associados a Harvard, obtiveram sucesso em seus experimentos que são totalmente independentes dos experimentos liderados por Hau.

Texto traduzido e adaptado de: http://www.news.harvard.edu/gazette/2001/01.24/01-stoplight.html