Antes de mais nada, para começar, o FaceApp não está fazendo nada particularmente incomum, por isso, se você está preocupado com FaceApp, saiba que aplicativos como o Facebook e muitos outros fazem a mesma coisa.

Ainda assim, a assunto chamou a atenção para práticas um tanto quanto invasivas na captação de dados dos usuários.

Para usar o aplicativo, os usuários selecionam uma foto na qual aplicam filtros, vale lembrar aqui que para que o aplicativo possa exibir a sua galeria de fotos, você deve dar permissão para que isso ocorra e, não, não há indícios de que o aplicativo capture fotos não abertas nele.

Em seguida, o aplicativo envia a foto escolhida para os seus servidores para a aplicação do filtro escolhido. O ato de fazer upload da foto e em seguida, após aplicar o filtro, fazer o download da foto alterada, não fica explícito para quem usa o aplicativo, mas veja, isso não é incomum, como observou o pesquisador e CEO do Guardian Firewall Will Strafach no Twitter.

Teoricamente, o FaceApp poderia processar essas fotos no próprio dispositivo, mas Yaroslav Goncharov, ex-executivo da Yandex e CEO da empresa russa que criou o aplicativo, disse ao site The Verge que as fotos enviadas para o aplicativo são armazenadas nos servidores da empresa para que a imagem base seja enviada uma única vez e, se vários filtros forem aplicados, a imagem base já está nos servidores, evitando um envio repetitivo de uma mesma imagem gerando economia de dados para quem usa o aplicativo. 

Em um comunicado ao TechCrunch, o FaceApp afirmou que aceita toda solicitação de usuários para remover seus dados dos seus servidores.

A equipe atualmente está "sobrecarregada", mas os usuários podem enviar a solicitação através de Configuração > Reportar Erros e enviar logs, com a palavra "privacidade" na primeira linha da mensagem. 

O caso aqui é que nunca saberemos se o FaceApp realmente exclui os dados das fotos, mas vale lembrar que enviamos fotos de nossos rostos para os servidores de várias outras empresas o tempo todo.

A única diferença neste caso é que, ao contrário do Facebook ou do Google, o FaceApp é russo e, portanto, acaba herdando o preconceito dos americanos sobre o país.

Sobre isso, o FaceApp diz que nenhum dado do usuário é transferido para a Rússia. A pesquisadora Jane Wong também divulgou suas descobertas em torno do FaceApp e observou que ela desejava que os usuários possam em algum momento excluir seus próprios dados.

Outra possível questão de privacidade que as pessoas tomaram nota é que a política de privacidade da empresa incorpora uma linguagem ampla que permite o uso de nomes de usuários, nomes e imagens para fins comerciais.

A advogada Elizabeth Potts Weinstein também diz que a política não é compatível com GDPR. Ainda assim, os usuários geralmente concordam com políticas abrangentes que usam especificamente linguagem abstrata (uma ótima maneira de evitar uma ação judicial!). O FaceApp diz que não vende dados de usuários para terceiros.

Parece que a grande questão aqui nem é a privacidade propriamente dita. Ora, Facebook, Instagram, Google e, muitos outros aplicativos registram nossas informações, porque o alarde?

O questionamento levantado pelo The Verge, faz muito sentido pra mim. É só porque o aplicativo é russo? Vamos lembrar que o Telegram, por exemplo, já sofreu certo preconceito exatamente pelo mesmo motivo. Pavel Durov é russo, vou usar o Whatsapp! (risos) 

Então tudo bem para você que ativa a função de detecção de rosto do facebook e do Google Fotos? Porque? Elas são empresas americanas e, por isso podem?

O fato é que se o usuário hoje quer privacidade, simplesmente deve arrancar o chip de seu smartphone, o wi-fi e voltar a buscar o orelhão mais próximo para se comunicar.

O mesmo posso dizer para você de seu computador, afinal os sites captam as mesmas informações que os aplicativos.

Ainda assim, a conversa sobre o FaceApp é válida, mas neste caso, devemos generalizar. As pessoas devem pensar em como seus dados estão sendo usados ​​antes de compartilhá-los com qualquer aplicativo.