Você se lembra do estranho extraterrestre do Atacama? Desde que ele foi encontrado mumificado no deserto do Atacama muita especulação já rolou. Mas finalmente sabemos agora o que ele é. Foram cinco anos de pesquisa genética que terminaram nesta semana revelando que se trata de um humano com alguma deformação apenas. Nada de ets ainda.

Embora os resultados possam ser decepcionantes para quem estava esperando uma notícia mais impactante, o sequenciamento completo do genoma deste ser deu alguns insights interessantes sobre causas médicas e deformidades nunca antes vistas em um hominídeo.

O DNA extraído dos restos mortais do esqueleto apelidado de Ata revelou mutações em sete genes associados a malformações ósseas e faciais, fusão articular prematura e nanismo. Várias das novas sequências anormais ocorreram em genes que anteriormente não eram conhecidos por afetar o desenvolvimento físico. O estudo foi conduzido por Garry Nolan da Universidade de Stanford e publicado na Genome Research.

ç

A história por trás deste quebra-cabeça científico começou lá em 2003 quando um caçador de artefatos desenterrou Ata, embrulhado em um pacote de pano branco, dos terrenos de uma igreja abandonada na cidade fantasma de mineração de La Noria. Rapidamente a notícia de que "algo de outro planeta" havia sido encontrado por ali explodiu nos meios de comunicação locais. Mas quem não entenderia o sensacionalismo inicial em torno de Ata? Estamos falando de um esqueleto humanoide de 15 centímetros de altura, órbitas oculares sinistras, um número errado de costelas e até mesmo as feições que o cinema nos ensinou que devem ser as feições de um et de verdade.

d

Nas palavras do próprio autor: "Eu tinha ouvido falar desse espécime através de um amigo meu e consegui tirar uma foto dele. Você não pode olhar para ele e não achar interessante; é bastante dramático. Então eu disse ao meu amigo, 'olhe, o que quer que seja, se tiver DNA, eu posso fazer a análise'".

A investigação inicial de sua equipe, concluída em 2013, forneceu algumas respostas, mas também levantou novas questões. Muitos especularam que Ata era um feto prematuro dessecado, mas múltiplos exames revelaram que ele tem nada mais nada menos do que 40 anos de idade. Para ajudar, o estado dos ossos sugeria que ele tivesse morrido entre seis a oito anos de idade. Assim, para determinar definitivamente quem (ou o quê) era o esqueleto, Nolan recrutou o especialista em análise genética pediátrica Atul Butte, da universidade de San Francisco.

Após uma análise completa que comparou as sequências de DNA de Ata com aquelas de referências saudáveis ​​e doentes, ficou comprovado que Ata era uma mulher de ascendência sul-americana e, muito possivelmente, fruto de um parto prematuro, além de possuir uma forma grave de displasia esquelética e um transtorno ósseo que causou a fusão de alguns deles.

"Embora o fenótipo extraordinário do espécime tenha ampliado a discussão sobre sua origem, e nenhuma hipótese foi deixada de lado durante a análise, o espécime é mostrado aqui como tendo uma origem puramente terrestre com mutações que refletem o que vemos", afirmam eles no artigo.

Como um feto abrigou tantos defeitos genéticos, no entanto, é provável que permaneça um mistério já que nenhuma pessoa (sã) sobreviveu para que se investigasse as ocorrências.

"Embora só possamos especular sobre a causa de múltiplas mutações no genoma de Ata, o espécime foi encontrado em La Noria, uma das muitas cidades abandonadas de mineração de nitrato no deserto de Atacama, o que sugere possíveis danos da exposição ao nitrato."