A indústria de celulares está sempre se reiventando para trazer melhorias para seus dispositivos. E não é por um acaso. Muitas, à propósito, já estão incluindo em seus aparelhos as famosas baterias silício carbono. Algo que deixou de ser uma promessa para se tornar realidade. Não é exagero dizer que essa tecnologia pode redefinir o que entendemos por autonomia e eficiência energética.

Mas afinal de contas, você já se perguntou como funciona esse tipo de bateria? Como que ela consegue armazenar mais energia sem precisar comprometer tanto o seu tamanho? A seguir, detalharemos o que está por trás de tudo, incluindo a forma como funciona e quais empresas já estão aderindo à novidade.

Como funciona?

O motivo é simples: o grafite, material usado há décadas nas baterias presentes na maioria dos celulares atuais, está chegando ao seu limite. O silício, por outro lado, tem capacidade de armazenar até dez vezes mais carga. Mas não é só isso. Quando combinado com carbono, ganha estabilidade e durabilidade. E tal combinação foi necessário, pois uma acaba complementando a outra.

Quando comprovada a eficácia das baterias de silício-carbono, empresas como Tesla, CATL e Sila Nanotechnologies começaram a investir à todo o vapor. Se foi uma sábia decisão? Só o tempo dirá. Em todo caso, a eficácia sobre as outras tecnologias de bateria é muito significativa. Em testes, baterias com silício-carbono mostraram aumento de até 40% na densidade energética. Mas afinal de contas, como tudo isso funciona?

Na prática, o silício entra no lugar do grafite, mas precisa ser combinado com carbono a fim de evitar que se expanda demais e quebre, como ocorreu em testes no passado. Na verdade, o carbono funciona como uma "capa flexível", pois permite que o silício se expanda e contraia sem comprometer a estrutura da bateria. Além disso, o carbono melhora a condutividade elétrica, o que significa carregamento mais rápido.

Vantagens

Carregamento mais rápido?

O Motorola Edge 60 Pro é um dos primeiros celulares do Brasil a contar com bateria de silício.

Quem nunca se deparou com o celular sem bateria em um momento de pressa onde não havia tempo para carregar o celular? Hoje, já contamos com tecnologia de carregamento rápido. Porém, a nova tecnologia de baterias promete reduzir significativamente o tempo de recarga, graças ao uso do silício, que possui a capacidade de absorver uma grande quantidade de energia em menos tempo.

A vantagem de tudo isso é clara. Por não precisar carregar um eletrônico por mais vezes, a vida útil será bem maior. No entanto, as empresas podem também reduzir a potência dos carregadores ao longo dos anos para cortar gastos, uma vez que já não será necessário um carregador de 120W para elevar o nível da bateria de 0% a 100% em poucos minutos.

A Motorola, por exemplo diminuiu a velocidade de carregamento do Edge 60 Pro para 90W, frente aos 125W do seu antecessor.

Aumento da capacidade sem aumentar o tamanho

Vivo X200 Pro mini é um celular compacto que possui uma mega bateria de 5700mAh

A tecnologia de bateria de silício-carbono (também conhecida pela sigla Si/C) consegue armazenar uma grande capacidade de miliamperagem sem comprometer as dimensões físicas do seu smartphone, ou seja, o que antes parecia ser impossível colocar uma bateria de 5.000mAh ou mais em um dispositivo compacto agora torna-se realidade. Usemos como exemplo o novo lançamento compacto da Vivo, o X200 Pro Mini.

Ele é um smartphone que possui 6,3" de tela e um tamanho físico muito próximo ao de aparelhos como Galaxy S24 e iPhone 16 Pro, a empresa conseguiu alocar nele uma bateria do tipo Si/C com uma capacidade típica de nada mais nada menos que 5.700mAh. Com isso, ele atualmente é o compacto que possui maior autonomia de bateria da atualidade. Para vocês terem ideia, o Honor Magic 5 Pro em sua variante chinesa (primeiro celular a contar com baterias do tipo Si/C) possui uma bateria de 5.450mAh.

Melhor autonomia para uma rotina diária intensa

As baterias de silício-carbono garantem autonomia boa mesmo em dias de uso intenso

Sabe aquela sensação desagradável de você ter um smartphone e ter que se preocupar se ele vai conseguir segurar a carga por muito tempo ao sair de casa? Pois bem, isso está com os dias contados.

Graças a essa nova tecnologia Si/C, o seu celular será capaz de segurar muito mais energia do que um dispositivo que conta com bateria de íons de lítio. Além disso, a vida útil da bateria também é superior e com o passar dos anos o desgaste sofrido por ela será bem menor que uma bateria convencional.

Mesmo em temperaturas extremas, mantém a carga

As baterias de Si/C conseguem manter a carga do aparelho mesmo em temperaturas abaixo de zero.

Geralmente quando estamos em ambientes muito frios ou muito quentes as baterias de íon de lítio acabam tendo uma autonomia prejudicada. Porém com as novas baterias de silício-carbono a autonomia permanece estável mesmo se você estiver em um ambiente que a temperatura esteja abaixo de zero.

Imagine que você esteja saindo do Brasil no inverno e vai fazer uma viagem para Santiago (Chile) onde costuma nevar bastante nessa época. A descarga da bateria de silício-carbono vai permanecer praticamente o mesmo de quando você estava no Brasil.

Novidade já está entre nós

Engana-se quem pensa que não existem celulares com bateria de silício-carbono em circulação no mercado. Fabricantes de celulares também já entraram na corrida. A Samsung, por exemplo, vem testando baterias com silício-carbono em seus modelos topo de linha, com foco em maior autonomia e carregamento rápido. No entanto, tudo indica que a tecnologia ainda não estará presente na série Galaxy S26 do próximo ano.

A Xiaomi e a Oppo não ficaram para trás. Ambas, aliás, anunciaram protótipos com a nova tecnologia, prometendo até 30% a mais de duração em comparação com as baterias convencionais. E como falado acima, a Motorola já vende celulares com tal bateria, como o Motorola Edge 60 Pro, que impressina com sua super bateria de 6.000 mAh e 8,2 mm de espessura.

A expectativa é que, nos próximos dois anos, modelos com baterias silício-carbono comecem a dominar o mercado. Uma delas, a Realme, está revelou recentemente um conceito de um celular com bateria de silício que tem 10.000 mAh de capacidade em um corpo de apenas 8.2 mm de espessura. Curiosamente, a marca não só manteve a finura do aparelho como também um peso mais leve, que atinge pouco mais de 200 gramas.

Celular realme GT conceito de 10000mAh.

Como será daqui em diante?

Quem acompanha tecnologia sabe muito bem que quando algo começa a ser adotado por diferentes setores ao mesmo tempo, é sinal de que veio para ficar. E que fique! Sim, as baterias de silício-carbono não são mais promessas para o futuro. E como não poderia deixar de dizer, seria ótimo estar presente em celulares topo de linha, cujos processadores usam mais energia para mostrar todo o seu poder.