A computação quântica deixou de ser apenas uma ideia futurista e já começa a impactar áreas importantes como saúde, indústria, cidades inteligentes e, principalmente, a segurança digital. Essa nova forma de processar informações promete resolver cálculos que os computadores tradicionais levariam milhares de anos, em questão de segundos. Mas será que ela vai aumentar a segurança digital ou abrir novas brechas para os hackers?

Mais segurança ou mais brechas para hackers?

De um lado, empresas e especialistas apostam que os computadores quânticos serão capazes de resolver problemas tão complexos que as máquinas atuais nem chegam perto. Isso pode ser útil para desenvolver medicamentos com mais precisão, melhorar os sistemas de diagnóstico médico, otimizar redes em cidades inteligentes e criar algoritmos de criptografia praticamente inquebráveis.

Mas se, por um lado, a computação quântica pode criar sistemas de proteção praticamente inquebráveis, por outro, também pode se tornar uma arma poderosa nas mãos dos hackers. Ou seja, enquanto muita gente enxerga na computação quântica uma blindagem digital do futuro, outros veem nela uma possível porta aberta para invasões cada vez mais sofisticadas.

Se um cibercriminoso tiver acesso a um computador quântico, ele poderá quebrar sistemas de segurança atuais em questão de minutos, o que hoje levaria anos ou décadas com um computador comum. E não para por aí: dados criptografados hoje podem estar sendo coletados para serem decifrados no futuro, quando a computação quântica estiver mais acessível.

O risco existe

Segundo Gabriel Gomes de Oliveira, membro do IEEE (Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos), o risco é real e já está no radar da indústria. Ele explica que, apesar das vantagens, a computação quântica também representa um desafio urgente para empresas, governos e até usuários comuns, que dependem da segurança digital no dia a dia, seja para proteger uma conta bancária, dados em nuvem ou um simples login de e-mail.

Outro ponto que preocupa os especialistas é que a transição para a segurança quântica exige tempo, investimento e profissionais capacitados, algo que o Brasil ainda precisa correr atrás. Hoje, segundo dados do IEEE, existe uma falta global de talentos em cibersegurança — e isso inclui profissionais capazes de entender e implementar soluções com base em computação quântica.

Ou seja: estamos vivendo numa época histórica. A tecnologia está avançando rápido, mas é preciso acompanhar esse ritmo com educação, preparo e investimentos. Afinal, a segurança digital do futuro começa agora.