Há exatos 60 anos, o astronauta Ed White protagonizou um dos momentos mais marcantes da corrida espacial americana. No dia 3 de junho de 1965, ele se tornou o primeiro norte-americano a realizar uma caminhada espacial, um feito inédito para os Estados Unidos e decisivo na disputa com a União Soviética pela liderança além da Terra.
Preso apenas por uma corda e impulsionado por uma pequena pistola de gás, White deixou a cápsula Gemini 4 e flutuou no vazio do espaço por 23 minutos. O momento foi registrado em imagens que se tornaram icônicas, e o próprio astronauta resumiu a experiência como "extremamente divertida". Quando recebeu a ordem para retornar, confessou:
"Esse é o momento mais triste da minha vida."
Uma conquista americana após a pioneira soviética

Apesar do impacto global da caminhada de Ed White, ela não foi a primeira da história. O soviético Alexei Leonov já havia feito esse tipo de atividade alguns meses antes, em 18 de março de 1965, durante a missão Voskhod 2. No entanto, foi com White que os EUA entraram de vez no jogo das atividades extraveiculares, um passo crucial para o futuro da exploração espacial.
A missão Gemini 4 tinha como foco justamente testar a resistência humana fora da cápsula e preparar o terreno para viagens mais longas, como as missões lunares que viriam nos anos seguintes.
Tragédia
O sucesso da caminhada espacial levou Ed White a ser escalado para um projeto ainda mais ambicioso: a Apollo 1, a primeira missão tripulada do programa que pretendia levar o homem à Lua. Ao lado de Gus Grissom e Roger Chaffee, White se preparava para entrar em mais uma fase da história da exploração espacial.

Mas a tragédia interrompeu o sonho. Em 27 de janeiro de 1967, durante um teste de solo na cápsula da Apollo 1, um curto-circuito causou um incêndio que consumiu o módulo em segundos. Os três astronautas morreram antes que pudessem abrir a escotilha, que possuía um sistema de trancas mecânicas impossível de ser liberado rapidamente.
O legado de Ed White
O sacrifício de White e seus colegas ajudou a transformar protocolos de segurança e engenharia na NASA. Já o ato de caminhar no espaço, antes visto como algo quase impossível, hoje faz parte da rotina dos astronautas na Estação Espacial Internacional (ISS).
Atualmente, as chamadas atividades extraveiculares (EVAs) são usadas para manutenção, reparos e até instalação de novos módulos. Astronautas passam horas fora da estação, com equipamentos muito mais avançados, mas cada passo dado lá fora ainda carrega a coragem de pioneiros como Ed White.
Ed White não apenas flutuou pelo espaço — ele abriu o caminho para a humanidade chegar mais longe. E mesmo 60 anos depois, sua frase continua ecoando entre as estrelas: "Esse é o momento mais triste da minha vida", disse ele ao deixar o espaço e voltar para a Terra.