É grande o orgulho de ocupar este espaço para escrever - dentro das minhas limitações - sobre este tema. Os motivos que me trouxeram até aqui merecerão um outro capítulo que, talvez, venha a ser abordado em outra oportunidade. Por enquanto pretendo justificar minha participação compartilhando algumas experiências que têm me ajudado a oferecer diferenciais que pesam muito na decisão de quem contrata os serviços de webdesign.

O primeiro aspecto a ser considerado é o ponto de vista de quem define um webdesigner. Há pelo menos dois: o de quem presta este tipo de serviço e o de quem o contrata. O segundo aspecto é a definição do que pode ser chamado de "profissão", e, mais particularmente, de "webdesigner" como profissão. Neste sentido, encontramos material de sobra na internet, mas nem todo mundo se dá ao trabalho de procurar informação a respeito. Um dos endereços onde se pode encontrar leitura interessante é o da página assinada por Henrique Costa Pereira no site Revolução.etc, especialmente porque agrega comentários diversos de muitos de seus leitores.

Ao ter a oportunidade de assinar esta coluna, eu disse que gostaria de mostrar o lado menos conhecido - ou menos considerado - deste cenário: o ponto de vista do cliente, aquele que nos contrata e remunera. Pois, apesar de sua posição supostamente superior, é ele que, por falta de conhecimento técnico e prático sobre o assunto, costuma ficar em desvantagem.

Enquanto os profissionais (por enquanto vamos chamá-los assim) procuram definir sua "profissão" com base em suas atividades e se valorizam pelo conhecimento técnico que detêm, os resultados produzidos nem sempre correspondem às expectativas dos clientes, quase nunca se estendem aos limites da responsabilidade que - muitas vezes sem que saibam - lhes pesa sobre os ombros. E nisto os dois lados têm sua culpa.

A internet, definida como "a principal das novas tecnologias de informação e comunicação", se popularizou e se tornou conhecida como uma nova opção de mídia, permitindo a publicação de websites cada vez mais sofisticados, substituindo com muitas vantagens as alternativas de rádio, televisão e veículos impressos. Com muito mais espaço para as informações, e aceitando recursos de áudio, vídeo, imagens fixas e dinâmicas, interatividade e abrangência, transformou-se num veículo de publicidade altamente poderoso e econômico, e com uma velocidade impressionante. Até aí, nenhuma novidade. Mas, apesar de óbvio, pouca gente se lembra disto. E, pior, do que isso provocou (Veja a história da Internet).

Enquanto nas outras mídias exige-se formação acadêmica específica em Jornalismo, Letras, Publicidade e Marketing, etc, na internet ainda vale quase tudo. Não há exigências rígidas. Daí o surgimento de termos pejorativos, como "sobrinho" e "faz-tudo". Indo mais além, quando falamos de sistemas web, não é incomum considerarmos a contratação de um webdesigner em vez de um Coordenador de Projetos ou, pelo menos, um Analista de Sistemas e Métodos. E ainda que um webdesigner tenha conhecimento técnico suficiente para transformar necessidades em soluções, estas podem não corresponder ao que o cliente espera, pois não há, via de regra, quem as especifique de maneira satisfatória. Ou seja, ninguém se lembra do profissional que poderia servir como intérprete das partes e reescrever em linguagem técnica o que lhe é transmitido em linguagem cotidiana pelo cliente. Aliás, poucos são aqueles que se lembram que a documentação é fundamental!

Pois bem, o que encontramos na internet não obedece a um padrão de qualidade. Infelizmente, deparamo-nos com alguns sites que nos deixam com os cabelos em pé, uma verdadeira armadilha para as empresas, algumas muito bem conceituadas, apenas porque não há o cuidado de se levar em conta os fatores que são típicos de outras profissões, umas tradicionalmente ligadas às mídias convencionais, outras, à velha ciência da informação, mais conhecida como Informática.

Os websites são veículos essencialmente visuais, mas nem por isso podem desprezar a qualidade dos textos, por exemplo.

O mais grave, porém, é a falta de comprometimento dos "profissionais" (destaque para as aspas). No afã de economizar alguns trocados, muitas empresas preferem contratar conhecidos, ou "sobrinhos" (que me perdoem os verdadeiros profissionais), aqueles que por não estarem estabelecidos, regulamentados e capacitados cobram o equivalente à mesada que ainda recebem de seus pais para realizar suas "obras". Quando dão por concluído o trabalho - isto é, uma vez publicado o site encomendado - e com o dinheiro garantido, simplesmente desaparecem, deixando o cliente sem nenhuma informação ou documentação que permita ou facilite o acesso aos arquivos, às facilidades oferecidas pelo servidor hospedeiro e ao registro do domínio.

Embora esta visão pareça antipática e preconceituosa, esta é a realidade que me tem sido mostrada principalmente quando atendo clientes de pequeno porte, desesperados com os problemas que enfrentam com seus sites.

Com o tempo, as coisas tendem a ocupar seus devidos lugares, ou, em linguajar corriqueiro, cada macaco ocupará seu próprio galho, definindo melhor a profissão de webdesigner. Cada um de nós é responsável por este processo. Até que essa definição seja concluída, devemos tratar nossos clientes com o respeito que merecem e dar a eles o conhecimento que precisam, através de uma documentação bem feita. Ou seja, quando você for contratado para construir um site, tenha em mente que isto envolve muito mais do que a confecção de páginas eletrônicas. Seu cliente espera que você seja capaz de interpretar e organizar suas necessidades, como um analista de O&M; que especifique as soluções adequadas, como um analista de sistemas; que desenhe a campanha de divulgação e considere seu público-alvo, como um publicitário; que escreva com a propriedade de um jornalista; que construa um site agradável e atraente, com o bom gosto de um arquiteto; e que utilize as ferramentas certas para torná-lo leve e interativo, porque afinal de contas você é um webdesigner! De quebra, você pode mostrar a ele que se preocupa com os direitos dele em relação ao hospedeiro e ao registro, agindo como um bom advogado, documentando tudo, desde o contrato que ele assina com você.

Quem disse que seria fácil?