Os Correios querem que o Cade reabra a investigação contra a J&T Express Brasil, acusada de adotar práticas desleais no mercado de entregas. O pedido foi formalizado em um ofício enviado na segunda-feira (12) ao Ministério da Fazenda, com o objetivo de pressionar o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a retomar o caso, que havia sido arquivado.

A J&T é uma empresa de origem indonésia que opera no Brasil desde 2021. No documento, os Correios alegam que a concorrente está praticando dumping — vendendo seus serviços por preços abaixo do custo real, com margens negativas superiores a 40% — o que tornaria sua atuação insustentável em condições normais de mercado.

Correios que que o Cade reabra o caso arquivado por falta de provas. Imagem: Oficina da Net
Correios quer que o Cade reabra o caso arquivado por falta de provas. Imagem: Oficina da Net

Segundo a estatal, a política de preços da J&T estaria "expulsando pequenas empresas do setor", que não conseguem competir com as tarifas agressivas adotadas pela companhia. A informação foi revelada pela Folha de S.Paulo.

O que diz a J&T Express

Procurada pela Revista Oeste para comentar o caso, a J&T Express Brasil afirmou que ainda não teve acesso ao novo ofício, mas garantiu que atua dentro da legalidade e respeita os princípios da livre concorrência no Brasil.

"Denúncias semelhantes já foram analisadas pelo Cade e arquivadas por ausência de indícios de práticas anticoncorrenciais", afirmou a empresa em nota.

A transportadora também reforçou seu compromisso com a transparência e o desenvolvimento do setor logístico, e disse estar à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários.

Relembre o caso

A Associação Brasileira de Empresas de Distribuição (Abraed) havia feito uma representação ao Cade sobre a conduta da J&T, mas o processo foi arquivado por falta de provas consistentes.

Agora, os Correios querem que a Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE) elabore uma nova denúncia, solicitando a abertura imediata de processo administrativo contra a J&T e quaisquer outras empresas com práticas semelhantes.

"É uma atuação essencial para conter práticas predatórias e sinalizar ao mercado que ações semelhantes não serão toleradas", diz um trecho do ofício.

Relembre a linha do tempo da disputa entre J&T Express e Correios no Brasil:

⚫ 2021 - Chegada da J&T Express ao Brasil

A transportadora asiática, originalmente fundada na Indonésia, começa a operar no Brasil com foco em entregas rápidas e preços agressivos. Com forte investimento, a J&T busca abocanhar fatias do mercado dominado por empresas como Correios e Jadlog.

⚫ 2022 - Crescimento acelerado

A J&T rapidamente expande sua operação, firmando parcerias com grandes plataformas de e-commerce e ampliando centros de distribuição. O modelo agressivo de preços já começa a chamar atenção do setor.

⚫ 2023 - Primeiras reclamações formais

Empresas menores e entidades do setor logístico passam a relatar dificuldades para competir com os valores praticados pela J&T. Surge a primeira denúncia formal de possível dumping, feita pela Abraed (Associação Brasileira de Empresas de Distribuição) ao Cade.

⚫ Janeiro de 2024 - Cade arquiva a denúncia

Após análise preliminar, o Cade decide arquivar a denúncia da Abraed por falta de indícios concretos de prática anticoncorrencial. A J&T comemora a decisão e afirma que atua de acordo com a legislação brasileira.

⚫ Maio de 2025 - Correios entram na briga

A estatal decide intervir diretamente e envia um ofício ao Ministério da Fazenda pedindo que o caso seja reaberto. Os Correios alegam que a J&T pratica dumping com margens negativas de até 40%, tornando insustentável a concorrência no setor.

⚫ Próximos passos

O Cade ainda não se manifestou oficialmente sobre o novo pedido. Se a investigação for reaberta, a J&T poderá enfrentar um processo administrativo, que pode resultar em multas pesadas ou restrições comerciais, caso práticas anticoncorrenciais sejam comprovadas.

Com informações da Revista Oeste