Nos últimos anos, a inteligência artificial deixou de ser só uma ferramenta de produtividade para virar também uma arma poderosa nas mãos de cibercriminosos. Durante um evento da NETSCOUT, especialistas em segurança digital revelaram como a IA está mudando o jeito que os golpes acontecem e por que isso é uma ameaça real para empresas e pessoas comuns nos dias atuais.
IA nas mãos erradas vira uma arma poderosa

O que antes exigia conhecimento técnico agora pode ser feito por qualquer pessoa com más intenções. Segundo Kleber Carriello, engenheiro da NETSCOUT no Brasil, a inteligência artificial está ajudando até quem não entende nada de tecnologia a aplicar golpes virtuais.
Não é mais preciso ser um hacker experiente. A IA assume o papel técnico, desde a criação de e-mails falsos extremamente convincentes até a simulação de comportamentos que imitam usuários reais, tudo para enganar sistemas de segurança. Na prática, os ataques ficaram mais fáceis de executar e muito mais difíceis de identificar.
Com isso, os criminosos deixaram de mirar apenas os sistemas automatizados e passaram a focar diretamente nas pessoas, principalmente funcionários com acesso a dados sensíveis. É aí que entra a engenharia social: uma técnica de manipulação que convence a vítima a entregar senhas, acessos ou informações sigilosas sem perceber.
Durante o evento, a NETSCOUT revelou um exemplo alarmante: criminosos recrutando gerentes de banco pelo Telegram e oferecendo até R$ 30 milhões em troca de senhas internas ou brechas nos sistemas. O ataque é direto, sem rodeios, e prova que qualquer pessoa pode ser alvo, inclusive você.
Golpes por assinatura: ransomware também virou negócio
Outro ponto preocupante é a popularização do modelo conhecido como ransomware como serviço. Hoje, qualquer criminoso pode pagar por um ataque pronto, escolher o alvo e colocar tudo em prática com apenas alguns cliques. Funciona como um aluguel de golpe, e os mais avançados chegam a cobrar até por hora de operação.
De acordo com a NETSCOUT, esse tipo de ataque cresceu justamente porque se tornou mais acessível. A recomendação é que as empresas fiquem atentas a qualquer comportamento fora do padrão: acessos em horários incomuns, envio anormal de dados e até perfis que parecem "legítimos demais" podem ser indícios de uma invasão.
Para Geraldo Guazzelli, diretor da NETSCOUT Brasil, não existe sistema 100% seguro, mas investir em prevenção é o caminho mais inteligente. Monitoramento em tempo real e colaboração entre empresas, com troca constante de informações sobre ataques, são estratégias que ajudam a evitar que o mesmo golpe se espalhe por diferentes setores.